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— Tu disse que queria saber de duas coisas e só me perguntou uma. Lembrei agora! — falei enquanto almoçávamos.

— Queria saber de você e do Henrique.

— Tá tudo bem. — falei pouco, só pra provocar a velha fofoqueira.

— Nossa, mas é assim que você conta do seu novo namoro pra sua mãe? Nojenta!

— Ué, não é namoro, mãe.

— Ah sim, não mesmo, porque você ainda não o trouxe pra almoçar aqui. Eu só conheço ele porque ele foi lá na sua casa quinta, e quase não abriu a boca.

— Ele é assim, mãe. — falei rindo. — Ele tem mais medo de senhora do que do Rogério, do Fidel, enfim... Já chamei várias vezes e ele não vem.

— Já gosto dele, respeita a mãe dos outros. — falou de um jeito engraçado e eu ri. — Ué menina, to falando sério. Isso diz muito sobre a criação dele, acho super legal. Falando em criação, o que é a irmã dele? Que pessoa maravilhosa, sério. Eu adorei aquela menina, o filho dela também, pode trazer mais vezes, trazer pra brincar com as crianças aqui.

— Ihhh, todo mundo você quer adotar, hein. Tá boba! — falei brincando.

— Tá com ciúme, meu bebê? Meu dengo é só tu. — dei língua pra ela. — Outra coisa...

— A mona tá com falador aberto hoje, hein!

— E você sem respeito nenhum por mim. Quero viajar com as crianças no final do mês, semana santa. Posso levar?

— É isso mesmo que eu tô entendendo? Eu não estou sendo convidada?

— Não, nem você, nem Angélica. Só as crianças! Vamos no meu carro e no do Jordão.

— E vão pra onde?

— Membeca, um sítio do irmão do Jordão. É em Paraíba do Sul, fica no interior do Rio.

— Tá certo. Podem ir sim, mas fiquei sentida que não me convidou, tá?

— Problema seu, tá velha já. — falou rindo.

Terminamos de almoçar, as crianças também e enquanto minha mãe organizava eles lá na sala pés dormir, eu lavava a louça.

Aqui em casa, ou melhor, todo mundo que é criado pela minha mãe tem esse costume de cochilo pós almoço, pode ser 30 minutos, mas ela sempre faz a gente dormir e diz que é pra renovar as energias. Eles nem gostam, né?

Passei pela sala sorrateira, fiz sinal pra minha mãe de que ia pra casa trabalhar e mais tarde voltava. Então, o resto do dia foi trabalhando. Desci pra buscar as caixas, subi, separei loja por loja, fiz minha maquiagem, arrumei meu cabelo e fui tirando foto, fazendo vídeo, até caixa de pergunta no IG eu fiz.

Tem muito fake que me pergunta sobre o meu envolvimento com pessoas do movimento, eu sei que são pessoas daqui e tentam fazer isso pra me expor, tirar minha credibilidade, porque eu sou uma pessoa pública, né? Mas não dá em nada, nunca respondo.

Fui até as 20h trabalhando, depois de arrumar tudo, peguei o carro e fui na minha mãe. As crianças tinham acabado de jantar, então, já vieram correndo pro carro, porque agora a noite, eles iam abrir os presentes.

Nessa brincadeira, fomos dormir quase 00h, já tava vendo a merda que seria pra acordá-los no dia seguinte. Mas ele foram dormir com sorrisos estampados no rosto, vão até sonhar com esses presentes.

Depois de arrumar os dois na cama, fui tomar mais um banho pra finalmente dormir. Saí do banho, botei um pijaminha de ursinho bem soltinho e deitei, pegando o celular, na ilusão do descanso.

Meu celular estava abarrotado de mensagens, de agradecimento, feedbacks, mais propostas de lojas, enfim... Uma loucura, mas uma loucura boa. Eu ia ficar doida, porque gosto de responder com calma, gosto do tratamento individualizado, sabe? Eu gosto do que faço e quero dar ao meu cliente exatamente o que ele quer.

Estava respondendo um feedback, quando o Henrique me ligou.

📱 Henrique 📱

"Boa noite, Manuela. Tá viva?"
"Boa noite, lindão. Mais ou menos e você?"
"Cansado, moído, mas aqui... Quero saber um bagulho. Tô aqui na Casa das Delícias e quero saber se tu jantou, se comeu alguma coisa."
"Olha, na correria que foi o dia de hoje, eu acabei esquecendo de comer. Tô lembrando que não jantei nesse minuto."
"Como é que eu to ligado nisso?"
"Não sei."
"Porque eu te conheço de outras vidas, Manuela. Se liga." — falou rindo. — "Quer comer o quê?"
"Você é bobo." — eu também ri. — "Tô sem fome, não precisa se preocupar comigo não. Já vou dormir, tô muito cansada."
"Tu quer um artesanal com cebola no shoyu, cheddar e bacon, Manuela? Foi isso que eu entendi?"
"Você é teimoso. Não precisa se preocupar com isso, Rick."
"Ah, tu também quer uma porção de batata pequena com queijo e bacon? Show. Já to levando ai." — e desligou.

FIM DA LIGAÇÃO

— Obrigada, Senhor. — falei sozinha no quarto, levantando as mãos pro céu. — Gratidão, Universo!

Eu não lembrava mesmo de que não tinha feito outras refeições além do café da manhã e do almoço. E como o Henrique sabia disso? Como ele prestava atenção nesses detalhes? Que conexão nós temos.

Peguei o celular, levantei e fui pra sala. Liguei a TV baixinha pra não acordar as crianças e continuei respondendo as mensagens.

Uns 20 minutos depois, Henrique deu um toque no meu celular e desligou.

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