Ela sorri atrevida.
-Achei que sua primeira pergunta seria sobre a camiseta- essa dai gosta de provocar, hein.
-Essa seria minha segunda pergunta- tentei manter a calma- você ta passando mal? O que foi?- ela nega- eu ouvi barulho...
-Alucinou, Pablo. Devia estar com a cabeça em outro lugar... tipo na sua ex. Foi bom o papo com ela?
Cruzei meus braços irritado.
-Deve ter sido tão bom quanto o seu com o Antony- dei um puxão de leve na blusa- sério que colocou essa blusa pra me provocar?
-Eu sujei a minha, seu imbecil- ela me empurra e começa a fazer caminho pra voltar pra cima de novo.
Vou atrás e seguro seu pulso a virando pra mim.
-Quer meu moletom?- ofereci.
-No momento eu só quero que você vá a merda, mas obrigada por oferecer- a cada dia mais debochada, impressionante.
Revirei os olhos e segurei seu ombro a virando de vez pra mim. Ela não parecia bem.
-Tem certeza que tá tudo bem? Quer ir pra casa?- fiz carinho no seu cabelo, mas ela se afasta do meu toque e dá dois passos pra trás- por que você ta tão na defensiva? Eu sei que você ta brava, mas eu só quero saber se você está bem.
-Eu to ótima, pode voltar pra cima com a Pelayo.
Passei a mão no rosto frustrado. Que merda. Eu devia ter avisado que ia conversar com a Anita. Aninha interpretou tudo errado e eu só to fazendo merda.
-Amor, Lupe me mandou uma mensagem e contou o que aconteceu entre vocês duas, fui falar com ela porque ela te desrespeitou e eu achei que deveria conversar e cobrar que ela se desculpasse com você e não te tratasse assim. Foi só isso, eu juro.
-Me dá um tempo, Gavi. Por favor- ela abraça o próprio corpo e vejo seus olhos se encherem de lágrimas.
-Me fala o que ta acontecendo. Você não ta bem. Aconteceu alguma coisa a mais? A Pelayo te disse algo a mais?
Ela nega com a cabeça. A puxei de leve pra um banco que tinha ali do lado e a sentei lá enquanto ela começava a chorar em silêncio.
-Fala comigo, por favor.
-Na verdade, eu aceito seu moletom sim- pede encarando o chão.
-Você ta com frio?- ela assente. Arranquei o casaco e a entreguei.
-Desculpa não ter contado que a Pelayo foi minha primeira, não quis te magoar e no fim criei uma mágoa muito maior. Sinto muito que ela tenha te tratado mal, isso é inadmissível e eu conversei sobre isso com ela, ela disse que queria conversar e te pedir desculpas, mas tudo bem se você não tiver bem ou não quiser.
Ela não me responde nada, apenas veste o casco e fica em silêncio. A puxei pra um abraço, mas ela se afasta na hora tomando distância. Caralho, o que tava acontecendo? Tinha algo muito de errado e eu não estava enxergando.
-Amor, fala comigo.
Eu já vi Aninha furiosa, mas rejeitar meu toque assim, nunca. Era como se meu toque gerasse aversão imediata dela. Vejo Pedri se aproximando com uma expressão preocupada.
-O que você fez agora?- Pedri me pergunta olhando uma chorosa Aninha encolhida no banco.
-Como você soube que a gente tava aqui?- estranhei, Pedri nunca vem na área de alimentação daqui.
Ele arregala o olho de leve e dá de ombros voltando a atenção a Aninha.
-O que foi, Aninha?- ele apoia sua mão no ombro dela, mas Aninha reage dando um tapa na mão dele a afastando de imediato dele.
Não. Isso não era normal. Eu podia até aceitar que ela tava muito magoada comigo, mas com Pedri? Ela desviar de um toque dele assim era mais que estranho. Eu só queria que ela falasse comigo.
-O que aconteceu?- ele me pergunta surpreso.
Dei de ombros. Não sei. Simplesmente não sei.
-Sobe lá em cima e vê se a Lupe ainda ta lá.
-Lupe? Por que Lupe? Por que eu?- Pedri me encara ansioso.
-Porque ela tava com a Aninha antes. Vê se ela sabe de algo. Eu hein- pedi baixinho.
Pedri sai e eu me viro pra Aninha de novo. Ela seca o rosto com as mangas do casaco e me encara indiferente.
-Podemos ir?
-O que você tem? Se você passou mal...
-Tira isso da sua cabeça! Eu não passei mal!- ela me corta irritada- olha, só bateu uma ansiedade um pouco forte e eu precisei de um tempo. To bem agora.
A encarei receoso, eu não conseguia acreditar muito nisso, não parecia verdade.
-100% verdade?- cobrei e recebo um olhar debochado.
-Quer falar 100% verdade depois de esconder que a Pelayo foi sua primeira?
Ia argumentar, mas vejo Ferran se aproximar apressado com o celular no ouvido.
-Ta, amor, cheguei aqui. E agora?- pergunta- ta. Aham. Ok. Pode deixar, pera.
Ele se vira pra mim e da um tapa na minha cabeça.
-Ai! Ta doido?- questionei passando a mão no local.
-Sira disse que você merece isso e que você não aprende- ele se vira pra Aninha- ela te mandou um beijo e pediu pra você ligar contando as fofocas do jogo o mais rápido possível.
Pedri e Lupe se aproximam e Aninha suspira frustrada se levantando do banco e se colocando atrás de mim, ela me abraça por trás e apoia sua cabeça em minhas costas.
-Podemos ir?- ela pede impaciente.
-Claro, linda- acariciei sua mão de leve.
-Vamos sair pra jantar hoje, então?- Pedri pergunta animado.
-Vamos?- Aninha sai de trás de mim e me encara confusa.
Tinha até esquecido esse detalhe. Sinceramente nem eu sabia se estava com paciência pra sair e Aninha claramente não parecia estar, mas era meu último dia com eles e eu não os via há um bom tempo.
-Eles falaram que você disse pra todo mundo jantar junto hoje- Pedri explica.
Me virei pra Aninha e alisei seu cabelo de leve, dessa vez ela não se afasta.
-Se não quiser ir, posso desmarcar.
-Não. São seus amigos. Eles vieram de longe, pode ir.
-A Pelayo vai estar lá...- a lembrei pra evitar estresse futuro.
Ela dá de ombros. Acho que nem Aninha aguentava mais brigar depois de hoje.
-Se resolveram então? Quero saber que que o Antony tava falando com você- o fofoqueiro do Pedri se aproxima curioso.
E ai eu me lembro disso também, não tínhamos conversado sobre isso ainda.
-Ele deu em cima de mim e eu falei que eu namoro um otário que testa minha paciência diariamente, mas infelizmente é o amor da minha vida, então não ia rolar. Agora podemos ir?- ela responde ríspida.
Eu sorrio abertamente e ela me encara sem entender.
-Você me chamou de amor da sua vida?
-E de otário e outras coisas- ela me lembra
Dei de ombros.
-Prefiro focar na parte boa.
Eu ainda estava com um pé atrás porque algo me dizia que Aninha estava escondendo alguma coisa. Mas depois de tanto caos nesse jogo, eu também concordava que só queria ir embora. A Pelayo ia embora amanhã. O Antony voltaria pra Inglaterra. O Xavi um dia vai me perdoar por ser expulso.
Puxei Aninha pra um abraço colocando meu queixo acima da sua cabeça enquanto a apertava forte em meus braços.
-Eu te amo, Aninha. Amanhã vamos conversar melhor sobre tudo isso.
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O Jogador e a brasileira- Gavi
Fiksi PenggemarQuando Ana se muda para Barcelona para terminar sua faculdade de medicina ela estava aberta para tudo que o destino lhe reservava, só não imaginava que o que lhe esperava era um marrento jogador de 18 anos do Barcelona que reviraria seu mundo. A ima...