DIAS DEPOIS
MANUELA
Depois do show do Rogério na frente da casa da mãe dele, eu o bloqueei no WhatsApp e agora ele só fala comigo por ligação, quando eu quero atender.
Sempre disse que não iria impedi-lo do convívio com os filhos, mas também não quero que meus filhos sejam usados como objetos de conquista dele. Não quero que as crianças estejam em contato com uma mulher diferente a cada 15 dias.
Antes das palhaçadas dele, eu não ligava, até porque isso não vai mudar em nada a educação que eu, minha mãe e o Jordão damos à eles. Mas agora, o quanto eu puder complicar, eu vou.
Falando na minha mãe e no meu padrasto, eles já estão cientes de que na minha ausência, o Rogério não pega os meninos, que eu não o quero no portão da escola e se ele ousar em fazer graça, é pra chamar o Fidel. Eu cansei de ser boazinha.
Hoje o meu dia foi completamente corrido, mas graças a Deus, amanhã é sexta e eu me dou o direito de não trabalhar, com nada. Quem me viu, quem me vê.
Cheguei no morro e fui direto pra minha mãe, fui recebida pelas crianças da melhor forma possível. Nada paga essa alegria deles em me ver, eu me sinto cada vez mais realizada, tendo mais certeza do meu papel de mãe e de forma como o exerço.
Minha mãe tava passando o café e o cheio estava maravilhoso. Dei um beijinho na cabeça dela, deixei as sacolas da padaria na mesa e ela já reclamou grandão, não perde a mania.
— Você segue sendo bagunceira. Deixa bolsa em todos os lugares. — falou rindo. — Aposto que a bolsa que você usou hoje, tá jogada no meu sofá.
— Errou, garota. Tá lá no carro... — dei língua pra ela e fui pôr a mesa.
Ficamos falando sobre os acontecimentos do dia, até que ela tocou no nome da minha ex sogra e eu já logo fechei a cara. Tomei pavor!
— E o que aquela velha foi fazer lá?
— Olha o respeito com a mãe dos outros, Manuela. — falou brava e continuou o assunto. — Queria me convencer a te convencer a deixar as crianças irem pra lá amanhã, mesmo não sendo o final de semana do Rogério. Disse que está com saudades.
— Eu também sou mãe dos outros e ela, nem o filho me respeitaram, mas tá. Por que ela não veio falar diretamente comigo?
— Ah, tu me pergunta um negócio desses? — riu e negou com a cabeça. — Ela sabe que você não quer ver nenhum deles, ué.
— Por essas e outras que eu quebro o pau mesmo. — dei de ombros. — Vou fingir que a senhora nem falou nada.
Saí da cozinha, botei as crianças pra dentro e cada um foi lavando a mão e indo sentar pra tomar café. Quem vê, até pensa que são esse anjos de candura. Ai ai!
Depois que todos terminaram de comer, eu estava sentada na varandinha e sabe quando o tempo tá gostoso? Quando ele implora pra você dar um rolé e tomar uma cervejinha? Pois é, hoje tá assim.
Chamei minha mãe, mas ela não vai mesmo. Tá afim de mofar dentro de casa, mas, Angélica não nega uma cervejinha e uma torresmo comigo, então, na mesma hora aceitou e fomos com nossas crias.
Aqui no morro tem um bar que vende o melhor torresmo do mundo, eu e a Angélica quase sempre estamos por aqui, Rafa vem às vezes quando chamo, muito raro.
O melhor desse bar é que ele fica de frente pra pracinha nova, então, dá pra ficar com um olho no padre e o outro na missa. Tudo perfeito pra todos!
Pedi uma mesa na calçada, um litrão de Antártica, porção de torresmo e uma coca de 2l. As crianças nem quiseram esperar, aproveitaram que a praça estava vazia e foram viver. Enquanto eu degustava minha belíssima cerveja com a Angel, falamos sobre muitas coisas da vida, ela contou algumas histórias do casamento dela no interior, enfim... Ela é literalmente a minha irmã mais velha.
— Hm. — bebeu um gole do copo. — Não olha não, mas o Rogério acabou de parar a moto com uma mona na garupa.
— Porra! — neguei com a cabeça. — E nem é sexta-feira 13.
Tentei fingir que nada aconteceu, mas ele foi direto nas crianças e elas fizeram festa ao vê-lo. Eu permaneci olhando de longe, a mona que ele estava não se aproximou, mas eu tinha certeza que não era a última que "conheci".
Um tempinho depois, Nathan e Fernanda vieram na minha direção e começaram a pedir pra ir pra casa do pai. Ele não se atreveu a vir, mas ficou parados de braços cruzados, olhando pra minha cara.
— Vocês estão brincando agora, não estão? — concordaram com a cabeça. — E está ruim ficar aqui?
— Não, mãe. Tá ótimo. — Fernanda me respondeu.
— Então, depois, quando ficar ruim, eu decido se vocês podem ou não. Tudo bem?
— Tudo bem, mãe. — Nathan sorriu e saiu correndo de volta pra praça.
A feição do Rogério mudou na hora, ele quer fazer inferno usando as crianças, mas não vai conseguir. Eu tenho muito jogo de cintura, ele não vai me tirar do sério assim.
META
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DONA DE MIM 💋
Teen Fiction(2017/2022) ⚠️ PLÁGIO É CRIME! ⚠️ Minha vida nunca foi exemplo, e nem quero que seja. Saio a hora que quero e volto a hora que acho que devo. Nunca dei satisfações pra ninguém além da minha mãe, e nem pretendo dar. Você acha que tá ruim? Eu só lame...