Indo atrás de problema

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Precisava sair e tomar um ar me sentia sufocada e sem saída.

-Traz chocolate, por favor!- Lupe pede e eu assinto.

Desci para o carro e assim que entro eu decido ligar pra minha salvadora número 1: Sira.

-Oi amiga, ta sumida- ela me atende logo.

-Eu sei, desculpa, essas semanas estão caóticas. Não quero ser a amiga que só te procura quando precisa de ajuda, mas...

-Pode falar, sou toda ouvidos- ela me incentiva.

Respirei fundo pensando em como contar toda a situação sobre o Gavi sem ter que expor toda a minha situação.

-Eu e Gavi estamos péssimos, ele tá muito estranho comigo na última semana e foi passar o fim de semana em uma chácara com os amigos pra comemorar o aniversário de um deles. E eu acabei de descobrir que a Pelayo tá lá.

-Esse merdinha...- ela xinga e eu não consigo segurar a risada.

Amava as reações sinceras de Sira.

-Amiga to com medo dele me trair ou me trocar.

-Para com isso. Ele não é nem maluco. Me explica melhor isso, ele ficou estranho do nada?

Expliquei toda a situação e como passamos a semana, contei também das rejeições, de estar vendo menos ele, que discutimos algumas vezes. Ela me ouve atentamente, mas pelos seus poucos comentários, sentia que não era coisa boa.

-Essa briga de vocês foi pelo o que exatamente?

-Ah, foi besteira- desculpa, Sira, não tem como te contar.

-Estranho... E vocês se resolveram na hora e ficou tudo bem no dia? Foi tudo resolvido?

-Sim- bem, quase...

Sira fica em silêncio por um momento o que me deixa ainda mais nervosa.

-Gavi te avisou desse aniversário quando? Onde tá sendo?

-Faz uns 3 dias, foi meio em cima da hora. Ele me mandou o endereço e tudo, mas estranhei ele me contar tão em cima da hora. É umas 3 horas daqui a chácara.

-E ele não te contou que ela ia? Você descobriu isso do Pedri?

-Sim... é muito ruim? Eu to muito na merda?

Eu sentia meu coração palpitar. Gavi ia terminar comigo, até Sira sabia disso. Estava na cara e só eu não enxergava. Era isso. Eu perdi ele, perdi ele porque sou uma problemática, alguém difícil de lidar, ele só não terminou na hora por dó.

-Olha... Você disse que foi uma discussão boba, então eu não considero que ele estar estranho com você tenha a ver com isso. Acho que ele está estranho por outro motivo e ele ir ver a Pelayo sem você saber soa muito mal nessa história. Não queria te falar isso, Aninha, mas acho que esse fim de semana lá vai ser... complicado.

-Eu to errada de estar morrendo de ciúmes dele estar com ela lá?

-Errada?- ela ri seca- se fosse o Ferran, eu já tinha aparecido lá e tirado satisfação com ele cara a cara. Pra ele parar de ser desaforado- ela dá risada- acho que é válido uma conversa quando voltar e...

Parei de escutar o que ela falou depois disso. Era isso. Eu podia ir até lá e cobrar isso ao vivo de Pablo.

Ele me trata mal a semana toda e depois vai passar dois dias com a ex sem me contar? Não, não ia mesmo. Ele ia pelo menos admitir as coisas na minha cara.

-Brigada, Sira. To muito melhor! Você é incrível- agradeci quando ela parou de falar.

Sai da garagem e coloquei no GPS o endereço que Gavi me passou, se é que era o correto, estava dando pouco menos de 3 horas.

Ótimo.  Eu teria 3 horas pra pensar no que eu ia falar pro Pablo e como eu ia enfrentar essa situação.

Pra mim só existia duas possibilidades pra essa viagem: eu e Pablo íamos sentar, conversar e nos resolver com seja lá o que for que ele esteja incomodada, ou ele ia terminar comigo e possivelmente me achar maluca de ter ido lá.

Estava há quase duas horas na estrada já quando meu celular começa a tocar.

-Aninha? Cadê você? Achei que tinha morrido no mercado- Lupe reclama- o filme já até acabou!

-Mudei de planos, não fui no mercado.

-Ué? Foi pra onde?

-Vallencia.

-QUE?- ela grita- A culpa é sua, Pedro- ela briga com ele ao fundo.

Eles discutem baixinho e logo Pedri aparece na ligação.

-Aninha, minha querida amiga, onde você ta?- pergunta ansioso.

-Estou há 47 minutos de Gavi e duas horas de vocês.

-Ta, para em algum restaurante 24 horas ai, eu e Lupe vamos ai te buscar- pede manso.

Ótimo, ele me acha maluca também.

-Pedri, eu to indo ver Gavi e é isso- desliguei a ligação.

Ignorei o resto das ligações e mensagens que eles mandaram tentando me persuadir. Eu ia até o fim agora e pronto.

Cada minuto que nos aproximávamos da chácara eu ficava mais e mais nervosa. Talvez eu realmente estivesse maluca de decidir ir do nada pra lá, mas eu sei que não ia aguentar passar esses dois dias longe de Gavi imaginando o que passava pela sua cabeça e o que ele andava aprontando.

Finalmente cheguei no portão da chácara. Bom, era hora de ligar pra Gavi e pedir pra ele me encontrar ali, mas ao pegar meu celular vejo que estou sem sinal, ele tinha me avisado que era muito difícil pegar sinal por ali.

Respirei fundo e desci abrindo o portão e entrando com o carro, eu já tinha ido até ali, não adiantava querer me acovardar agora.

Estacionei o carro na frente da casa e assim que desço do carro vejo a porta se abrir, eles perceberam o movimento. Quem sai é Nico com uma expressão confusa no rosto.

-Aninha? O que faz aqui?- ele me cumprimenta com um abraço.

-Oi, Nico, desculpa invadir seu aniversário- ri sem graça- sei que parece loucura, mas precisava muito conversar com Pablo e ele não me atendia, acho que tá sem sinal.

Ele me olha preocupado.

-Nossa, aconteceu algo sério? O sinal daqui é realmente ruim. Ele deu uma saída, mas deve estar voltando.

-Não, nada muito sério, mas era algo meio urgente- sorri amarelo- você sabe se ele vai demorar?

Ele olha a hora no celular por um momento.

-Já deve estar chegando na verdade, ele só foi buscar a Anita na rodoviária.

Ele foi buscar ela???

Ele me convida pra entrar, mas antes que eu respondesse avistamos uma luz de farol de carro se aproximando. Gavi.

Gavi e Ana.

-Vou deixar vocês conversando, mas fique a vontade pra ficar o fim de semana com a gente! Já tinha falado pra Gavi pra ele te chamar- que?

Então Gavi realmente não me queria aqui.

Ele entra na casa e assim que consigo enxergar o rosto assustado de Gavi no carro ao me ver, eu só tenho uma certeza: eu vou matar esse menino.

Ele estaciona o carro atrás do meu e fala algo pra Pelayo no carro, ela assente e desce entrando na casa me dando um sorriso como cumprimento. Não retribui porque meu olhar estava completamente focado em Gavi. Ele desce do carro com a expressão confusa e vem em minha direção.

-O que faz aqui, Aninha?

-O que você tava fazendo com a Pelayo no carro?- cruzei meu braços ignorando sua pergunta- se você quer terminar, seja homem e assuma isso na minha cara.

O Jogador e a brasileira- GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora