Crise

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GAVI

Acelerei ao máximo as coisas lá dentro, queria me encontrar logo com Aninha e cuidar dela, mas eu não entendia uma palavra do que eles falavam já que a música estava alta e eles falavam acelerado.

-Amanda, fala que eu pago 1000 reais pra eles só me deixaram sair tipo agora- pedi pra garota agoniado.

Mais conversa que eu não eu entendo e finalmente alguém aparece com a maquininha. Passei meu cartão e disparei para fora da boate. Amanda disse que o segurança a deixou sentada na calçada.

Só queria pegar Aninha e sair dali, cuidar dela. Sabia que ela ia ficar chateada por eu ter batido no cara, mas como eu não poderia? Como eu poderia olhar no olho do homem que relou na minha namorada, fez a vida dela um inferno e ferrou com a saúde mental dela e não socar a cara dele? Era impossível.

Sai de lá e varri meu olho na calçada, mas ela não estava lá.

Virei meu rosto pro outro lado vendo um carro caro estacionado e Aninha parada perto dele. A porta do carro se fecha e o carro vai embora. Assim que isso acontece vejo-a cair no chão chorando alto. Me apressei me agachando ao seu lado.

-Ei, ei, ta tudo bem. Vamos pra casa, ta tudo bem- a abracei pelo ombro forte e tentei consola-la.

-Não ta tudo bem. Naõ ta nada bem. Guilherme vai me arruinar e vai te arruinar também. A gente ta na merda, Pablo. MUITO na merda.

Ela chorava tanto e sua respiração estava tão irregular que eu mal conseguia ouvir o que ela tentava me falar.

-Shhh, calma, se acalma- pedi manso- respira fundo comigo.

Vejo Thiago e Amanda saírem pela porta e se aproximarem de nós dois.

-Amiga?- Amanda chama se agachando também- vamos te levar pra casa, ok? Thiago vai levar vocês.

-Eu estraguei tudo. Julia vai me matar e vai me matar com razão. Eu sou uma imbecil. Eu vou ser processada por calúnia de novo por algo que aconteceu. Por algo que aconteceu e me rasga o peito todo dia. Que merda!- ela lamenta e se joga sobre meu colo chorando alto.

Meu peito aperta de uma forma que eu nunca tinha sentido. Ver Aninha assim era a pior coisa.

-Ta tudo bem, a gente vai resolver.

-Pablo, eu juro, eu juro que eu não to mentindo. Eu sei o que ele falou, mas é mentira. Ele... Eu juro que eu não menti, eu juro que aconteceu. Porra, como eu queria que fosse apenas uma mentira- ela me encara receosa como se... como se realmente estivesse se justificando pra mim.

-Amor, é óbvio que eu acredito em você. Você não precisa se explicar pra mim, minha linda.

Ela tira sua cabeça do meu colo e se senta novamente puxando as pernas e as abraçando chorando. Tirei meu moletom e cobri seus ombros com ele tentando a dar um pouco mais de conforto e a esquentar.

-Eu estraguei tudo. Isso não podia acontecer. Isso não podia acontecer- ela parecia ignorar tudo ao seu redor.

-Eu acho que ela ta tendo um ataque de pânico- Thiago comenta e se agacha também tentando ter a atenção de Aninha.

-Ei, Aninha, olha pra mim. Eu sei que isso parece o fim do mundo, mas não é. O que você ta sentindo, esse aperto, essa angustia, ela vai passar- ele explica calmo, mas não parece surtir muito efeito.

Me sentia inútil. Me sentia culpado. Me sentia com mil sentimentos a flor da pele. Ela estava com medo do que ia acontecer por eu ter batido nele.

-Isso não podia ter acontecido. Ele vai estragar minha vida de novo. De novo!- de repente ela se vira pra Amanda- por que você não me contou que ele ia estar aqui? Por que você fez isso?- pergunta inconformada.

O Jogador e a brasileira- GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora