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Sabe a sensação de que o lugar todo olha pra você? Pois é, senti como se mil olhos me olhassem, como se todas as câmeras focassem em mim. Por sorte, fui salva pelos meus filhos.

— É isso aí, papai. — Nanda gritou, chegando perto da rede grade e balançando a mesma.

— Você é o melhor! — Nathan gritou pra ele.

O Rogério dedicou o gol pras crianças, mas olhou pra mim e a Rafa beliscou minha perna na hora. Eu fiz a doida, sempre faço.

— Ele é um gostoso mesmo, né? Falou que ia fazer e fez. — a bonitona falou alto, ou melhor, ela gritou pra todo mundo ouvir.

Eu nem me dei o trabalho de olhar, continuei pedindo as explicações pro Henrique, que também estava nem ai. E se não estava, fingia muito bem.

Pouco tempo depois, o Jaca chegou com a namoradinha nova dele, apresentou pra gente e ele jogaria no próximo confronto. Ou seja, ninguém jogava no mesmo time, e em algum momento, eles iriam se enfrentar.

Jaca ficou gastando a onda com o Novo, tentando entrar na mente dele, enfim, fazendo a graça que o Jaca sabe fazer. Eu fico muito feliz com o fato deles se darem bem, apesar de não sermos mais tão grudados, o Gustavo é o meu melhor amigo e é importante pra mim que ele goste de quem está comigo.

Enquanto o terceiro jogo não começava, os meninos maiores foram jogar bola. Gabriel fez um sinal pra Angel, que permitiu que ele fosse.

— Caralho. — Jaca falou, olhando pro campo.

— Esse moleque é bola, né? — Gustavo falou. — Levar pra fazer teste no Vascão.

— Que Vascão, tá maluco Novo? Bagulho é Flamengo, porra. — Henrique respondeu.

— Já falei com a Angel, po. — Esqueleto falou no automático e ficou tímido em seguida.

— Ih, tá rolando aí? — Jaca gastou a onda. — Não posso ficar afastado que fico sem saber das fofocas, na moral. Faço gosto po.

— Cala a boca, Gustavo. — eu falei rindo e ele negou com a cabeça.

O dia em si foi tranquilo, as crianças deram a vida, o pai deu um monte de salgado que não sabe a procedência, toda hora eles vinham com um. Henrique encheu o rabo deles de guaravita, enfim, se fizeram.

O penúltimo jogo ia começar, a final seria o time do Henrique contra o time do Rogério. E eu já tava prevendo a merda que poderia acontecer.

— Pode ficar tranquila, Manuela. Jogamos na mesma posição em times diferentes, poucas são as chances de bater de frente. — me deu um selinho.

— Não entendo nada, mas se tiver eu descer daqui pra fazer barraco, eu vou saber a hora.

— Não será preciso. — piscou e desceu, indo pro vestiário.

Confesso que fiquei com medo, afinal, os ânimos ficam exaltados e eu não preciso entender muito pra saber. O primeiro tempo foi até bem tranquilo, o time do Rogério fez um gol e o Henrique estava puto, sim, o Henrique fica puto também.

O segundo tempo, começou com um gol dele e depois, o Esqueleto fez mais um, virando o placar. Do nada, começou uma briga lá dentro, não briga de porrada, mas eram os times cobrando o juiz. As crianças subiram e sentaram perto de nós, até eles sentiram o clima pesar.

— Meu pai e tio Rick vão brigar, mãe? — Nathan perguntou cabisbaixo.

— Eu espero que não, filho.

— Se brigarem, eu não sei de que lado ficar.

— Ô filho, deixa a mãe te explicar uma coisa... Eles são adultos, eles já conseguem resolver os problemas deles, tá? Você não precisa ficar de lado nenhum. Você ama o seu pai e gosta do tio Rick, certo? — concordou com a cabeça. — Então, não precisa ficar do lado de ninguém, eles resolvem pra lá, tá bom?

— Tá bom, mãe. Acho que entendi. — voltou a olhar pro campo.

Eu não podia mostrar desespero, mas que eu queria saber o que tinha rolado, eu queria. Jacaré tinha ido ver a fofoca, mas ainda não tinha voltado.

— Se esse moleque encostar no meu homem vai dar merda. — Jaqueline levantou e começou a gritar em direção ao campo.

Eu não podia brigar na frente dos meus filhos. Do mesmo jeito que eu pedi pra que o Rogério não os expusesse às loucuras dele, eu deveria fazer o mesmo. Então, respirei fundo umas 20 vezes, mas não respondi o que queria.

— É a tia Jaqueline ali, né? — Nathan falou simples.

— Não sei tia qual, Nathan. — Nanda respondeu. — Você conhece tia diferente da minha.

Fingi não estar dando atenção pra discussão deles e confesso que fiquei incomodada com esse elo entre o Nathan e ela, mesmo que a fala da Nanda me mostre que eles não são tão íntimos assim.

Nisso, os ânimos aparentemente se acalmaram e o jogo voltou. O time do Henrique ganhando, e o Rogério visivelmente nervoso, errando todas as vezes que encostada na bola, até que através de um vacilo dele, os meninos iniciaram uma jogada, Esqueleto cruzou pro Rick e... Gol.

Daí pra lá, a merda tava feita. Começou uma briga lá dentro, juiz saiu até do campo, encerrou o jogo e o time do Henrique foi campeão. Já passava das 17h, o povo todo bêbado, a Jaqueline fazendo escândalo, enfim...

As crianças corriam dentro do campo, e eu já tinha descido da arquibancada, tava esperando o Henrique sair, ou sei lá, pegar as coisas comigo pra ficar. Quando a Jaqueline passou por mim, e sem querer ou não, derrubou cerveja no meu chinelo.

— Tô deixando passar essas tuas gracinhas, porque tô na frente dos meus filhos, mas você anda bem atenta, sua vagabunda. Na hora que eu te pegar, não tem quem me tire. — falei séria, sem gritar.

— Tá com ciúme do Kid? — falou em tom de deboche, com um sorrisinho ridículo na cara. — Seu namorado vai adorar saber.

— Eu quero que você e o Rogério entrem um no cu do outro e se explodam, po. Se você se garantisse mermo nessa tua boceta aí, não precisava ficar me provocando não. Vai viver, mona. Faz que nem eu faço com vocês, po. Finge que eu não existo. — virei as costas e o Henrique estava vindo na minha direção, só que dentro do campo.

— Qual foi, Manuela? — encostou o rosto na grade pra me dar um selinho e eu dei.

— Essa vagabunda, toda vez que me vê, quer entornar alguma coisa em mim. Até a hora que eu arrebentar a cara dela. — falei puta e ele rindo de mim. — Ela só me pegou em dia ok, um que eu tava indo sentar pra você a primeira vez, e hoje que meus filhos estão aqui, mas o dia que ela me pegar atravessada, vou acabar com a vida dela.

— Eita! — deu risada. — E hoje, tu vai sentar pra mim também? — falou baixo. — Esquece essa doida e entra aqui, vem tirar foto comigo e com o troféu.

META
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