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O Henrique mandou mensagem pra Amanda, dizendo que já estava na porta pra levá-los até o ponto. Eu terminei arrumar a caixa com ela e saímos de lá, enquanto ela ia se despedindo da minha família e pegando as coisas do Léo e ele, eu saí, indo ao encontro do Novo.

— Caixa é essa, garota? — ele falou rindo a beça.

— Levar lá pra minha sogra. — falei simples.

— Ih, sogra? Tá com sogra tu e eu não to sabendo? — já veio na minha direção segurar a caixa.

— Sabe que é jeito de falar. — fiz careta, depois de entregar a caixa pra ele. — Aqui... — enfiei a mão entre os seios, pegando a chave do carro.

— Cheio de gente passando na rua, Manuela. Quer me dar peitinho aqui? — falou sério e eu não me aguentei.

— Deixa de ser idiota, Henrique. Toma aqui. — entreguei pra ele. — Leva sua irmã e seu sobrinho lá.

— Que isso, cara? — me olhava sem entender. — Ela panhava um uber lá embaixo. Precisa disso não.

— Ih, que uber o quê?! — falei séria. — Léo tá dormindo, ela tem um monte de coisa pra levar. Toma! — botei o chaveiro em cima da caixa.

— Tu é muito teimosa. — revirei os olhos e já ia virar, pra voltar pro salão. — E pra mim, tem nada não?

— Eu já separei o seu, pega lá em casa quando voltar. — respondi simples.

— Tô falando disso não, po. Me deu nem um beijinho, já jogou a caixa em cima de mim, foda-se. Carrega lá, motorista. — falava sério, cheio de charme.

— Quem vê, até pensa. — voltei até ele e dei um selinho demorado. — Tá bom assim?

— Tá não, quero mais. Só que como, devido ao horário e lugar, tá maneiro esse selin aí.

— Eu te dou muita confiança mesmo. — dei risada e virei sentido à porta do salão.

— Aqui! — chamou minha atenção e jogou o chaveiro dele em seguida. — Se tu precisar usar. Só não cai, que essa porra é cara pra arrumar, hein.

— Eu sou barata pra arrumar? — peguei o chaveiro no ar e ele riu.

— Tu eu dou uns beijinhos pra sarar. — dei dedo pra ele e cada um seguiu pra um lado.

Enquanto eu voltava, a Amanda vinha com o Léo no colo. Parei com ela, dei um beijinho nas costas dele, arrumei a blusa e dei um beijo na bochecha dela.

— Voltem mais, tá? — falei sorrindo.

— Voltamos sim. E você também, vai lá. Vê se convence o Juninho a ir também, minha avó sente mó falta dele, mas ele é muito cabeção.

— Pode deixar, cunha. Logo menos a gente aparece lá. Se cuidem! — ela foi em direção ao carro e eu fiquei em pé na porta olhando. Até ser interrompida.

— Qual foi, Manuela? Tô entendendo nenhuma sua. — Rogério veio cheio de marra pro meu lado e eu só o encarei com cara de nojo.

— Tá com o demônio da perturbação hoje, hein?! Para de beber, cara. Que chatice. — eu ia entrando, passando por ele, quando segurou no meu braço e eu dei um solavanco pra soltar. — Porra, me solta, que chatice, toda hora quer ficar me encostando, necessidade de contato, que saco!

— Eu quero falar com você, porra! — se exaltou.

Todo mundo, no caso, nossas famílias e os amigos dele, que ainda estavam no salão, já estavam nos olhando.

— Que que é, cara? Assunto pra caralho. — bufei. — Fala, fala logo.

— Qual é a tua ideia, irmão? Destratou minha mãe na frente da tua amiga por quê? — broncou legal.

— Eu destratei sua mãe? — ri debochada e ele ficou mais puto. — Chama ela aqui, quero saber em que momento eu destratei ela.

— Mãe, vem cá! — ele chamou e não é que a bonitona veio. — Dá teu papo aí.

Até então, eu tava levando numa boa tudo, sabe? Eu nunca tinha faltado com respeito a dona Joelma, só não falava mais como antes, não tratava como sogra, mas sempre fui muito educada. Mas porra, querer criar climinha? É demais. A velha tava chorando, cara, chorando.

— O que aconteceu, dona Joelma? — perguntei séria. — Em que momento eu destratei a senhora?

— Na hora que eu fui buscar a lembrancinha pra minha irmã lá dentro.

— Tá de sacanagem, né? — eu debochei.

— Fala direito com a minha mãe, porra! — ele se meteu.

— Vocês são mãe e filho mesmo, né? Dois fingidos. — respirei fundo. — Eu não tratei a senhora mal em momento algum, só falei que aquela lembrancinha lá era da minha sogra, e que a senhora podia ver se tinha alguma pra sua irmã aqui nas mesas. Isso é tratar mal? E se for a respeito da senhora me perguntando o que era minha, eu não falei nenhuma mentira. A senhora foi minha sogra, não é mais. É a avós dos meus filhos, muito bem, obrigada. Acabou o show de vocês? — ela não me respondeu mais nada.

— Qual foi, tu quis fazer gracinha na frente da garota pra impressionar macho que eu to ligado, Manuela. Não quero tu destratando minha mãe não, tá maluca você. Maluca!

— Quer saber de uma coisa, Rogério? — ele soltou a fera, agora que sustente. — Vai pra casa do caralho tu, sua mãe e essa tua marrinha ai. Na hora de enfiar Jaqueline na casa dela pra mona não apanhar de mim, ela enfiou sem chorar. Na hora de falar no salão, que eu te traí primeiro e que você só me deu troco, ela falou sem chorar também. E você, na hora de fazer graça na rua, pegando essas mulher cheia de doença, tu pega, depois vem chorar, dizendo que me ama e que isso e que quer família. Vocês são dois cínicos, vai pra puta que pariu você, tua mãe, tuas mulher, esse choro fingindo de vocês, tudo. SOME DAQUI, SOME DA MINHA VIDA E SE VOCÊ APARECER NA PORRA DO PORTÃO DA MINHA CASA PRA FICAR CHORANDO E PEDINDO PRA VOLTAR, EU VOU BOTAR FOGO NESSA TUA CARA!!!!!! — eu me exaltei legal. Perdi a linha.

Minha mãe estava me vendo, meus filhos e meus afilhados também, mas eu já não aguentava mais segurar tudo na plenitude. Eles mexeram, mexeram e mexeram, não tenho sangue da barata. Amadureci, mas não fiquei podre não. Isso é Manuela pra caralho.

Ele veio com os olhos em brasa pra perto de mim, com toda certeza do mundo, tava segurando choro de ódio, tava querendo me esgoelar ali. Ele fez um movimento como se fosse segurar em mim, mas o Renan logo gritou.

— Ou! Ou! Encosta nele não, irmão. Seus filhos estão aqui...

Valeu, Renan. Muito obrigada. Foi a voz da experiência, igual aqueles anjos de filme, quando abre aquele clarão no céu.

— Vamo embora dessa porra, então. Antes que eu saia da lógica.

Ele saiu andando sem rumo pra fora do salão e o pessoal foi seguindo ele. Eu fui direto pro quartinho pegar as coisas, e em menos de 5 minutos, minha mãe, Angélica e Rafa chegaram lá.

— Isso é pra vocês verem o nojento que o Rogério é. A asquerosa que a Joelma é. — falei antes que elas pudessem dizer algo. — Depois, vocês acham que eu tô pegando pesado demais, que eu tô sendo radical. Que ódio!! — encostei na parede, respirando fundo.

— Calma, filha. Calma!

— Ai mãe, como ficar calma? Fez eu xingar e gritar na frente dos meus filhos. Falando nisso, cadê eles? Tenho que ir lá pedir desculpas.

— Jordão foi com eles na parte dos brinquedos ali, o dono liberou pra eles sairem do meio da confusão.

— Eu vou lá.

— Tá bem! Essas coisas aqui vão todas pra sua casa? — concordei. — Tá bom, nós vamos levando pro carro.

— Obrigada. E me desculpem também. Amo vocês!

META
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