16

2.8K 220 18
                                    

Eu nem gosto de lembrar dessas coisas, cara. Nunca desejei mal a ninguém, mas pro meu pai e pra essa mulher, desejei mesmo. Tanto que meu pai morreu num acidente acompanhado dela, ela viveu, não tá tendo uma das melhores vidas, mas meu pai não aguentou. Nem no enterro dele eu fui, quando os amigos vieram dar um dinheiro pra minha mãe, fiz ela recusar também.

Enfim, to indo pro trabalho, consegui lugar sentada e não tem ninguém com cheiro de suor. Que dia lindo!

Fui pro curso, e as aulas já estão acabando, só tenho mais um mês e vou virar técnica em administração, amém. Só Deus sabe a luta até aqui.

No serviço, foi tudo tranquilo, graças a Deus, almocei sozinha no shopping mesmo, comprei um biquíni novo, um óculos e mais umas roupinhas, preciso disso pro final de semana.

Ai graças a Deus hoje é quinta, to chegando agora e vou pro salão, fazer minha depilação.

— Pronto, miga. — a mona saiu de perto da maca.

Como faço no salão da tia da Rafa, ela estava por lá e depois que paguei, fui até ela.

— Tá muito cansada?

— Estou, mas o que você quer?

— Beber um pouquinho, semana foi pesada.

— Vamo. Amanhã você vai direto depois do trabalho né? - fiz que sim com a cabeça.

Saímos do salão, e como eu era a última cliente, ajudei a fechar e fomos pra nosso barzinho de lei. Pedimos uma porção e batata com bacon e calabresa, e uma Heineken 600.

Sempre tem as monas que passam e ficam olhando pra gente, né? É uma falação. Ninguém vê a hora que a gente acorda e nem tudo que a gente atura pra ter essa vida aqui.

Estava distraída, falando sobre alguma coisa com a Rafa e ela me interrompeu.

— Olha ali. - apontou com a cabeça. Olhei pra onde ela estava apontando e o Rogério na moto, falando cheiro de sorrisos com a Stéfany, vulgo minha irmã.

— Ué gente. - dei de ombros.

— Tá de sacanagem né? Vai fazer nada?

— Claro que não, você acha? Eu hein. - bebi a cerveja.

Ele ficou por um tempo lá com ela, e como já estava tarde, pagamos, pegamos as coisas e saímos pra casa. Passei por ele e fingi que não vi, alguém falou alguma coisa e eu dei aquela jogada no cabelo e subi meu beco.

Entrei em casa, tomei banho, dei um beijo na minha mãe, ajudei ela com a janta e fiquei na sala.

— Vai viajar com quem?

— Com a Julia lá do curso, mãe. É aniversário dela.

— Vai direto pro trabalho segunda?

— Vou sim.

— Então, eu vou pra sua tia e vou deixar tudo trancado aqui. Tem homem no meio disso?

— Ué, que isso?! — dei risada. — Tem.

— É esse aqui que vem te ver todo dia?

— Eca! Claro que não. — respondi com cara de nojo.

— Não sei onde você vai chegar com essa bucetinha. - riu de mim.

— Como assim, mãe? Assim a senhora me ofende.

— Você dá, mas não assume ninguém. Depois que ficar velha, ninguém vai querer não, hein. Vai querer um chinelinho velho e vai ficar fodida...

— Mãe, me deixa, hein! - assim que terminei de falar, alguém buzinou no portão.

— Viu? Vou lá ver quem é. - levantou e atendeu. - É pra você, mesmo cara de ontem. De onde eu conheço ele?

— Ele é filho de algum amigo do seu falecido marido. - levantei e fui pro portão.

Rogério tá chato, hein. Todo dia vem aqui, não vou pra casa dele, ainda mais que ele tá com a Stéfany, Deus me livre.

— Oi. - disse encostada na parte de dentro do portão.

— Sai aí, po. Vai falar comigo direito não? - desceu da moto.

— Tô falando direito, po.

— Não tá não, cara. Para com essa palhaçada, fica comigo, po. Bora dormir lá em casa hoje...

— Dessa vez, eu passo. Acho injusto com a sua namorada..

— Que namorada, po? A única que eu quero é tu.

— Tá bom, tu acha mermo que pode me levar enganada, né? — ri debochada e não disse mais nada, apenas me virei as e entrei pra casa. Ele ligou a moto e saiu voado.

Eu hein, devo ter cara de emocionada, só pode. Escovei os dentes, terminei de arrumar as minhas coisas, deitei e não demorei muito pra dormir.

META
10 ⭐️ | 10 💬

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora