88

1.8K 140 1
                                    

ROGÉRIO

Pensa num cara desesperado, sou eu. Tô andando por esse corredor sem parar, dispensei o Renan porque tá com filho pequeno, né? Não posso deixar o cara plantado aqui, depois eu passo um rádio pra alguém buscar aqui.

Manuela já tá pra dentro dessa sala deve ter 1h, e eu não sei mais o que pensar. Odeio clínica, hospital, médico, papo reto. Ainda mais numa situação dessas, onde eu simplesmente não sei de nada.

— Oi. Tudo bem? O senhor que é o pai? — disse uma moça ao se aproximar de mim.

— Não, moça. Sou o marido. — disse sem entender muita coisa.

— Sim, digo, marido da Manuela, mas pai dos filhos que ela tá esperando.

— Mas é o quê? Filhos? Tá de sacanagem, moça. — fiquei nervoso. — Po, desculpa o palavreado. Eu não sabia que tinha um, quem dirá dois.

— Então, ela está muito fraca devido à perda de sangue e os bebês também. Ela precisa entrar numa dieta reforçada, com muito ferro, mas antes disso, vai ter que passar um tempinho aqui na clínica, internada. — cocei a cabeça, atento ao que ela dizia. — Não precisa se preocupar, senhor, ela teve um sangramento, mas às vezes isso ocorre mesmo, porém, isso torna o quadro dela muito mais delicado. Vai precisar de atenção redobrada e repouso absoluto.

— Essa parte aí do repouso, a senhora tem que falar com ela, porque é teimosa pra caralho. Desculpa, xinguei de novo, mas é que eu to nervoso.

— Assim que ela acordar, vou conversar direitinho com ela, e tenha certeza que ela vai se comportar. O senhor quer vê-la antes dela acordar ou prefere esperar?

— Prefiro esperar, vou aproveitar pra buscar as coisas dela. — ela concordou e saiu.

Liguei pro Renan, que não demorou e colou lá no hospital pra me pegar, fiz uma mochila de roupas pra ela, botei o celular, carregador, arrumei tudo certinho, porque meu bichinho é enjoado a beça. Dei um pulo na minha sogra, expliquei tudo pra ela e disse que vai comigo, se precisar de alguém pra ficar na clínica, ela quer ficar. Também, tem como não querer? Filha única dela, po.

Voltamos pra lá, parecia até carreata, po. Que doideira! O bom de pagar plano de saúde é isso, atendimento de qualidade, os nomes da lista podiam entrar a qualquer hora, sem ser hora de visita, nada de bagunça né? Mas é isso, não tem toda aquela burocracia de hospital.

Ela tava apagada quando eu cheguei no quarto, dei um beijo na testa, e sentei na cadeira ao lado da cama. Todo mundo já tinha visto, mas como ela não acordava, foram embora, minha sogra que ia voltar depois.

— Ela tá dormindo assim porque está fraca e o remédio deixa mais fraca ainda, mas daqui a pouco ela acorda. — concordei com a cabeça e fiquei lá.

Acabei cochilando um pouco, mas acordei porque ouvi de longe ela se mexer, tá maluco, fico preocupado, qualquer barulho já é susto. Olhei pra maca e ela estava acordando.

— Oi amor. — falei levantando e indo mais pra perto dela.

— Oi amor. Desculpa por isso. — falou baixo e chorou.

— Ei, preta. Não precisa chorar não, po. Faz isso comigo não. — minha voz falhou. — Eu amo vocês. — dei um beijo na testa dela e passei a mão na barriga. — Não quero brigar agora, mas tu podia ter me dado o papo, né? Aliás, tinha que ter me dado o papo, assim que soube.

— Eu não quis contar porque sei o quanto você quer isso, mas não sei se vai dar tudo certo com ele. — eu enxugava as lágrimas dela.

— Vai ficar tudo bem com eles, com vocês. — continuei o carinho na barriga dela.

— Eles? — entrou a enfermeira no quarto.

— É. Pelo menos eu sei de uma coisa primeiro que você... — sorri. — Mas agora a enfermeira vai falar contigo. — me afastei e sentei de novo na poltrona.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora