MANUELA
Acordei com uma leve dor de cabeça, acho que passei um pouco dos limites. Olhei pro lado e o Henrique dormia como um bebê, tirei uma foto dele e saí da cama bem devagar pra não acordá-lo. Imagino o quanto ele deve estar cansado com tudo isso que vem acontecendo com ele lá, mas enfim...
Tomei um banho rápido pra tirar a nhaca do dia anterior e fui pra cozinha. Preparei um café maravilhoso na mesa, coisa de filme.
Enquanto eu guardava as coisas do aniversário na geladeira, senti uma presença atrás de mim. Virei pra trás e era ele, carinha amassada, só de bermuda. Sinceramente, acho que tô viciada nesse homem. Não sei se quero...
— Bom dia, Manuela. — falou ainda rouco.
— Faz isso não, Henrique. — falei rindo, me levantei, fechando a geladeira e dando um selinho nele. — Bom dia! Vem, vamos tomar café.
— Que isso, cara?! Tudo isso pra mim? — veio atrás de mim, segurando minha cintura e em seguida, começou a beijar minha nuca.
— Tudo isso. — rocei minha bunda nele. — Pra você! Mas vamos comer primeiro. O café. — dei risada.
Sentamos um próximo ao outro, e começamos a comer. Conversamos bastante sobre a questão do Rogério e eu estava decidida a falar com o Fidel, mas sem tocar no nome do Henrique, falar só o que ele tem feito comigo.
— Tu vê necessidade?
— Tenho medo de não falar e ele acabar fazendo alguma coisa, sabe? Não sei se ele faria, mas ontem, naquela hora que ele veio aqui no portão, eu tenho certeza que ele não tava puro.
— Tô ligado, Manuela. Te apoio no que tu for fazer. — me deu um beijo na mão.
Assim que terminamos, ele foi lavar a louça, mesmo eu falando que podia deixar pra lá, que eu lavava depois. Não me deu moral nenhuma.
— Vou meter o pé, pego no plantão já já. — segurou meu rosto com as duas mãos e ficamos por algum tempo olhando um no olho do outro. — Gostosa!
— Não faz isso. — falei manhosa e rindo. — Filho da puta!
— Ó, não xinga dona Helena não, hein. — me encheu de selinhos e soltou meu rosto em seguida. — Se tu não tiver enrolada hoje, mais tarde nós se vê. Fui!
— Tchau. — fiz bico. — Por mim, tu ficava de cárcere privado aqui em casa.
— Pô, meu sonho... — saiu pela porta da cozinha rindo.
— Não esquece tuas coisas aí na geladeira de fora não, hein?!
— Já é.
Depois que ele saiu, eu arrumei o que precisava lá em casa e fui direto pra minha mãe. Segunda-feira dessas, eu cheia de coisa pra fazer, mas as crianças não tinham ido pra escola, então, eu ia lá ver se tava tudo bem.
Cheguei na minha mãe e eles estavam na rua brincando, pelo visto, ninguém mesmo foi à escola, nem meus sobrinhos. Falei com todo mundo e entrei.
— Benção, mãe.
— Deus te abençoe, Manu. — falou mexendo na panela. — Vai almoçar com a gente hoje?
— Vou sim. Só trabalho a tarde, e hoje é no home office, um monte de foto pra fazer, tenho que ir lá embaixo buscar as caixas, enfim...
— Ah sim! Deixa eu te falar... — fez aquela pausa dramática e eu já sabia que vinha merda. — Rogério veio aqui mais cedo.
— Ai que saco! Tava alucinado né? Vou ter que falar com o Fidel, mãe. Ta insustentável.
— Não, não, filha. Ele veio tranquilo. Pediu desculpa pras crianças e pediu pra conversar comigo.
— Com a senhora? — perguntei sem entender. — Como assim? O que ele queria?
— Ah, me pediu desculpas por ontem, falou que nunca quis me desrespeitar, pediu desculpas também pelo negócio da traição, falou que tá ficando maluco sem você, que não come e não dorme bem há dias. E que tá com vergonha de olhar na sua cara.
— Ô glória! Que continue com essa vergonha, pelo menos não me perturba. Embora eu não acredite em nada que ele fala, vou me iludir pensando que ele não vem me perturbar mesmo. A senhora acreditou nele?
— Acreditei, sem acreditar. — falou rindo. — Pra ele, enquanto você estava quieta, vivendo pros seus filhos, pro trabalho, sem sair, sem ele saber que tinham pessoas te desejando estava bom, sabe? Ele tava confortável porque se sentia no poder e homem gosta disso. Ele tinha a falsa sensação de que dominava ainda, de que a qualquer momento, ele estalaria os dedos e vocês voltariam. Resumindo a história porque sua mãe fala muito, né? — riu. — Ele achou que você ainda tava sofrendo, por isso esse show todo agora.
— Falou a voz da experiência, né? A vividona. — falei gastando a onda dela. Minha mãe odeia quando falamos que ela é velha.
— Vividona é tua mãe, filha da puta! — falou rindo e se xingando ao mesmo tempo, né?! — Enfim, é isso... Ele tá dando esse show, porque viu que ele te perdeu, entre aspas, por um rapaz mais novo, de contexto menor no movimento, e isso pra ele, mexe com o ego, com a autoestima.
— Mas ele escolheu isso, né mãe? Eu dava a minha vida pelo Rogério, po. Se eu tivesse que entrar na bala por ele, eu entraria. Nunca falei isso em voz alta, mas pô, até ameaçada por polícia eu já fui por causa dele.
— É, mas a falta de caráter dele atrapalhou vocês. Ele fez a escolha e agora, precisa lidar com isso. — falou simples. — Mas agora, conta pra mim duas coisas.
— Hmm... Fala, velha fofoqueira.
— Tu me respeita, garota! — meteu séria. — Quem é o menino que trouxe a Angel aqui ontem?
— Ih, tá tomando conta legal de vida dos outros, hein malucona? — falei rindo. — É um amigo do Henrique, deu carona pra ela, porque eu tava muito cansada. — menti, mas também não vou explanar a Angel, né? Tá louco.
— Ah, que pena. Achei que fosse um namoradinho.
— Ihh, olha ela. — dei risada.
— Ué gente, a garota não sai, só se for com você. Vive pro trabalho e pros filhos, desde que subiu pra morar nesse morro, nunca ficou com ninguém. E eu digo com convicção que nunca, porque ele só sai contigo, comigo, com as crianças e pro trabalho, então, nem tempo ela tem. Então, tá na hora de arrumar um namoradinho, pelo menos uma namorada às vezes, se não o corpo atrofia. — eu não me aguentei e caí na gargalhada.
— Mãe, a senhora não existe. Sinceramente... Eu também acho que ela precisa de um namoradinho, mas ela diz que não tem com quem deixar as crianças e tem vergonha de trazer alguém aqui, só porque mora no seu quintal.
— Porra! Vou dar nela. — desligou o fogo. — Ela mora no meu quintal, mas a casa é dela. As crianças ficam comigo, se ela quiser, me ofereço direto, nem ligo de ficar, amo meus netos.
— Então dá esporro nela, porque ele tá querendo a beça, ela que tá tímida.
— Ah, mas vai perder e timidez. Me aguarde!
Minha mãe é a melhor de todas mesmo. Não tem jeito! Ficamos mais um pouco na cozinha e eu fui chamar as crianças pro almoço. Ajudei minha mãe a arrumar os pratos, eles sentaram à mesa e nós duas fomos comer na varandinha de trás.
META
50 ⭐️ | 55 💬
VOCÊ ESTÁ LENDO
DONA DE MIM 💋
Teen Fiction(2017/2022) ⚠️ PLÁGIO É CRIME! ⚠️ Minha vida nunca foi exemplo, e nem quero que seja. Saio a hora que quero e volto a hora que acho que devo. Nunca dei satisfações pra ninguém além da minha mãe, e nem pretendo dar. Você acha que tá ruim? Eu só lame...