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Não demorou muito, as motos chegaram, e os dois ficaram me olhando sem entender nada. Robinho, o chefe da nossa área é dono das quitinetes, não falou nada e me deu a chave, fui direto abrir e eles entraram.

As crianças ficaram correndo lá dentro, o brilho no olhar delas era impagável. Eu não precisava de mais nada, sabe? Que sensação incrível. Deixei eles curtirem esse momento e saí pra falar com o Robinho.

— Robinho. Você quer o pagamento adiantado ou no final do mês? —  fui no carro, peguei minha carteira.

— Mulher resolvida essa, po. — riu com o Rogério.

— Tu pode me explicar? — Rogério olhou pra mim, sem entender nada.

— Vejo essa família na rua há tempos, hoje sentei com eles pra descobrir a história e o que eles faziam ali. Eu não podia deixá-los lá, lembrei dessa quitinete e trouxe, ué. — falei simples.

— Máximo respeito pra tua dona, Kid. Faz o seguinte, Manuela, esse mês tu pega o dinheiro que ia me dar pra fortalecer a moça aí, depois a gente vê as paradas. Show?

— Pô Robinho, aí sim. — falei feliz da vida. — Tá certo, então. Qualquer coisa que acontecer aí, você me fala. Tá bom?

— Tá em casa, po. — falou alguma coisa com o Rogério, os dois saíram e eu entrei.

Angélica botava as crianças pra tomar banho, e fui falar com ela. Expliquei onde eu morava, e que ela poderia me chamar quando quisesse, avisei que ia resolver umas coisas e voltava em pouco tempo. Saí, e guiei pro mercadinho.

Fiz aquela compra de respeito pra eles, com direito a besteira pras crianças comerem também. Botei tudo na caçamba e fui na minha mãe. Buzinei duas vezes e o Jordão saiu.

— Oi minha filha. — saí do carro.

— Oi tio. Tudo bem? — abri o portão e saí entrando. -- Minha mãe tá aí?

— Ta sim. Entra aí. — entrei na casa deles, e senti o cheiro da comida de longe.

— Nossa! O mundo vai cair, você aqui. — minha mãe falou ao me ver e eu dei um beijo nela.

— Não vou demorar não. — comi uma calabresa que ela cortava.

— Sabia. O que você quer?

— Lembra daquele colchão que eu mandei pra cá, quando comprei minha cama nova? Tô precisando dele com urgência. E aquela geladeira antiga da senhora?

— A Evelin tá dormindo nele, filha. Mas tem o velho. E a geladeira antiga, tá ali nos fundos.

— Bota a Evelin pra dormir no velho e me dá aquele, ué. — ri debochada. — Vou pedir o Rogério e o Renan pra buscar aqui, tá?

— Não posso fazer isso, ela está deitada lá. Aconteceu alguma coisa hoje ou ontem, não sei e ela está muito triste.

— Ah, que pena. — saí pro quarto. Bati na porta.

— Entra. — abri a porta. — O... o que você tá fazendo aqui?

— Não sei se te avisaram, mas a casa é minha, linda. - minha mãe chegou atrás de mim.

— Manuela!

— Manhê, por favor. — respirei fundo. — Pode levantar a bundinha daí, porque eu vou levar esse colchão.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora