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Depois de um tempo, encostou um carro e uma moto no portão. Renan, Gustavo e Rogério e o Sr Hélio tadinho, o pai do Diguinho.  Renan já meteu a mão no portão e saiu entrando, me deu um beijo na cabeça, de lei e entrou.

— Fala, mais feia. — Jaca veio todo simpático, eu levantei pra cumprimenta-lo, nos abraçamos e ele passou a mão na barriga. — E meus afilhados? — ele falava pra provocar o Renan e eu dei risada.

—  Estão bem. Vou saber melhor deles na terça.

— Show. Tão se cuidando direitinho, né? — concordei com a cabeça. — Tem comida aí? Tia Vandete fez alguma coisa gostosa? Mó laricão. — entrou também.

— Pode ver aí na cozinha. — falei mais alto, enquanto ele entrava. — Seu Hélio, pode entrar, fica a vontade, almoça também.

Ele falava pouco, era bem simples e eu lembro que ele era amigo do meu pai, quando eu era criança.

— Vai lá, véio. Fica a vontade. — Rogério falou com ele, os meninos só o chamavam assim, de "véio". Ele era comigo o pai de todo mundo.

Sentei de novo na cadeira, e fingi que o Rogério não era ninguém, ele ficou me olhando um tempão em pé na varanda, e eu firme.

— Tem como a gente conversar? — fechei o computador e olhei pra ele.

— Fala.

— Vamos dar uma volta, pô. — levantei, e fui atrás dele até o carro. Entrei, vi o Hércules estacionando na hora, dei tchau e o Rogério guiou sentido praia.

Mostrei o caminho pra ele até perto da quadra de areia, lugar afastado, tava vazio. Saltamos do carro e eu fui sentar num dos banquinhos.

— Errei feio, mas foi sem intenção. Não fiquei com ela, não tenho nem vontade. Mas viajei em posar pra foto, não me liguei na maldade dela e tava bêbado.

— Tá, é isso? Já sabia que você ia me falar. E eu te desculpo porque não vou ficar guardando sentimento ruim aqui, vai fazer mal pros meus filhos.

— Nossos. — pôs a mão na minha barriga e ficou acariciando. 

— Não vou embora hoje, talvez eu vá amanhã ou domingo. Não sei se ainda quero morar com você. Estou desconfiada, chateada e acho que você deve moral a quem te dá moral, deve respeito a quem te da respeito. Isso não foi legal, você sabe que eu odeio as pessoas falando de mim. Ninguém sabe do contexto da foto, o que aconteceu, deixou de acontecer e eu vou virar chacota lá. Sabe o quanto eu to puta com isso? Sabe.

— Não quer morar comigo?

— Acho que não. Não sei o que você fez enquanto eu estava fora.

— Manuela?

— O que, cara? — dei de ombros.

— Você tá maluca, cara. Esses remédios, esses hormônios...

— Maluco tá você, po. Faz o que quer fazer e acha que eu tenho que aceitar. — bufei e tirei a mão dele da minha barriga.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora