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Encarei o telefone por mais um tempo, sem saber o que fazer, até que recebi uma chamada de vídeo.

📱 Meu Novinho 📹

"Manuela..."
"Oi Rick."
"Tá bolada comigo? Tá triste? Tá com cara de quem tá chateada..."
"Tô não, amor. Você tá bem? Tava pensando em você agora."
"Amor? Eu sou seu amor?"
"É, ué. Você sabe disso."
"Às vezes tenho medo de não ser, Manuela. Tu é muito areia pro meu caminhãozinho. Geral disse aqui, po."
"Ih... Tá bebinho mesmo." — falei rindo. — "Eles não sabem de nada não. Teu caminhão é potente, aguenta bem."
"Ô Manuela, que isso, cara. Assim eu fico tímido."
"Fica nada, Henrique. Vai lá curtir com os seus amigos, vai."
"Já curti, po. Tô esperando você vir me buscar. Tu não disse que vinha?"
"Falei pra você que se precisasse, eu iria sim. Era só me ligar."
"Tô te ligando, po. Pode vir." — abriu aquele sorrisão que me quebra as pernas.
"Já é, to indo." — me mandou beijo e eu desliguei.

FIM DA LIGAÇÃO

Liguei pra um amigo que faz o mototáxi e pedi pra ele me buscar em casa. Não deu 5 minutos e o bofe já estava lá. Fiz o pix dele, deixei o celular na sala, fechei a casa e fui só com a chave, a cara e a coragem.

Tava mais segura com a ligação dele? Tava. Mas assim, o medo de encontrar algo que me desagradasse ou despertasse meus gatilhos era muito grande.

Chegando lá, estavam os meninos do time dele, alguns antigos do movimento, que eram amigos do Rogério, na mesa do Henrique, estavam ele, o Esqueleto, o Jaca com a namorada, e mais três amigas dela. Já gelei na hora, né? Mas enfiei no medo no cu e meti de brabona mesmo, a destemida.

— Oi gente. Boa noite! — cheguei cumprimentando todo mundo de beijinho, e por último, o Henrique, que já meio com mó bicão me dando selinho.

— Tu já foi mais minha parceira, hein. — o Jaca falou. — Bebemos 2 caixas de litrão e já tá todo mundo alterado, esse moleque não para de falar de tu... — apontou pro Henrique, que estava meio que abraçado nas minhas pernas.

— Tá bêbado, né? — falei descontraída.

— Tá feliz. — uma das meninas respondeu. Ih mona, quem é tu? Eu tentei olhar normal pra ela, mas Jaca me reconhece e já logo se manifestou.

— Tudo amiga, tá ô malucona? — eu olhei pra ele.

— Falei nada, Gustavo. Você sabe que as pessoas já não gostam de mim aqui no morro, aí você ainda fica falando besteirinha. — dei dedo pra ele.

— Esse aí, cunhada. — a namorada do Jaca começou a falar, se referindo ao Henrique. — Nem se as monas dopassem ele, ele te trairia. Tu fez trabalho lindo.

— Manuela é perigosa, cês tão de bobeira. — Jaca completou e eu neguei com a cabeça. — Por isso que o mano bate cabeça aí até hoje.

Por mais que ninguém ali soubesse que antes de sermos melhores amigos, fomos "ficantes", eu fiquei tímida e cheia de ideia na mente.

— Vocês estão falando demais... — disse rindo e fazendo o Gustavo calar a boca. — Vambora, amor?

— Vamo, tô cansado. — levantou da cadeira. — Beber sentado é uma merda.

— Ainda mais duas caixas, né? — todo mundo riu.

Nos despedimos com um tchau geral, ele me deu a chave da moto, botou a mochila nas costas e me deu a mão. Olha o casalzinho adolescente aí, que lindinhos.

Subimos na moto e eu vim no pilote, ele todo se sentindo lá atrás, parece até que tá andando de limusine. Chegamos na minha casa, guardei a moto e ele foi direto pro banho, não me esperou, nada.

— Tá tudo bem aí? — perguntei na porta.

— Tá, Manuela. Só to fedendo a suor, churrasco, cerveja, tudo, não quero ficar assim do seu lado não, po. Tô bem, tô bem. — falou de um jeito engraçado.

Depois de alguns minutos, voltou pro quarto, todo bonitinho com uma samba-canção que eu tinha dado pra ele usar quando estivesse aqui.

— Agora sim, eu posso ficar perto da minha mulher. — veio deitando por cima de mim, enfiando a cabeça no meu pescoço, o que me fez arrepiar. — Tu é tão cheirosa, Manuela. Papo reto, tu tem algum contrato com cigana?

— O que, garoto? — eu gargalhei. — De onde você tirou isso?

— Os moleque na boca que fala, po. Que mulher que prende o cara assim, tem bagulho lá com cigana. Tu prende todo mundo, tu tá me fazendo querer bagulho que eu sempre achei bobeira.

— É só o meu jeitinho, tem cigana nenhuma aqui não. — falei rindo.

— Tu acha mermo que eu sou pouco pra tu?

— Eu te falei isso?

— Tu não, Manuela. Mas os outros fala, né?! Eu sou novão, sei nada da vida, soldado... E tu aí, grandona pra caralho, tem 45 empregos, vive na correria, tá ligado?

— E isso significa o quê? Que eu sou velha demais pra você? Tu acha isso?

— Eu acho que tu é perfeita pra mim. Eu que não sou pra tu, po. Que orgulho eu vou te dar sendo soldado, Manuela?

— Esse papo é pra subir patente ou pra terminar? — meti o louco.

— Nenhum dos dois. — tirou o rosto do meu pescoço e passou a me olhar nos olhos. — É só meu medo de te perder mermo, Manuela. Só isso.

Fiquei nervosa, tá? Nem consegui responder, iniciamos um beijo lento, com mãos deslizando pelo corpo, leves arranhadas nas costas. O clima foi esquentando, mas do nada, ele parou.

— Vai ficar puta se a gente deixar pra depois?

— Não, amor. — falei segurando o riso. — Tá com medo de passar mal a movimentação, né?

— Tô, Manuela. Não debocha de mim não, po.

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