Suco de maracujá

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GAVI

Estava terminando de arrumar minhas malas pra viagem de amanhã de manhã quando recebo uma ligação de Lupe.

-Oi, Lupita- atendi fechando o zíper da pequena mala de rodinhas.

-Oi, que horas é seu voo hoje?

-Mudaram pra amanhã de manhã, mas não vou no colégio hoje mesmo assim.

-Mas vai estar ocupado pelo dia?

Suspirei. Lá vem coisa dela.

-Do que precisa?

-Eu? Nada.

Ela fica em um irritante silêncio me fazendo revirar os olhos.

-Então quem precisa, Guadalupe? Por que me ligou?

-Sabe, eu não quero ser fofoqueira, mas já que você me perguntou...- era uma dissimulada mesmo- se você puder, acho que seria legal passar aqui pra ver Aninha.

Me deitei na cama olhando pro teto.

-Aninha? O que aconteceu?

-Ela ta mal. Algo com uma amiga do Brasil pelo que ela falou, não sei, mas ela não foi pra aula hoje e ta toda triste jogada no quarto. Acho que ela apreciaria sua companhia.

-Hm, não sei, Lupe, as vezes ela prefere ficar sozinha. Não quero ser invasivo.

Sim, estava preocupado com que Lupe disse, mas não queria invadir a privacidade dela, não sabia se já estávamos no ponto de nos abrirmos um pro outro esse tanto. Na verdade, em que ponto estávamos? A gente passava cada vez mais tempo juntos e cada vez mais tempo se beijando, mas não tinha uma conversa sobre isso. Era só gostoso e pronto.

-Bom, foi só uma dica, você sabe o que faz. Mas não queria que ela passasse a tarde toda chorando sozinha no quarto.

-Chorando?- ai ela me pegou.

-Sim, Pablo, é normal pra pessoas com sentimentos. Tchau. Boa viagem.

Ela desliga na minha cara irritada. Que merda, Lupe sabia exatamente como me atingir e como me manipular.

Mas ela tinha um ponto. Não queria que Aninha ficasse a tarde toda sozinha e triste. Pedri me manda mensagem avisando que já estava ali embaixo. Tínhamos que ir até o CT deixar uns papeis antes da viagem.

Entrei no carro distraído ainda com as palavras de Lupe na mente e pensando em como fazer algo legal pra Aninha.

-Você ta ouvindo alguma coisa que eu to falando?- Pedri reclama puto.

-Preciso de um favor quando sairmos do CT.

-Você me ignora e ainda quer favor?- diz inconformado- fala logo.

-Pode passar em um mercado comigo e depois me deixar no apartamento de Aninha?

Ele não me responde, olho pra ele que dirigia com um sorriso cínico no rosto.

-O que?

-Até ontem aquele era o apartamento de Lupe, agora é o de Aninha?- ele provoca- sim, podemos passar no mercado. Vai fazer surpresa pra namorada?

-Não somos namorados- corrigi emburrado- ela ta num dia ruim, vou fazer companhia pra ela e levar algo gostoso.

-Own, você ta apaixonado, Gavizinho.

Ele tava muito engraçadinho pro meu lado. Só revirei meus olhos e o ignorei. Chegamos no Barcelona e rapidamente deixamos os papeis lá, mas quando estávamos saindo lembrei de algo que Lupe tinha comentado. Pedi pra Pedri me esperar no carro e fui até a lojinha pegar o bendito lego do estádio que Aninha tanto queria e que eu tinha esquecido todos esses dias de levar como Lupe tinha pedido.

O Jogador e a brasileira- GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora