Encarando meu maior trauma

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A noite continua e eu vou novamente ao banheiro depois de me certificar que Guilherme não estava perto. Ainda precisava fazer xixi e depois de beber umas 2 garrafas de água pra tentar me acalmar, a vontade de ir ao banheiro só aumentava.

Entrei na cabine e me encosto na porta me apoiando por um momento pra respirar, a música estava completamente abafada pela porta e foi a primeira vez que eu consegui realmente parar e ouvir meus pensamentos.

Minhas pernas fraquejam no primeiro soluço choroso que escapa da minha boca, me agachei no chão pouco me importando que era um banheiro de balada. Agarrei meus joelhos escondendo meu rosto e me permitindo chorar.

Como pode uma pessoa que você não vê há meses ter tanto poder sobre você? Senti meu coração disparar e minhas mãos suavam frio. Deixei as lágrimas rolarem e me levantei finalmente indo fazer xixi.

Travei na porta da cabine pra abrir e lavar as mãos, eu não conseguia. Não conseguia parar de chorar, não conseguia colocar esse sentimento de volta pra dentro. Eu só queria que tudo ficasse bem de novo.

Limpei as lágrimas, mas elas não paravam de sair.

-Tem alguma Ana aqui?- ouço uma voz no banheiro.

Que?

Abri a cabide movida pela curiosidade mesmo com meu rosto inundado de lágrimas.

-Eu?- me virei pra loira perto da pia.

-Tem um Gabi te esperando na porta. Acho que ele é estrangeiro. Ele quer saber se você está bem- ela dá de ombros e entra em uma cabine.

Merda.

Joguei uma água no rosto e sequei os pontos da minha maquiagem que estavam completamente derretidos e borrados. Respirei fundo e sai do banheiro.

Encontro Gavi de braços cruzados encostado na parede da frente.

Ele entristece sua expressão e se aproxima tirando uma mecha de cabelo do meu rosto.

-O que foi? Você demorou e tá com cara de choro.

Abracei sua cintura e apoiei minha cabeça em seu peito.

-Desculpa, precisava dar uma respirada. Não aconteceu nada de novo.

-O que eu posso fazer pra você se sentir melhor?- ele me abraça confortavelmente em seus braços.

Talvez fosse hora de ir embora, antes que algo pior acontecesse, antes que eu me sentisse pior.

-Tudo bem se a gente for embora? Acho que já deu pra mim- me desfiz do abraço.

-Claro, meu amor. Vou buscar sua bolsa e nossas comandas- ele me dá um selinho e se afasta.

Sai do corredor do banheiro e me encostei na parede lateral fechando os olhos e esperando que Gavi voltasse logo. Sinceramente? Eu me sentia uma fracassada de não aguentar a presença de Guilherme, mas era melhor ir embora do que tentar aguentar uma situação claramente inviável pra minha saúde mental no momento.

-Aproveitando a noite?- uma terrível voz conhecida surge perto de mim.

Abri os olhos em choque e me virei engolindo a seco.

Guilherme.

Não. Não. Não.

-O que você quer?- minha voz soa cansada.

-Nada, só vim conversar com uma velha amiga- dei dois passos para o lado me afastando mais dele.

Quero que ele se foda. Olhei o sorriso cínico em seu rosto e só consigo dar as costas e ir embora. Eu só precisava achar Gavi, nós iriamos embora e eu nunca mais ia lidar com esse babaca.

O Jogador e a brasileira- GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora