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Acordei sem entender nada, só escutava vozes e ao longe e havia uma poça de sangue na cozinha. Na minha cabeça, eu só conseguia pensar: "será que esse sangue é meu?"

— Ela tá se mexendo. — escutei alguém falar, mas não conseguia identificar.

— Manuela? — essa era outra voz e estava mais perto. — Você tá bem?

— Hm... — foi o que saiu de mim.

Aos poucos, com a ajuda do meu padrasto, que eu consegui reconhecer, fui levantando e ele me levou no colo pro sofá da sala.

Minha mãe, que é enfermeira aposentada, deu uma "examinada" em mim.

— Ela não tem um arranhão. — seu tom era de alívio.

— Então, o sangue é todo dele. — meu padrasto completou.

Logo assim que o Jordão acabou de falar, Rogério entrou em casa como um foguete, me apertou, me cheirou, me deixou até mais tonta do que eu já estava.

— Calma! — falei baixo.

— Calma porra nenhuma... Vou até o inferno atrás desse filho da puta.

— Não vai ser preciso, meu filho. — Jordão o interrompeu. — Ele já está morto.

— Que? — perguntei, sem entender absolutamente nada.

— O tiro que ele deu, acertou o teto e parece que só tinha uma bala na pistola. Já a facada que tomou... — me olhou. — Foi certeira. Ele se arrastou até o quintal, o caminho de sangue tá ali... — apontou.

— A facada atingiu algum órgão, pelo que parece, foi muito fundo... — minha mãe completou. — Manuela se defendeu.

Eu estava completamente alucinada de adrenalina, ou sei lá o quê. Estava ali, mas não estava... Não conseguia assimilar tudo, mas agradecia a Deus por estar viva e sem nenhum arranhão.

Por alguns momentos, me sentia mal. Afinal, eu nunca pensei que pudesse matar alguém, que eu fosse atar alguém. Porém, ou era eu, ou era ele...

O pessoal do morro todo ficou sabendo, minha casa teve movimentação pro resto do dia... Ainda bem que não precisei desenrolar com ninguém, todos sabiam o que estava acontecendo, todos sabiam quem era ele.

Mais tarde, quando tudo se acalmou e eu pude repassar na mente tudo o que me aconteceu, eu chorei feito criança, soluçava desesperadamente e o Rogério não sabia o que fazer.

— Vou ligar pra tua mãe, Manu! — ele dizia pela terceira vez.

— Não precisa... — eu dizia em meio aos soluços. — Já vai passar.

Passou, demorou, mas passou... Tomei bastante água e meio calmante que tinha aqui em casa. Apaguei!

No dia seguinte, acordei com o corpo doendo demais e cabeça, o dobro. Pra melhorar, recebi a notícia que o falecido tinha botado fogo na casa onde a Evelin estava morando, já que eles tinham se separado.

— Vou oferecer abrigo a ela. — minha mãe falou, enquanto almoçávamos juntas. — Tem problema pra você?

— Nenhum, mãe. Ela lá e eu aqui...

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora