O date que deu tudo errado

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Eu estava tão nervoso que minha mão até suava. Não sei a razão. Não tinha ido em muitos encontros na minha vida, mas não deveria estar nervoso com Aninha, já nos conhecíamos, eramos amigos. Seria um bom encontro.

Aninha finalmente abre a porta e... Uau, ela estava linda, com um vestido preto justo e um salto rosa que quase a deixava do meu tamanho. Ainda bem que quase.

-Oi, Aninha- sorri tentando volta a atenção ao seu rosto- você está linda.

-Oi, Pablo- ela se inclina beijando minha bochecha- você também não ta de jogar fora- ela pisca.

Descemos até o carro que Aninha alugou para ficar enquanto morava na Espanha. Meu deus, eu preciso aprender logo a dirigir.

-Espero que você seja um bom copiloto, Gavi- ela brinca entrando no carro- abre o porta-luvas e pega a rasteirinha ai dentro, por favor.

Fiz o que ela pediu entregando o sapato preto pra ela.

-Você anda com um segundo sapato no carro?- questionei confuso.

-Ta maluco que eu vou dirigir de salto alto fino? Quer que a gente morra?- ela liga o carro e eu vou guiando ela até o restaurante.

Escolhi um dos meus restaurantes favoritos de massa na espanha. Aninha parecia impressionada com a decoração do lugar quando entramos. Escolhemos nossos pratos e começamos a jogar conversa fora quando eu começo a perceber a atenção da garota pelas outras mesas.

Eu também tinha percebido, mas já estava mais acostumado. Fofoca ali, enxeridos aqui, umas fotos nada discretas.

-Você ta muito incomodada?- perguntei preocupado.

Ela arregala os olhos de leve e sorri tentando disfarçar.

-Não, não, claro que não. Desculpa. Só me distrai um segundo.

E então lembrei do que ela disse a primeira vez que saimos com meus amigos, sobre como a minha namorada ia sofrer por causa da minha fama e minhas fãs.

-Aninha- chamei manso- quer pegar a comida e ir comer lá em casa?

Ela nega com a cabeça nervosa.

-Não, não, desculpa sério. Não ta me incomodando. Ta tranquilo.

-Vamos. É melhor. Menos fofoca e dor de cabeça pra amanhã- ela me encara se sentindo culpada- e sei la né... arranjei a desculpa pra te levar pra minha casa.

Ela da uma risada verdadeira e eu suspiro aliviado, consegui dar uma acalmada nela.

Pedi pro garçom embrulhar os pratos pra viagem e colocar um vinho também. Assim que paguei a conta saimos até o carro em silêncio.

-Sério, Pablo, to me sentindo mal por ter estragado nosso encontro.

-Para com isso. Você não estragou nada, eu que falei pra gente ir embora. Até eu tava incomodado com tudo aquilo, demos azar no dia de vir, acho- dei de ombros- eu não te chamei pra sair pra vir no restaurante, eu te chamei pra sair pra ter sua companhia, independente de onde seja.

Fui guiando até a gente estacionar na frente da minha casa.

-Você mora sozinho?- pergunta apreensiva.

-Moro. Aluguei essa casa pra ficar mais perto do CT, mas de fim de semana vou pra casa dos meus pais quase sempre.

-Que horas você tem treino amanhã?

-Só a tarde, de manhã via rolar uma reunião importante dos chefões do barça com os investidores. Algo assim. Então mudaram o treino para a tarde. E sua faculdade?

Tava adorando o papo despretensioso que não tinha nada de despretensioso.

-Não tenho. Um dia de folga pós prova massacrante.

Coloquei a comida na mesa da cozinha e comecei a tirar os pratos, talheres e copos.

-Verdade, nem te perguntei, como foi sua prova hoje?

-Ai decepcionante. Eu sei que tirei a nota suficiente pra passar, mas, sei lá, esperava que fosse um pouco melhor, sabe? Não quero ser uma médica mediana.

Estendi o prato feito a sua frente e sentei a sua frente abrindo a garrafa de vinho.

-Você não vai ser uma médica mediana. Você vai ser uma médica extraordinária.

-Você só diz isso porque eu te chamei de jogador extraordinário- brinca rindo.

Revirei os olhos e servi uma taça de vinho para ela e outra para mim. Conversamos um pouco mais enquanto comiamos, mas assim que terminamos nossos pratos eu levanto indo me sentar ao seu lado.

E claro, como o desastrado que eu sou, consegui virar a taça de vinho em minha blusa durante essa breve movimentação.

Aninha gargalha enquanto alcança um guardanapo pra tentar me ajudar.

-Ah, deixa, nem gostava tanto assim dessa camisa- dei de ombros rindo também.

Alcancei o vinho servindo pra mim e fui colocar pra ela que estava com a taça quase vazia.

-Não. Não. Vou ficar na primeira taça mesmo- segurei o vinho bem acima da taça dela a encarando sem entender- preciso dirigir pra casa, Pablo, se eu tomar mais uma taça, já to ferrada se alguém me parar na rua.

Sorri malicioso e despejei mais vinho na taça.

-Acho que não vai ter como dirigir pra casa hoje, então.

-Você não presta, gatinho- ela da risada, mas aceita a taça e toma um gole.

Terminamos a garrafa de vinho no sofá entre muita conversa e risada e ignorando completamente o filme que tinhamos colocado pra ver. Paramos nos encarando por um segundo e eu me aproximo a beijando devagar. Sua mão vai até a minha nuca me puxando pra mais perto e a minha vai até sua cintura. Aperto sua cintura e aprofundo o beijo a puxando pra mais perto, ela passa as pernas ao meu redor subindo e rebolando de leve no meu colo.

-Eu tava doido pra te beijar há tanto tempo- admiti nos separando por alguns segundos.

Ela solta uma risada de leve me deixando curioso.

-O que foi?

-Parece bobo, mas quando você me rejeitou naquele jogo, tive certeza que não queria nada comigo, nem um beijinho- ela comenta falando do verdade e desafio.

-Vou te confessar uma coisa- ele me da um selinho- eu pensei em te beijar lá e até queria- me dá outro beijo- mas seria muito broxante se nosso primeiro beijo fosse em um jogo de criança.

Ela abre um sorriso lindo e eu volto a beija-la. Subi minhas mãos por dentro do seu vestido apertando sua bunda.

-Quer subir?- perguntei separando o beijo.

-Quero- ela assente maliciosa.

Ela sai de cima de mim e eu a pego pela mão a guiando pela escada até o meu quarto.

Entramos no meu quarto e ela senta na cama observando cada detalhe do cômodo.

-Deixa eu só tomar uma ducha pra tirar esse vinho- disse indo pro banheiro.

Tirei aquela camisa manchada -que não sabia se poderia ser salva- e o resto da roupa entrando debaixo do chuveiro. Tomei um banho rápido colocando apenas uma cueca e uma calça de moletom.

Me olhei no espelho arrumando meu cabelo e respirei fundo. Era agora ou nunca.

Entrei no quarto de novo e... Parece que vai ser nunca então.

Aninha estava completamente apagada na cama.

Talvez escolher sair com ela depois que ela ficou 1 semana sem dormir estudando pra prova não tenha sido a melhor escolha. Suspirei um pouco frustrado, apaguei a luz e deitei ao seu lado puxando uma coberta pra nos cobrir.

O Jogador e a brasileira- GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora