DONA DE MIM 💋

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Meu casal de gêmeos nasceu com 35 semanas, Fernanda com 1.990kg e Nathan com 1.780kg, já estão há 5 dias na UTI e eu só posso ficar alguns momentos com eles. A Fernanda tem ganhado peso, já o Nathan me deixa um pouco mais preocupada, eu só consigo chorar quando os pego no colo. Não consigo pensar no que vai ser de mim, caso alguma coisa aconteça com eles.

Eu tive alta com 48h após a cesárea, meus pontos estão secando direito e estou sendo acompanhada pela psicóloga do plano. Os dias em casa são uma tortura pra mim... Há dias, não sei o que é uma refeição completa, e dormir já não faz mais parte da minha rotina.

Eu não choro por tristeza, choro por medo do que pode acontecer. Afinal, ver o aparelho deles apitar e as enfermeiras correrem para fazer massagem cardíaca não é uma coisa que me deixa confortável, na cabeça de mãe passam mil coisas.

Saí de mais um dia na UTI, por volta de umas 20h e voltei pra casa. Rogério não estava, tem que fazer o serviço dele, infelizmente e eu não tenho conseguido ficar sozinha em casa. Liguei pra Rafa e ela veio com o Luiz Arthur ficar aqui comigo.

Ultimamente, não tenho conseguido dormir direito, minha cabeça está o tempo todo com eles lá na UTI.

Depois que o Rogério chegou, me despedi da Rafa e do meu afilhado, ele jantou, tomamos banho e fiquei rolando na cama, enquanto ele me fazia cafuné.

— Amanhã vou ficar lá com vocês. — me deu um selinho.

— Sério, amor?

— Muito sério. Vocês são a minha vida, não tem lógica eu ficar longe. — o abracei forte e ficamos ali, apenas existindo.

(...)

Dei bom dia aos recepcionistas, nós identificamos, pegamos as credenciais e fomos pra perto da incubadora, Rogério ficou todo nervoso, segurando o choro. Ele quase não ia lá por isso e eu o entendia, era muito difícil pra ele, mas admiro todo o esforço que ele faz pra estar aqui.

A enfermeira nos preparou para pegá-los, botou a Fernanda no peito do Rogério e o Nathan no meu. Confesso que fiquei emocionada com a cena, eu amo a minha família, amo o homem que eu escolhi pra viver. Trocamos os bebês com a ajuda das enfermeiras, ficamos mais algum tempo até dar o nosso horário.

Rogério foi comprar uma água, porque estava muito nervoso, chorava como criança e eu já não sabia mais o que fazer, e a enfermeira me chamou, fui imediatamente e a médica que estava no plantão me esperava.

— Você é a mãe do casal de gêmeos, né? - concordei com a cabeça. — Sente-se. — sentei na cadeira.

— Meu marido está ali fora, foi comprar uma água.

— Tudo bem, quando ele voltar a enfermeira o manda entrar. Bom, eu preciso conversar com vocês sobre o Nathan, ele nasceu um pouco mais fraco, como você já sabe. — Rogério entrou na sala.

— O que foi, amor? — passou a mão pela minha cabeça, me deu um beijo e ficou em pé segurando meu ombro.

— A doutora quer falar sobre o Nathan com a gente. — respirei fundo.

— Então, ele nasceu muito fraco e essa noite, ele teve uma complicação, as enfermeiras conseguiram reanima-lo, mas temos receio de que aconteça novamente e ele não suporte. Resolvi falar com vocês hoje sobre isso, pra já se preparem pro pior, mas não vamos desistir dele, vamos lutar e usar todas as nossas ferramentas pra que ele vá pra casa junto com a Fernanda. — comecei a chorar. — Mas em relação a ela, já temos avanços, como vocês viram ela já começou a sugar, e isso é um avanço e tanto.

— Doutora, eu sou meio burro com essas coisas. — falou segurando a onda dele. — Mas me fala, quais são as chances do Nathan suportar? Quanto eu tenho que dar pra isso acontecer? Pra comprar aparelho, sei lá, po. Qualquer coisa.

— Então, pai... As chances são imprevisíveis e não é por falta de recurso, nem por negligência nossa e muito menos de vocês. São coisas que acontecem na vida, infelizmente, fatalidades. Geralmente, gerações gemelares são assim. Mas como disse, vamos tentar de tudo pra ele ficar bem.