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MANUELA

Eu, sinceramente, não sei onde estou com a cabeça que não dei um retão nessa menina, cara. Depois que meus filhos nasceram, mudei muito, mas não morri, né? Ainda encaro qualquer uma que vier. Evito, mas não durmo com saco de desaforo atrás da porta.

Tô aqui no baile e não consigo mais gostar dessas coisas, me sinto mal porque o Rogério se amarra, mas eu não consigo. A cabeça tá sempre nas crianças, doideira.

— Vou no banheiro. — dei um selinho no Rogério e saí. Peguei a Rafa pelo braço e fiz ir comigo.

Ao passar pelo bondezinho, senti como se elas estivessem falando de mim ou da Rafa. Parei, dei uma olhada firme, pus a mão na cintura, não estava mais aguentando, tive que largar.

— Ta acontecendo alguma coisa?

— É comigo? — a tal da Jaque respondeu.

— Tem mais alguém além de você querendo tomar porrada hoje? — debochei.

— Ta se sentindo insegura comigo, linda? Que pena. Não tenho medo de você, tá?

— Insegura não, bonita. Quero saber qual é a tua, quer dar pra mim? Toda hora com esse sorrisinho besta, de deboche. Esconde o dente, ou fica vai ficar sem. — ela continuou rindo e eu perdi a linha, armei um e dei no nariz. Pronto!

Nem me abalei, ela caiu pra trás, mas as amigas seguraram, joguei o cabelo e segui pro banheiro. Fiz meu xixi tranquila, peguei o papel que tava dentro do sutiã, me sequei, joguei fora e fui pro espelho me arrumar.

Ao sair do banheiro, voltei pro reservado e nada do meu digníssimo marido e nem os filhotin de cruz credo. Enchi mais um copo de cerveja e saí a procura.

Andei pelo meio do baile e nada, já comecei a ficar puta e saí pra onde eles deixam os carros, ouvi uma falação e reconheci a voz do Pedrinho.

— Tá melhor? Tá doendo ainda?

— Já parou de sangrar, po. — reconheci também, a voz do Rogério.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora