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Apertei o passo e colei certinho com as unhas no pescoço do Rogério.

— Fez técnico em enfermagem você?

— Manuela, solta meu pescoço, po. Eu só vim ajudar. — não soltei.

— Veio ajudar o caralho, você não é médico nessa porra. Não é enfermeiro, não fez nem curso de primeiros socorros. — ele se virou rápido e segurou no meu braço com força, me afastando do pessoal.

— Qual foi da tua. Bateu na mina por quê? — eu tentava me soltar.

— Ah, tu quer motivo, Rogério? Além dela estar te dando mole, debochar de mim e pegar meu filho sem minha permissão?

— Se acalma, cara, se acalma. — eu me debatia mais ou menos, querendo que ele me soltasse.

— Você tem 5 segundos pra me soltar, ou vai ficar solteiro e sem ver seus filhos. 1... — ele tentou me abraçar e eu continuei contando. — Tem certeza que não vai me soltar? Quer fazer cena pra piranha? Tá certo. — ele me soltou.

— Para de viajar, Manu. Que ciúme é esse? — não o respondi, só deixei uma lágrima cair, e ele me abraçou. — Tá mais calma?

Não o respondi de novo e ele me soltou. Assim que ele o fez, virei as costas e saí andando, ele tentou vir atrás de mim.

— NÃO OUSE! Fica aí tomando conta da suas gatinhas.

Saí pisando firme e sem olhar pra trás, pensei em parar na minha mãe, mas segui pra casa, andei uns 10 minutos e não derramei uma lágrima. Entrei em casa quebrando tudo que via pela frente, não queria saber de nada. E agradeci a Deus pelas crianças não estarem aqui.

Antes de subir pro quarto, arrastei o sofá pra trás da porta e botei uma cadeira na porta da cozinha. Não quer defender puta? Vai dormir com ela também.

Subi pro quarto e tomei um banho gelado, eu sabia que não ia conseguir dormir, mas pelo menos ia dar uma relaxada. Assim que saí, peguei o celular, vi inúmeras mensagens e ligações do Rogério, não dei bola, desliguei o celular e joguei na cama, botei um pijama qualquer e voltei pra sala.

Arrumei tudo que havia quebrado, porque eu posso quebrar, mas tenho que arrumar, odeio bagunça. Depois que terminei, fui pra cozinha e fiz um mexidão pra mim, voltei pra sala, liguei a TV, botei em um filme qualquer e comecei a comer.

Acabei adormecendo na sala mesmo, mas acordei quando ouvi um carro parar, identifiquei algumas vozes e em seguida, alguém bateu na porta da sala.

— Manuela, abre aí. O patrão tá passando mal.

— Amor, qual foi, abre a porta pra mim.

— A gente tá vendo a TV ligada, dá pra escutar o barulho.

— MANUELA, SE VOCÊ NÃO ABRIR VOU MANDAR ARROMBAR! — o Rogério gritou.

— Arromba sim, quebra tudo. Mas quebra lá na suas piranhas. Pra fazer isso aqui, você tem que ter duas picas e uma delas, tem que ser de ouro.

Ele parecia muito bêbado do lado de fora, e isso não me doía nem um pouco, eu estava completamente dominada pela raiva. Muita audácia da parte dele, ir cuidar de piranha que eu bati. Tá com dó? Leva pra casa, ué.

— Vargi, me deixa aqui memo. Vou conversar sozinho com ela.

— Tem certeza, patrão? Tu tá mal.

— Já mandei vazar, po. To suave. — ouvi o barulho da cadeira de madeira da varanda. — Pô Manu, abre aqui, po.

— Eu não vou abrir essa porra, Rogério. Já te disse! Vai pedir pr'aquela piranha cuidar de você. — terminei meu mexido e lá fora ficou um silêncio.

Ouvi o barulho da porta da cozinha, e era ele tentando abrir. Dei de ombros e continuei plena no sofá.

— PORRA! Tá de caô? Fez isso comigo mermo? Abre aqui, amor. Vamo conversar.

— Eu não tenho nada pra falar com você, Rogério. — fui pra cozinha, deixei o prato e encostei na pia, pra escutar o que ele estava fazendo e falando.

— Manuela, eu te amo, cara. Eu to errado, não era pra ter amizade com ela, mas eu não enxerguei que ela tava debochando de você. Eu sabia da maldade? Sabia da maldade. Mas po, eu não tinha, eu não quero ela, eu só quero você. Você é a minha vida, mãe dos meus filhos, sem você eu to morto, cara. Abre aí.

— Ah, você sabia da maldade é? E continuou de conversa? Meus parabéns, Rogério. Tá certinho! — bati palmas debochando.

— Pô nega, vamo conversar.... — parece que ele ia falar mais alguma coisa, mas ouvi um barulho de algo caindo no chão, como se fosse água e imaginei que ele estivesse vomitando. Não me mexi.

Até que ouvi o barulho dos meus vasos de planta quebrando, tirei a cadeira da porta rapidamente, destranquei a mesma e acendi a luz da varanda de trás.

— Rogério? — saí procurando-o.

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