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Eu confesso que estava apreensiva. Tinha uma pistola dentro da minha calcinha, cara... E se eu levantar e essa porra cair? Ai meu Deus!

O tempo que o policial ficou falando com o outro parecia uma eternidade, mas não foram mais que dois minutos, já que eu acompanhava a hora pelo celular.

— Pronto, senhora Manuela. Conferimos carro, placa, nome, tudo correto. — me devolveu os documentos. — E já lembrei de onde te conheço... Minha filha te acompanha no Instagram.

— Ah, que legal! Fico feliz em saber disso. — respirei aliviada. — Obrigada, tá? Manda um beijo pra ela.

— Posso tirar uma foto com você?

— Pode sim! — me inclinei na janela procurando não fazer movimentos bruscos e sorri pro celular do policial.

— Obrigado, boa viagem.

— De nada! Bom trabalho. — dei partida e logo em seguida, fechei o vidro.

— Na moral, Deus botou a mão nas nossas cabeças agora, Manuela. — Henrique falava sem esboçar reação. — Se eu tivesse cheio, eu ia me cagar todo, na moral.

— Eu nem sei como estou me sentindo, sinceramente... Nunca nessa vida senti tanto medo como agora. — falei enquanto enfiava a mão na calcinha, tirando a pistola.

— Pistola com cheirinho de pepeca da minha dama. Ô delícia. — ele falou rindo e cheirando a arma.

— Vai a merda, garoto. E guarda essa merda. — falei sério e ele guardou novamente na cintura.

Ele nem percebeu que eu tinha entrado no acesso da 2P, tava amarradão escutando Tz da Coronel. Só foi se dar conta, quando eu abri os vidros pra passar pelos caras da barricada e eles se manifestaram.

— Qual foi, Novin. Quanto tempo, po. — o cara quase se enfiou no carro pra falar com ele.

— Que isso, Meleca. Mó tempão mermo. — fez um toque de mão com ele.

— Tá de motorista agora? Tirou onda. Sabia que tu tinha subido de cargo não, po. — falou sério e eu passei a olhar pro rapaz.

— Viaja não, po. — falou rindo. — Merma parada se antes... E essa é minha mulher, po. Manuela, esse aqui é meu parceiro Meleca, cresceu comigo.

— Oi oi. — estendi a mão e fiz um toque com ele também.

— Satisfação, Manuela. O cara é responsa, hein. Passa lá, passa lá. — bateu de leve do lado do carro. — Satisfação imensa te ver, irmão.

Fui me guiando pelo que minhas cunhadas tinham me dado de informação, já que ele não falava um "a" dentro do carro, só me olhava e quando eu olhava de volta, ele desviava e passava a olhar pra frente.

Virei em dois becos e finalmente cheguei. Era a única casa verde que tinha no beco, estacionei em frente e olhei pra ele.

— Tu já tinha vindo aqui? — ele me perguntou sério. — Tu sabe que dia é hoje?

— Não. Sim. Fiz merda? — comecei a ficar nervosa, porque simplesmente não sabia identificar o que ele tava querendo expressar. Ai meu Deus!

— Claro que não, cara. — me puxou pra um selinho. — Tá ligado que desde que eu fui pra lá, eu não fiz uma visita pra minha família né? E que algum bagulho me dizia que só ia voltar aqui por um motivo muito especial. Só não sabia que ia ser tu.

— Desculpa ter me metido na sua vida assim... Sem saber se você queria vir. — dei mais um selinho nele.

— Querer eu queria, só não tinha coragem. — olhou nos meus olhos. — Nem sei se mereço você, na moral.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora