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ROGÉRIO

— Não adianta discutir, Rogério. Você está errado. — falava encostada na porta.

— Mãe, eu sei, po. Não to querendo argumentar nada, só to dando o papo, fiz na inocência.

— Tu é um burro velho, cara. Inocência? Só criança, né? Bate no peito pra dizer que é bandido, que é do crime. Ai quer falar pra mim de inocência? — virou as costas e saiu pra cozinha.

Eu não tenho mais paciência pra falar sobre esse assunto, eu tô ligado que errei, sei da minha reponsa. Mas po, ninguém deixa eu falar, só queria alguém pra me entender, nada além.

Mas esqueci que a única pessoa que fazia isso, eu deixei lá em Coroa, po. E deixei puta comigo, sem querer olhar pra minha cara.

Levantei do sofá, botei meu chinelo, joguei a camisa no ombro, saí sem falar porra nenhuma, subi na moto e minha mãe ficou me gritando, dei nem ideia... CHEGA!

Eu não sei mais onde eu tô, saí sem rumo pra beber com os moleques, banquei combo do whisky, bebi cerveja, foda-se.

— Vamo pra VM? — Varginha começou a botar pilha errada.

— Tá maluco né? — cocei a cabeça e bebi do meu copo.

— Que isso, patrão. Tamo sem fazer nada, eu banco a noite.

— O cara tem mulher, po. Tá de onda errada. — Diguinho foi quem falou dessa vez.

— Ela tá longe pra caralho, po. Quem vai ver? Quem vai contar? Ninguém. Tem X9 nessa porra não. — Varginha insistia.

— Tu viaja grande, po. Onda errada! — Diguin estava visivelmente puto com a ideia.

— O Diguin, sem caô mermo. Deixa que do meu destino eu resolvo, po. Dou conta! — falei pra encerrar o assunto e virei o copo de whisky.

— Já e, patrão. To nem mais aqui. — tomou a cerveja dele. — Foi mal.

Quando estávamos saindo do bar, Renan apareceu, boladão, cheio de onda pro meu lado, querendo me vetar.

— Colfoi, Rogério. Tu vai meter essa mermo?

— Vou mermo, po.

— Tu tem noção do que tu fazendo? Não tem não, irmão. Bora pra casa.

— Renan, tua mulher tá em casa, irmão. Cuida dela lá, eu não tenho mulher mais não, vou viver, foda-se. — dei risada e subi na moto.

— Tu é um babaca mermo, Kid. Tua viagem tá aí, depois não vem falar que eu não te avisei, po. — ligou a moto. — Tu vai se arrepender e Manuela não vai te perdoar não, po.

— Ela terminou comigo, po. Vou ficar atrás não.

Tô bêbado mermo, chapado, tenho nem noção das coisas que eu to falando, po. Mas é isso, Manuela não quis me largar? Não quer nem mais morar comigo, po. Vou sair saindo da vida dela, quando meus filhos nascerem eu penso nisso aí.

Segui com os moleque pra VM mermo, paramos no estabelecimento do amigo, e entramos, e fui direto pro bar, nem olhei pra mulher nenhuma, pedi uma garrafa de Jack de maçã, um copo e comecei.

— Po, tu não vai pedir ninguém não? — Varginha bateu no meu ombro.

— Não, po, se adianta aí, eu tô de boa. — levantei o copo, mostrando a dose.

Enquanto os moleques se divertiam com as meninas lá, eu continuei bebendo. E do nada, a bad começou a bater, a realidade foi vindo à tona, eram vários pensamentos ao mesmo tempo.

O que eu to fazendo aqui? Tenho mulher grávida, que me ama, faz de tudo por mim. Eu to errado, eu sei disso. Tô agindo como moleque. Peguei a comanda, levantei e uma das meninas me cercou.

— Ué, mas já está indo?! Não gostou de ninguém aqui? — botou a mão no meu ombro.

— Tô indo mermo, po. —  desviei dela e me cercou de novo.

— Assiste uma dança nossa, se você não gostar de ninguém, ai vai embora. — apareceu mais uma, sem sutiã, e se juntou a ela.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora