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MANUELA

Acordei atrasada como sempre, levantei correndo, fiz minha higiene, me arrumei de qualquer jeito, peguei um biscoito doce e guiei pro curso.

Eu nem acredito que hoje tenho que dobrar, puta que pariu. Acordar cedo, ir pro curso e à tarde ficar na loja, mas eu é que não vou reclamar, né? Segunda-feira é feriado, não tenho aula e não tenho que trabalhar. Isso só me cheira a um final de semana daqueles.

Meu dia tava insustentável, eu estava pagando todos os meus pecados e sem parcelar, me estressei com professor, me estressei com cliente, enfim... só queria que desse 19h pra ir embora.

Fechei a loja e saí pela rua, passei na moça que tem aqui perto, comprei um salgadão de queijo e presunto e uma coquinha, fui pro ponto comendo e logo o ônibus chegou. Tava quase dormindo, ouvindo uma musiquinha e meu telefone vibrou.

📩 Piranha 📩

Fala, chata.

Quié feia?!

Me empresta aquele teu cropped preto?

Eita, rápida hein. Nem usei, mas empresto. Vai se arrumar lá em casa?

Sai fora. Você compra um monte de roupa nova e não usa nada, custa nada. Vou sim.

Folgada pra caralho ein, então leva minha sandália que eu quero usar. Deixa eu tirar meu cochilo. Tchau.

Fim da Conversa.

Consegui cochilar no ônibus até chegar em casa? Duvido. A Rafa é foda, sempre me liga na hora errada. Tal de melhor amiga folgada é uó.

Hoje temos o aniversário da Evelin pra ir, a irmã mais velha dela. Já tô pensando no quanto vou jogar a raba naquele churrasco, gosto muuuuito. Sem contar nos bofes que aquele namorado dela conhece, né? Literalmente, a cara do crime.

Entrei em casa e dona Vandete estava costurando enquanto via novela.

— Benção, mãe. - deixei a bolsa no sofá.

— Deus te abençoe. - ela abaixou os óculos, me olhando por cima dele.

— Quié? - eu tirava o uniforme e ia andando até a cozinha pra pegar um copo d'água.

— Essa bolsa em cima do sofá, você só faz bagunça. Vai bagunçar seu quarto.

— Ih garota, tá na marcação séria hein? Deus me livre. - peguei a bolsa, a blusa e fui pro meu quarto.

Fiquei um tempinho lá escolhendo a roupa, tomei banho e comecei a me arrumar. Não demorou muito e a Rafa chegou, cheia de bolsa, parecia até que ia morar lá em casa.

— Sua mãe tá com a macaca hoje, hein. Já perguntou pra onde a gente vai. - riu deixando as coisas na cama.

— Falta de sexo isso. - passava a chapinha no cabelos, rimos.

Rafa começou a se arrumar também, enquanto fazíamos algumas fofocas, nada fora do costume.

— Menina, a Evelin disse que tem cada bofe lá... — suspirou. — Eu já to toda me tremendo.

— Depois eu que sou a piranha né? - ri - Mas olha, confesso que to doida pra saber. Um piru novo é sempre bom.

— Igual a você, não tem. - fiz careta.

Terminamos de nos arrumar, fiz minha make e fiz a dela. Eu sou um nojo fazendo isso, adoro!! Tiramos uma foto e fomos saindo do quarto. Quando chegamos  na sala, minha mãe nos deu aquela filmada clássica.

—  Olha a hora hein. — dona Vandete deu seu recado.

— Tô de relógio. - balancei o braço debochando.

— Você acha que eu tô brincando? Não me testa não, garota. Fica sem festa, sem relógio e sem braço. — disse segurando o riso.

— Tá, mãe. Tá. Sua benção. — mandei um beijo e saímos.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora