MANUELA
Eu perturbei muito o Henrique pra vir à essa festa, comprei roupa nova, comprei até um tênis novo que ele tava querendo e até os 45 do segundo tempo, ele não queria vir.
Joguei meu charme, disse que ficava devendo uma pra ele, enfim, com muito custo, ele veio. Chegamos aqui, e fui apresentando ele pra um pessoal que é da mesma agência que eu, e ele se mostrou mais tímido do que eu imaginava.
Eu precisava estar aqui, preciso ampliar meus contatos, criar vínculo com pessoas de outros segmentos. Tinha influencer, cantores, artistas, jogadores de futebol, de vôlei, era um público muito misto. É o meu trabalho, né? Tô sempre misturada com essa galera.
Conversei praticamente com a festa toda, tirei várias fotos e ele lá, de cantinho, às vezes tomava uma cerveja, mas muito na dele. Todas as vezes que eu o chamava pra se juntar, ele negava com a cabeça e foi assim a noite toda.
Chegamos por volta das 22h e quando deu 00h30, fui na direção dele.
— Quer ir embora? — negou com a cabeça. — Tá acontecendo alguma coisa?
— Tá, mas quando chegar no morro, nós troca ideia.
— Tem certeza? — me aproximei pra dar um selinho e ele só encostou o lábio no meu.
— Tenho, po. Rua né lugar de falar os bagulho não. — falou seco.
— Ih... Vou me despedir da aniversariante, então.
— Se for por minha causa, não precisa não.
— É por minha causa mesmo. — falei seca também. Eu hein, a essa altura do campeonato, querendo dar de maluco.
Fui me despedir, mas ainda demorei um tempinho pra voltar até ele, o pessoal sempre chama pra foto, fazer uma mídia, falam pra ficar mais. Todo aquele protocolo de sempre.
Estava indo na direção dele, quando uma das meninas veio até mim, pediu meu número, eu dei e me despedi. Acho que ela é nova na minha agência.
— Vamos? — falei chegando perto dele.
— Vamo, ué.
Nem fiquei esperando não, saí andando na frente e fui até os manobristas, pedi meu carro e fiquei encostada numa árvore esperando. Assim que ele chegou, me deu as chaves, eu agradeci, entrei e aguardei o Henrique.
Do salão até em casa, fomos quietos. No som, tocavam as Poesias Acústicas e foi isso.
— Vou ficar na minha casa, tá? — ele falou quando chegamos no morro.
— Que que te deu, cara?
— Nada, po. Só quero dormir em casa.
— Tá tranquilo. Mas pode pelo menos explicar o motivo de estar assim? Você não é assim.
— Não quero falar agora, Manuela.
— Tudo bem. — respirei fundo. — Pode ser que eu não queira te escutar em outro momento.
— Ué, é assim?
— Se você tem o direito de não querer falar, eu também tenho o direito de não querer ouvir. — parei em frente a casa dele.
— Manuela, eu só não quero falar agora porque não to sabendo lidar com o que eu tô sentindo e não quero ser grosso contigo. Não quero ser escroto, po.
— Tá tudo bem, ué. — ele saiu do carro e não me deu beijo, nada.
Segui pra casa, botei o carro na garagem, fechei tudo, desliguei o celular e fui pro banho. Enquanto estava embaixo do chuveiro, tentei lembrar de algo que eu tenha feito, que pudesse ter magoado ele, mas a momento, não conseguia lembrar. Meu coração tá bem tranquilo.
Acordei no dia seguinte sem ressaca, sem dor de cabeça. Ai como é boa a vida sem álcool. Peguei o celular, liguei e confesso que fiquei na expectativa de ter alguma mensagem dele, mas me fodi, a realidade era outra.
Mas tudo bem, no tempo dele.
Arrumei a bagunça que tinha feito pra me arrumar na noite anterior, botei uma roupa qualquer, fiz um coque no cabelo, catei minhas coisas e fui pra minha mãe. Chegando lá, as crianças correndo na rua, já vieram me receber e o cheiro da comida da velha estava chegando lá na curva já. Aposto que é lasanha.
Depois de falar com as crianças, entrei pra cozinha e sim, dona Vandete tava fazendo duas travessas de lasanha. Essa mulher é espetacular.
— E aí, filha. Como foi a festa? Cadê meu genro?
— Foi legalzinha, mãe. Não conheço muito a galera, cheguei 22h e vim embora 00h30. — falei tranquila. — Não sei do Henrique não, mãe. Deixei ele na casa dele ontem e até agora não deu sinal.
— Como assim? O que você fez com ele?
— Nada? — olhei pra ela assustada. — Mania que a senhora tem de achar que eu faço tudo errado sempre.
— Eu conheço o seu temperamento, né? Por isso que pergunto. — revirei os olhos. — Mas vocês brigaram?
— Não, mãe. Eu não faço ideia do que aconteceu.
— Ah... — ela deu uma risadinha. — Isso me cheira a ciúmes.
— Henrique não tem ciúme do Rogério, mãe. Vai ter de gente que ele nem conhece, que sabe que eu nunca vi? Não tenho contato?
— Sei não, hein. Você sabe que quase nunca me engano. — falou rindo. — Quando vocês conversarem, você me fala se eu estava certa ou errada.
— Tá bom, velha fofoqueira. Tá bom. — me jogou um pano de prato em cima e eu saí pra varanda de trás.
Passei a tarde toda lá, Jordão foi buscar umas cervejas, Angel e eu ficamos jogadas lá no chão da varanda jogando conversa fora, um domingo bem raiz.
Peguei o celular pra ver se tinha mensagem do bofe e nada, mas tinha status da Amanda e da Geo, né? Fui logo ver... Ué, Henrique foi na 2P e nem me levou? Que ótimo. Reagi com uma coração nas duas fotos e botei o celular "não perturbe" pra não ver quando as notificações chegassem.
META
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PRÓXIMO SÓ COM AS METAS DESSE E DO ANTERIOR BATIDAS
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DONA DE MIM 💋
Ficção Adolescente(2017/2022) ⚠️ PLÁGIO É CRIME! ⚠️ Minha vida nunca foi exemplo, e nem quero que seja. Saio a hora que quero e volto a hora que acho que devo. Nunca dei satisfações pra ninguém além da minha mãe, e nem pretendo dar. Você acha que tá ruim? Eu só lame...