4 - Hogwarts, 1996

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Slughorn. Um homem ambicioso e hipócrita, que se esconde por trás de ex-alunos poderosos, pois nunca teve coragem o suficiente para encarar o poder de frente. Um covarde.

O professor sorriu quando ele entrou na sala; fez menção de cumprimentá-lo, mas ele apenas ignorou o homem. Olhando ao redor, ele percebeu que a última mesa estava vazia. Os frascos e as vidrarias brilhavam com a luz fraca das velas.

Ele andou até lá, ignorando o olhar de todos. Sentou-se no banco, entediado, e começou a checar o título dos livros que irão usar naquele bimestre.

Alguém entrou correndo pela sala, ofegando e causando cochichos. Ele não se importou em checar quem era, mas sua atenção logo foi atraída por um cutucão em seu braço.

Quem...? Ah. Angel.

— Vou ser sua dupla! - ela diz com a respiração controlada demais. Então é ela quem entrou fazendo cena, ele pensa.

— Não. - ele responde, voltando a olhar para os livros. — Sim. - ela retruca, se sentando no outro banco presente. Ele a observa de relance, vendo-a fuxicar em um frasco com alguma erva.

— Saia. - ele ordenou, e ela apenas o encara com uma sobrancelha arqueada, achando graça de seu tom.

— Ah, não tô afim não, lindinho. - ela responde. Ele a encarou de cima a baixo.

Suas roupas estão arrumadas e lisas hoje, diferente do dia em que se esbarraram na torre de astronomia há uma semana. Seus cachos continuam rebeldes, mas estão mais contidos agora. Seu rosto não está mais inchado, e ele percebe que sua pele é pálida, e cora facilmente. Sua pulseira tilinta cheia de berloques quando movimenta seu braço, e bate em uma das vidrarias, fazendo um barulho alto.

Ela se encolhe. — Desculpa! - sussurra para ele. Mattheo decide ignorá-la, entendendo que a garota não sairá dali e não querendo gastar suas energias com algo inútil. Slughorn passa a explicar sobre a poção que eles farão, e o garoto quer rir com a simplicidade da matéria.

— Caramba... Quando fiz os NOM's ano passado, não imaginei que Poções seria tão avançado assim... - a garota murmura consigo mesma, e ele segura o impulso de rir com sua idiotice. Aquela menina é estranha.

— Bom! Eu corto as lesmas azuis e você cuida da temperatura do ácido, que tal? - ela pergunta, virando-se para ele com um sorriso e estendendo a vasilha que continha o líquido esverdeado.

O menino retirou a vasilha de suas mãos, assim como a impediu de pegar as facas e as lesmas secas. Ela exclama, não entendendo nada, e se vira para ele. — Fique quieta já que vai realmente ficar aqui, e cale a boca. - ele diz antes mesmo que ela questione.

Ela parece querer retrucar, mas desiste. Se ajeita na cadeira, passando a observá-lo cortar os ingredientes e os colocar no caldeirão. Hora ou outra, exclamava quando percebia que ele não seguia as instruções do livro; mas ele não precisava. A poção do morto-vivo foi uma das primeiras que ele aprendeu quando criança. Mattheo sabia prepará-la da melhor forma.

Quando o líquido está pronto, ela se inclina sobre a mesa para poder espiar sobre o caldeirão; seu perfume atingindo o nariz do garoto. Chuva, maresia e dama-da-noite.

Ela é bem estranha.

— Cacete! Tá perfeita! - sussurra, olhando ao redor da sala - E você terminou antes de todo mundo!

O garoto revira os olhos, passando a guardar os ingredientes que não foram usados. Porém, Angel empurra suas mãos, encarando-o.

— Você já fez o treco todo. Deixa que eu arrumo isso.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora