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Olhei o relógio e já eram 22h, comecei a me despedir do pessoal, e a Rafa resolveu ficar lá.

— Vou contigo pegar a bolsa, amiga. — Evelin disse e fomos andando até o carro, mas, no meio do caminho, apareceu uma menina cheia de onda pro lado dela, falou uns negócios que eu não entendi muito bem, mas como fazia muitos gestos, eu entrei na frente e dei um empurrão na garota, nisso, apareceu outra me segurando.

— É judaria? — disse cheia de atitude.

— Ih garota, se adianta. Me erra! Gosto dessas palhaçadas não. — e nesse meio tempo, a Evelin começou a se atracar com a menina.

Arranca cabelo, puxa de um lado, puxa de outro, abriu aquele clarão, sabe? Todo mundo parou pra ver. Enfiei o telefone nos peitos, e agarrei a Evelin pela cintura e uns amigos do Tiguin chegaram pra tirar a menina com as amigas dela. Saí puxando a Evelin na direção do carro pro carro e a menina chorava tanto tadinha, que dó.

Arrumei o cabelo dela, enxuguei as lágrimas e ela me abraçou. Naquele momento, meu mundo caiu. Tá ligado quando você sente que a sua amiga não tá feliz de verdade? Que ela finge pra não mostrar pro mundo que tá na merda? Então... Foi isso que eu senti.

— Amiga, eu não aguento mais. - soluçou. - É sempre assim, mulher me afrontando na rua, fake de facebook falando de mim, mensagem no insta, Fernando sumido. Várias noites sozinha em casa. Eu não aguento mais.

— Mana, você quer ajuda? Quer sair disso? Eu te ajudo. Eu to aqui. Tu não precisa ficar passando por isso não, cara. - fui interrompida pelo Tiguin que chegou gritando, brigando e eu entrei no meio.

— Sai, Manu. - ele me empurrou, saiu puxando a Evelin pelo braço e eu até tropecei.

— Resolve em casa, Tiguin. A menina que veio, ela não fez nada. A gente tava de boa. Não faz isso aqui não, cara. Feião pra vocês dois. Parece que ela tá errada.

Ele abriu o carro, peguei as minhas coisas, e a Rafa apareceu do nada também, pegando as dela. Evelin entrou no carro, ele saiu até cantando pneu, fiz minhas orações e pedi a Deus pra proteger a Evelin, sei lá o que esse cara é capaz.

Isso é coisa que eu não consigo aceitar, já apanhei muito do meu pai, já passei muita vergonha por causa dele. Homem que levanta a voz pra mim, me faz passar por essas provas, já era. Nunca mais. Mas, eu não posso julgar ninguém, cada um escolhe a sua vida.

— Ou, to indo. - cutuquei a Rafaella.

— Jeferson falou que leva a gente.

— Vou de mototáxi mesmo. Tenho horário e nem sei quem é Jeferson... - dei as costas e saí.

Um carro parou do meu lado, olhei de relance, já tava puta né? Nego ainda quer me atentar. Era o Jacaré.

— Vem, po. Te levo!

— Ué, agora que tu me viu? - dei de ombros. - Vou em lugar nenhum contigo. - acelerou o carro e me fechou. - Insistente, ein.

— Po, qual é a tua? - saiu do carro. - Tu não dá moral pra ninguém, po.

— Minha nenhuma, cara. Sai fora, me deixa ir pra casa.

— Tu ainda vai se arrepender de não me dar moral.

— Se eu me arrepender, vai ser problema meu né? E duvido que me arrependa, gosto de homem que finge que não conhece não.

— Que? — veio pro meu lado e eu parei, olhando firme em seus olhos.

— Tu entendeu, passa batido por mim no meio dos outros, finge que não me conhece e depois quer oferecer carona? Sou essas emocionada que tu come não. Agora rala! - cruzei os braços e ele voltou puto pro carro, murmurando alguma coisa.

Desci a ladeira, peguei o mototáxi e vim pro meu morro. Cheguei em casa, procurei e nada de Dona Vandete, tomei um banho, troquei de roupa e meu telefone tocou, olhei e tinha mensagem do Rogério. Abri a porta e ele tava no portão, de carro.

— Oi?

— Tava te esperando.

— Percebi, né? — respondi simples.

— Bora dormir junto hoje?

— Só dormir, porque tô estressada.

— Só dormir, po. Vou te respeitar.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora