A calmaria dos seus braços

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Corri para a porta do apartamento o destrancando o mais rápido possível, eu só conseguia pensar nisso: estar segura. Estar trancada no apartamento. Me sentir segura de novo.

Fechei a porta atrás de mim depressa e a tranquei em seguida sentindo finalmente todo o sentimento ir pra fora. Talvez fosse a adrenalina lentamente baixando depois de todo aquele estresse. Tudo que eu consegui fazer foi sentar no chão e chorar.

Eu estava em casa, nada tinha acontecido, mas eu sentia meu corpo tremer tanto que minha mente não conseguia programar que eu estava segura.

-Aninha?- ouço uma voz conhecida.

Merda.

Não me dou o trabalho de olhar para o lado. Continuo olhando para a parede na minha frente enquanto choro e choro.

Em poucos segundos Gavi e Pedri se agacham na minha frente preocupados.

-O que houve? Você foi assaltada?- Pedri questiona e eu nego com a cabeça- Por que você ta assim?

-Eu...- tentei começar a falar, mas meu choro piora.

Não conseguia pensar. Não conseguia respirar. Não conseguia me comunicar. Minha mente tava bloqueada pela imagem do carro me seguindo. Do comentário nojento. Do medo que me atingiu.

-Pega uma agua pra ela- Pedri pede baixinho pra Gavi que sai em disparado para cozinha.

-Respira fundo- ele alisa meu cabelo- respira fundo e se acalma. Ta tudo bem. Foi alguma noticia?- neguei- Foi algo que aconteceu na rua?- assenti.

Gavi volta e me entrega a agua. Tomei alguns goles com as mãos tremulas, mas logo entrego o copo para Pedri. Não conseguia tomar nada agora. Sentia meu estômago na minha boca, eu só torcia pra não botar pra fora todo meu almoço em cima dos dois.

-Vamos sentar no sofá pra você ficar mais confortável- Gavi sugere se levantando e dando as mãos para me ajudar.

Meu corpo ainda tremia, mas eu aceitei mesmo assim. Assim que meu corpo se levantou, foi automático, me joguei ao redor do Gavi o agarrando com força enquanto continuava a chorar. Ele pareceu um pouco surpreso na hora, mas logo me abraçou de volta.

-Ta tudo bem, meu amor. Você vai ficar bem- ele afaga meus cabelos.

Sentamos no sofá, mas eu continuava parcialmente abraçada em Gavi. Eu tentava não foca rem nada além da minha respiração como minha terapeuta tinha me ensinado, respirar fundo e soltar com calma. De novo. E de novo. Os dois ficaram comigo em silêncio por mais de 15 minutos, Gavi me abraçando e Pedri acariciando meu braço até que finalmente eu consigo parar de chorar.

-Quer nos contar o que aconteceu?- Pedri pergunta com cautela.

-Eu... Eu tava vindo pra casa a pé quando um carro preto começou a andar devagar ao meu lado, ele abaixou o vidro e tinha dois caras lá dentro que pareciam ter o dobro da minha idade- suspirei lembrando da cena horrorosa- eles começaram a falar que... A falar que...- merda, eu não conseguia reproduzir aquilo- eles falaram coisas nojentas. E eles não paravam de me seguir e... Não sei, no Brasil é comum esse tipo de assedio e cantada na rua, mas foi mil vezes mais apavorante aqui. Desculpa, não sei porque fiquei assim eu só...- senti um nó se formar na minha garganta- uma hora eu só realmente achei que algo ruim fosse acontecer, que realmente eles iam... Sei lá.

-Filhos da puta- Gavi xinga irritado.

-Eu sinto muito que isso tenha acontecido, Aninha- Pedri lamenta.

Assenti e finalmente me desfiz do abraço de Gavi.

-Me subiu um pânico muito grande, não sei explicar- abracei minhas pernas- obrigada por terem me acalmado. Ainda bem que vocês estavam aqui, não queria ficar sozinha.

O Jogador e a brasileira- GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora