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Levantei rapidinho, peguei as chaves e fui até o portão da garagem, abrindo-o. Lá estava ele, bermuda preta da Lacoste, um kenner preto, com a camisa do Flamengo jogada no ombro e aquela corrente de São Jorge que reluzia com a luz do poste.

— Boa noite, Manuela. — falou sério. — Tô bom contigo não, mas tá maneirinha com esse pijama da Fernanda, hein?! — falava enquanto vinha em minha direção. — Não buzinei porque to ligado que eles tem sono leve e estudam de manhã, mas trouxe até um combo kids pra eles aí, vai que estão acordados. — eu sorri no automático.

— Boa noite. Falei que não precisava e obrigada, mas o pijama é meu. — dei língua e ele me entregou um pacote pardo grandão. — Você não existe, cara.

— Precisava sim, po. Tu ia dormir sem comer? — estalou com a boca e ficou me olhando sério.

— Eu acho uma graça essa sua teimosia. — fiquei na ponta dos pés e dei um selinho nele.

— Vai vendo. Eu não acho uma graça você sem se alimentar não, po. — ele falava sério e eu toda derretidinha.

— Foi sem querer, prometo que não faço mais. Fiquei muito enrolada hoje. — fiz bico.

— "Nadianta" fazer essa carinha de cachorro que caiu da mudança pra mim não, po. — segurava o riso. — Por que tu não arruma uma secretária pra adiantar teus bagulho?

— Você sempre com umas ideias maneiras, né cara? — eu ri.

— Eu só pareço burro, po. Tô por dentro das paradas, tá de bobeira com o pai. — demos risada juntos.

— Vai entrar pra comer comigo?

— Po Manuela, acho que prefiro evitar. — ficou murcho na hora.

— O que rolou?

— Pelo menos quando as crianças estiverem em casa, tá ligado? Só pra não criar mais merda.

— Ah não, Henrique.

— Ontem o Kid ficou gritando pra geral lá no pagode que eu queria minha cabeça, que ia me matar, tá ligado? Eu não vou pular fora de nós não, forma alguma. Mas esse bagulho, eu vou evitar. Tu me compreende? São os filhos do cara, tenho que respeitar a voz dele.

— Eu te compreendo sim. E sabendo disso, você compreende a minha necessidade em ir na direção do Fidel? Até porque, você não desrespeita ninguém aqui, pelo contrário.

— Pô, Manuela... Papo reto memo? Não queria que tu se envolvesse nesse bagulho não. Porque se ele faz algo contigo, tá ligado, sei nem do que sou capaz... — respirou fundo, coçou a cabeça e eu sorri, involuntariamente.

É lindo o jeito como ele me trata.

— Meu lanche vai esfriar, pelo menos na varanda você se sente confortável em ficar?

— Num vô demorar não, já é? Ele tá maluco pra caralho de ronda, atrás da minha moto. Não quero tu envolvida em confusão com esse... — parou de falar.

— Tá bom. A gente fica ali na varanda, e não fala mais disso. Combinado?

— Já é, então.

Ficamos conversando na varanda, enquanto eu comia, porque ele já tinha comido, mas volta e meia, beliscava as minhas batatas.

Eu estava toda entusiasmada com o retorno das mensagens, com o que as pessoas comentavam nas coisas, enfim... O melhor nisso tudo é que eu conseguia ver que ele também ficava entusiasmado, não sentia ciúmes, ele queria era me ver brilhar.

— Sabe o que eu pensei aqui? — tive um estalo.

— Solta a voz.

— Vou chamar a Amanda pra trabalhar comigo.

— De que? Entendi não.

— Vou ver se ela quer ser minha secretária. Ela responde minhas mensagens, marca meus horários, e eu dou um dinheiro pra ela, tipo uns R$ 1.500 por mês. Você acha que ela vai aceitar?

— Pô, Manuela. Que isso... Na hora. E se ela não aceitar, eu aceito... Caô. Vai ser bom pra caralho pra ela, tá ligado?

— Será que não vou atrapalhar lá? Ela ajuda sua mãe com a sua avó, né? E tem o Léo...

— Ah, mas acho que não tem nenhum mistério não. Léo tá na escola também, po. Bagulho é organização. — falou simples, com os olhinhos brilhando.

— Hm, então vou falar com ela amanhã de manhã.

Terminei de comer, tirei o combo dos meninos e o meu lixo, botei no saco que veio o lanche mesmo e ele se levantou.

— Mas já vai? — me olhou reprovando. — Tá, tá bom.

— Manuela. — chegou mais perto de mim, botando a mão na minha cintura, colando meu corpo no dele. Eu virei meu rosto pra cima, passando a olhar em seu olhos. — Eu tô viciado em você. Nessa tua cara de cachorra e ao mesmo tempo de fofinha, mistura de fofura com putaria. E não vai ser um drogado que vai me fazer desistir de tu... Mas hoje, enquanto os bagulho tão fervendo, eu prefiro evitar.

— Isso vai ser resolvido.

— Manuela! — falou sério.

— Nós contra o mundo, Henrique. Só confia... — ele riu de mim e em seguida, iniciamos um beijo.

Como sempre, ele me dominou com a mão em meu pescoço. Nossas línguas tinham movimentos perfeitos, diria até que calculados. A cada segundo, ficava mais intenso e eu tinha mais vontade de não deixá-lo ir. Botei a mão em sua barriga e a arranhei de leve, o que fez com que ele interrompesse o nosso beijo com selinhos.

— Você é muito diaba. — sorriu de canto. — E se a gente continuar assim, eu vou acabar te fodendo nessa varanda. — falou a última parte sussurrando com a boca colada na minha.

— Vai, garoto. — empurrei ele sutilmente. — Some! — falei dando risada, enquanto ele ia até o portão.

— Bate o cadeado?

— Por favor! E me avisa quando chegar na sua casa.

— Tu que manda, Manuela. — jogou um beijo e subiu na moto.

Enquanto ele saia, eu fiquei em pé na varanda, olhando ele ir, mas doida de vontade de gritar e mandar voltar, pra ficar agarrado comigo. Miserável de homem!

Depois de algum tempo, entrei, guardei o das crianças no microondas, botei o saco junto com o lixo e fui pro meu quarto, para, finalmente, deitar. Olhei no celular 02h da manhã... Eu tô fodida pra acordar!

Henrique logo mandou a mensagem avisando que já estava em casa, com direito a foto e tudo. Eu mandei um áudio agradecendo e apaguei com o celular na mão.

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