MANUELA
Depois de muito pensar, acabei aceitando. Afinal, nada tenho pra fazer, né? E se o Rogério tá com as crianças hoje, duvido que ele apareça por lá. Então, respondi minha irmãzinha e fui procurar algo pra vestir.
Mais tarde, por volta de 1h da manhã, eu subi toda linda. Senti como se meu espírito de adolescente rebelde estivesse voltando a aparecer, como se o gostinho de adrenalina estivesse voltando à minha boca.
Já cheguei e encontrei com a Rafa, cumprimentei os meninos e fomos pro reservado. Como não tinha nada demais nas atrações, o baile não estava tão cheio, então, dava pra ver tudo muito bem e com isso, eu via as pessoas cochichando e me olhando, mas não dá em nada não. Eles queriam o quê? Eu to viva, porra! E vivendo muito bem...
Não sou muito da turma da vodka, mas hoje até que esse combinho desceu legal.
O baile tava gostosinho demais. Eu tinha esquecido real de onde eu estava, quem eu era e quem era meu ex, mas sabia que qualquer pisada minha ia ser passada pro Rogério. Porém, é aquele velho ditado: foda-se.
Fui ao banheiro com a Rafa e na volta, vi o Henrique na ronda. Como eu já estava um pouco alterada, fui na direção dele.
— Qual que é a tua, Novo?
— Ih, ih... Que isso?! — ele abriu um sorrisão ao meu ver, mas logo fechou.
— Tá negando voz você? — imitei ele. — Olha pra mim, levanta esse boné aí. — meti a mão no boné dele e ele me travou no mesmo instante, porém, pude ver um machucado próximo ao seu rosto. — No que você se meteu?
Eu falava com ele como se nos conhecêssemos de outros carnavais, de um outras épocas.
— Foi nada não. — deu de ombros. — Posso marcar muito aqui não, tô de plantão.
— Claro que foi algo. — cruzei os braços. — Além de não me responder mais, agora vai mentir?
— Tô sem telefone, po. Deu ruim lá... — ele ia falar mais alguma coisa, porém, um outro soldado o interrompeu.
— Bora, Novin. Bora! Vamo continuar a ronda. Tu não aprende, po... Sabe que essa aí não pode. — o cara saiu puxando ele pelo braço e eu fiquei lá, em pé, olhando ele ir embora com os moleques.
Depois de ouvir o que o outro soldado havia dito, tudo começou a fazer sentido na minha cabeça.
Voltei pro reservado e minha onda foi cortada na hora. Meu baile tinha chegado ao fim mais cedo do que eu esperava.
— Renan! — cerquei ele. — O que vocês fizeram com o Novinho?
— Que? — fez o maluco.
— Fala, desenrola isso logo.
— Né papo teu não, comadre. Foi cobrado porque estava no erro... — falou simples.
— Que erro? O que ele fez?
— Desobedeceu um dos mandamentos mais importantes do comando.
— E qual é ele? — eu já estava de braços cruzados, batendo o pé e os caralho.
— Cobiçou a mulher do próximo, ué.
— O QUE? — o tempo fechou e a Rafa nos aproximou de nós. — Vocês só podem estar de brincadeira, só podem. Assim que terminar essa porra aqui, vou direto no superior de vocês. Direto!
— Calma, irmã. — Rafaella tentou me acalmar.
— É o certo pelo certo, comadre. — Renan nem se abalava.
— Engraçado que não foi o certo pelo certo quando teu amigo me socou o chifre, né? Engraçadão. Vocês são todos os bobos, machistas, acham que mulher é propriedade. Mas se esqueceram quem eu sou, to dormindo, mas não to morta não. — bati no peito. — Rogério tá fodido comigo. FODIDO! — gritei a última parte. — Tudo que eu não infernizei a vida dele nesses anos, eu vou infernizar agora.
Saí de perto deles sem me despedir e fui direto na toca que os meninos costumavam ficar em dia de baile. Sem estresse! Assim como eles, eu sou cria dessa porra, não sou criada não.
META
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DONA DE MIM 💋
Teen Fiction(2017/2022) ⚠️ PLÁGIO É CRIME! ⚠️ Minha vida nunca foi exemplo, e nem quero que seja. Saio a hora que quero e volto a hora que acho que devo. Nunca dei satisfações pra ninguém além da minha mãe, e nem pretendo dar. Você acha que tá ruim? Eu só lame...