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ROGÉRIO

Cheguei na salinha e a conversa parou, já tava ligado que o assunto era eu, Manuela e o Novin. Fidel tava com cara de poucos amigos e o Gordão, nem se fala. Dei um bom dia geral e fui pra minha função, vários cálculos pra fazer, várias rotas pra organizar, sem ideia também.

— Quero um particular contigo. — Fidel falou sequinho.

— Já é, chefe. Agora? — ele assentiu e seguiu pra sala dele.

Fui logo atrás já sabendo qual era a ideia, Renan me olhou com aquela cara de "fodeu" que ele faz. Nunca vi mais cagão, nem parece bandido.

— Dá teu papo da situação com a Manuela e o Novo.

— Po, Fidel, com todo respeito... Moleque é nada aqui, nós nem sabe a procedência dele, tá ligado? E tem esse bagulho da lei do comando. A mulher é mãe dos meus filhos, po.

— Mas ela namora ele? Tá levando ele pra casa dela? O cara convive com teus filhos? Porque ele me deu o papo de homem que só vê teus filhos na rua, brincando lá na rua da boca da Jane, e que até hoje, nem beijar a Manu ele beijou. Tu tá tão emocionado assim por quê?

— Já disse meus motivo, po. Nada além. Não quero meus filho vivendo com homem que não sei de onde vem.

— Teus argumentos não tão me convencendo não. — falou simples. — Tu sabe que eu, teu pai e falecido Domingão era fechado, né? Manuela é minha afilhada, tu é filho do Grande, os dois tem história e conceito, mas não quero tu entrando no caminho dela.

— Pô, Fidel, com todo respeito...— tentei falar.

— Não acabei não. Enquanto o cara não fizer nada de ruim pra ela, nem pras criança, tu tá proibido de se meter, de mandar da corretivo. Qualquer parada! Tamo entendido?

— Tamo, mas eu não aceito ver a Manu com outro, po.

— Problema teu, Kid. Fizesse a merda direito, escondesse o rabo, as provas, sei lá... Agora o papo é outro. Tu pode não aceitar, mas tem que respeitar. Não quero cobrança fútil nessa porra! É tudo pelo movimento, vaidade aqui não tem vez. Só se ela fosse tua mulher ainda, aí os dois estariam errados.

— Tá entendido. Mas se ele vier de abuso, não vou aliviar não. — falava sem abaixar a cabeça.

— Se ele vier é outro papo. Tu tá trabalhando muito com "se", tá emocionado pra caralho. Tu é bandido, porra! Toma postura. — falou e saiu.

Engoli a seco tudo o que ele me falou. Não sou de tomar esporro aqui, tá ligado? Vivo bem pra caralho e ainda sou exemplo. Agora vou tomar esporro por causa de Novin? Vai tomar no cu pra lá.

E se antes eu tava com ódio, agora eu to com 100 vezes mais.

— Toda vez que eu puder atrasar esse filho da puta, eu vou. — falei baixo com o Renan assim que saímos da sala.

— Quem, porra? O Fidel?

— O Novo.

— Sai dessa, viado. Deixa a Manu pra lá, po. — falou negando com a cabeça.

— Ta maluco, cara? — bronquei. — Homem nenhum vai viver na vida dos meus filhos não, po.

— Ta maluco você, né irmão? Tá com medo de quê, porra? Tu é presente pra caralho na vida dos moleque, o cara sabe toda e qualquer procedência das leis do movimento. Tu tá é com orgulho ferido, po. Ta mordidinho ai, com ciúme porque tu ainda achava que ela ia voltar atrás.

— Vai se foder, Renan! Quero nada com Manuela não. — menti.

— Quer não, po. — riu debochando e subiu na moto. — Bó resolver as pendências desse morro, filhote. Ciuminho não vai dar em nada não.

Dei mó dedão pra ele e subi na minha moto também.

Passei o dia todo com a cena na cabeça, eu tô pouco me fodendo pro que isso vai dar, mas sempre que eu puder atrasar o Novo, eu vou. Foda-se! Vamo ver quem vai ficar com quem nessa porra...

META
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