Levantei, fui direto pro banheiro, chamei o dedo na garganta e botei tudo pra fora. Tomei um banho bem gelado e demorado, saí e o Rogério estava sentado na cama, me olhando, com cara de poucos amigos.
— Qual foi? Tá bem?
— Acho que tô. — disse secando o cabelo
— Acho que a gente precisa conversar, tá ligado?
— Sobre?
— Não se faz não, Manu. Por favor. — falou sério. — Sobre nós dois e a nossa relação.
— Pode falar. — amarrei a toalha na cabeça e sentei de frente p ele.
— Tu sabe que eu te amo, aliás, geral aqui do morro sabe que eu te amo, geral vê isso. Só que to percebendo que tu não confia em mim, de uns tempos pra cá, a gente só briga e eu quero um tempo disso tudo. — coçou a cabeça. — Eu faço de tudo por você e não to reclamando não. Eu tento de todas as formas te agradar, mas mesmo assim, tu me põe como errado. Tu acha que eu sou moleque? Acha que eu vou trazer mulher p nossa casa? Acha mermo que eu vou ficar com outra pessoa depois de tudo que eu fiz pra te conquistar? Tu não acredita no meu amor, então, é melhor eu ralar. Fica com esse tempo aí pra tu pensar se ainda quer mesmo viver comigo, já é? Eu te amo, nada vai mudar, mas to cansado disso.
Eu não conseguia responder, fiquei em choque de verdade. Nunca na vida eu esperava que ela fosse terminar comigo assim, na sincera, de carão. Deixei as lágrimas caírem, foda-se, né? O que é um peido pra quem já está toda cagada? Ele segurou minha mão, deu alguns beijos nela e me abraçou. Senti as lágrimas dele caírem em meu ombro também, e foi aí que eu percebi o tamanho da merda. Tomar essa atitude, deve ter sido muito difícil pra ele, sem dúvida alguma.
— Eu te amo e não quero que você vá. — disse em meio aos soluços. — Eu te amo demais, me perdoa. Eu vou tentar melhorar esse meu jeito, vou tentar valorizar mais as coisas.
— Vamos deixar o tempo dizer isso, po. — me deu um beijo na testa e saiu fora.
Depois que o Rogério saiu, eu fiz o quê? Isso mesmo, chorei e fiquei deitada no quarto, inerte. Mandei umas mensagens pra ele, mas parece que ele queria me ignorar de verdade.
Tomei dois anti-inflamatórios e apaguei. Acordei meio perdida, eram 20h. Rafaela tinha me ligado 12 vezes, minha mãe 15, e eu tinha mais mensagem que lanchonete em dia de promoção, entendi nada. Era solicitação no insta, mensagem de número desconhecido no WhatsApp e eu perdida no meio disso tudo.
Fui direto na conversa do Rogério, tudo azul e zero respostas. Deixei o celular de lado, liguei a TV, procurei qualquer coisa pra ver, e me distrai vendo.
— MANUELA! — alguém gritou do portão. Pensei mil vezes antes de levantar, mas chamou outra vez.
— Oi. — olhei e era o Jacaré. — Entra ai. — joguei a chave na varanda e voltei pra cama.
— Que isso, cara? — disse ele ao me ver jogada.
— Sou eu, po.
— Tá de caô. — sentou e deixou as paradas dele na mesinha. — Ou, quero te pedir desculpas por ontem, nem sabia que a Carina era ex do Kid.
— Tudo bem. Quero pedir desculpas também, não podia ter agido assim com você.
— Tá no teu direito, é a tua casa. — recostou mexendo no celular. — Ta bonitona na foto, hein?!
— Que foto?
— Essa, pô. — me entregou o celular.
— Ah, valeu. — devolvi.
— Ih, doida, tô nem te entendendo. Colfoi. Tá feliz não?
— Tô, ué.
— Não parece, fala qual foi. — contei tudo que rolou pra ele. — Ele tá errado?
— Não, mas é foda ficar sentindo isso.
— Ele só quer um tempo, po. E é pra isso memo, pra doer, se não doer, não tem efeito. Tu precisa enxergar o cara, po.
— Tempo pra mim é término, Jaca. Eu já enxerguei, tá na hora dele voltar.
— Pra você, po. Cada um enxerga de uma forma a vida e outra... Tu não nxergou nada, ficou nem um dia sem ele, po. Presta atenção na tua responsa, nas tuas paradas. — me deu um beijo na testa. — Ele te ama e tu também ama o cara, mas tu vacila.
— Nossa, você tá do lado de quem?
— Do certo. — levantou e arrumou as coisas. — To contigo, se precisar me aciona. — saiu do quarto e completou. — To na sua cola.
Parece que o Jaca veio aqui só pra dar aquela última bicuda na costela, mas eu precisava dela. Nenhum dos dois está errado, eu preciso mesmo rever as minhas atitudes. Não posso jogar o meu casamento fora, tampouco perder o homem que eu amo por uma coisa que eu mesma preciso resolver: a minha insegurança.
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DONA DE MIM 💋
Teen Fiction(2017/2022) ⚠️ PLÁGIO É CRIME! ⚠️ Minha vida nunca foi exemplo, e nem quero que seja. Saio a hora que quero e volto a hora que acho que devo. Nunca dei satisfações pra ninguém além da minha mãe, e nem pretendo dar. Você acha que tá ruim? Eu só lame...