54 - Hogwarts, 1996

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Ela já sentia o rosto quente pela bebida. Assim como sentia o corpo quente pelos olhares de Mattheo sobre si.

Maldito o dia que Eva comeu a porra da maçã.

Maldita seja a menstruação.

Ela observou as cartas que tinha, não entendendo mais nada do que acontecia. Sua atenção estava muito, muito longe do jogo. Ela só conseguia pensar naquele momento, há umas três ou quatro horas, quando Mattheo colocou-a de joelhos e mergulhou fundo em sua boca.

Em como os lábios dele pronunciaram o nome dela.

Em como ele agarrou os cachos, puxando-os tão forte que a fez lacrimejar.

Ela suspirou. Já havia perdido aquela rodada mesmo. Encarou Mattheo, as cartas dele estavam abaixadas enquanto ele a encarava.

Eu quero você - ela precisava que seu rosto dissesse. Ele sorriu, como se entendesse o recado. Não pode me ter agora, querida. Não seja gulosa.

Angel choramingou, voltando a olhar para suas cartas, fingindo que sua atenção estava ali. Saori encarava a todos com aquele olhar gélido dela; ela ficava assustadora quando sua competitividade ganhava a razão. Angel sempre tivera medo desse lado da amiga.

Draco estava sentado de uma maneira desleixada na cadeira; um braço apoiado no encosto e o outro no braço, segurando as cartas. Uma garota, pra lá de animada pela bebida, estava por trás da cadeira e fazia carinhos indecentes no peito do loiro, curvando o corpo para beijar o pescoço dele.

Há um tempo, Pansy havia descido, se juntado ao jogo, perdido e xingado todo mundo. E agora ela voltava com mais garrafas de whiskey de fogo, dançando animadamente com uma música que só ela escutava.

Nott estava quase tão sério que Saori. O que estragava sua pose de inabalável era uma menina - amiga da que apalpava Draco - que estava sentada no colo no moreno e assistia à partida com olhos confusos.

Já passava da meia noite, e grande parte dos alunos tinham ido se deitar. Os que ficaram eram do quinto ano para cima, e assistiam à partida, ou compartilhavam de seus estoques de bebidas. Ou transavam em algum canto mais afastado do salão. Tanto faz.

Angel murmurou xingamentos para Saori, que sorriu feito um gato que havia caçado um canário, quando viu que a carta da japonesa cobria todas as que ela tinha. — Passo. - cuspiu com raiva, fazendo a amiga sorrir ainda mais. Mattheo fez a jogada, e só naquele momento Angel percebeu que ele havia acendido um cigarro.

Ela observou quando os lábios se juntaram para expirar a fumaça. Em como ele inspirou fundo, os olhos fechados como se estivesse sentindo muito prazer em fumar.

Como se sentisse seu olhar, Mattheo voltou a encarar a garota; o peito dela começando a se encher daquela sensação estranha que vinha perturbando sua cabeça nos últimos dias. Ela olhou para os olhos dele, que brilhavam com um sentimento estranho, ela não conseguia reconhecer o que era.

Ele se sentia da mesma forma. Ela estava tão linda ali. Tão linda emburrada porque já sabia que perderia naquele jogo. Tão linda ao queimar e arder de desejo por ele.

Mattheo sorriu de ladino, assoprando a fumaça lentamente. Ela prendeu a respiração quando ele se aproximou, a boca do mais velho roçando levemente em sua orelha, antes de ele virar o rosto dela com os dedos no queixo da loira e beija-la.

Ela deixou as cartas caírem sobre a mesa e levou as mãos para os cabelos castanhos dele, os cachos mais definidos naquele dia. Suspirou contra a boca do moreno, o desejo que sentia por ele afogando qualquer razão.

Ele sorriu, ainda perto dela, e lambeu o lábio inferior da garota.

— Aí vocês dois! - Zabini gritou do outro lado da mesa - Se vão começar a se comer, vazem!

Angel riu, a boca ainda meio grudada na de Mattheo. Ele se afastou, mordendo e puxando o lábio inferior dela.

O Riddle voltou a fumar, encarando as cartas como se nada tivesse acontecido. Ela pegou as suas, que haviam caído viradas de cabeça para baixo na mesa - um alívio, e lutou contra o desejo entre as pernas. Ignorando a cachoeira de sangue que ela sentiu escorrendo.

Lorenzo gargalhou ao bloquear a jogada de Blaise, que xingou menino de várias formas. Draco apenas observava tudo, querendo sair dali e mergulhar, mesmo que por alguns segundos, entre as pernas daquela menina que beijava seu pescoço e ver se sentia alguma coisa.

Qualquer coisa.

𑁍

Meia hora depois, e Draco havia sumido junto com a menina mais nova. Para onde, ninguém saberia dizer.

Angel ria ao jogar a carta "+4" do uno no monte, Zabini xingando-a de diversos nomes. Ele havia começado com um "+2", e agora teria de comprar doze cartas.

Pansy bebia cada vez mais, e tinha negado toda oferta de jogar algo. Ela era uma péssima perdedora.

Saori tinha apenas três cartas restantes, e Angel, quatro. Mattheo havia saído na partida anterior, e agora apenas assistia, um copo de bebida na mão.

— Aposto quatro que a japonesa ganha. - Theodore disse, a voz meio embriagada.

— Eu aposto que a loirinha vai ganhar - disse Lorenzo, corado pela bebida - Porque ela tá sendo uma filha da puta depois que perdeu no truco.

Realmente. Angel ficou possessa quando perdeu pela segunda vez, então, quando eles disseram que jogariam uno, ela decidiu que seria uma pequena demônia e ganharia aquela merda. De uno ela entendia.

A garota sorriu diabolicamente, esperando Lorenzo jogar a carta dele. Um três azul. Ela lutou com a gargalhada quando Theodore continuou na cor, jogando um sete. Todos olharam para ela quando ela pegou três cartas - todas do número dois, de cores diferentes - e jogou no monte.

— Uno! - ela gritou rapidamente, impedindo Saori de fazê-la comprar mais. A japonesa era a reencarnação de satanás quando o assunto era "você não falou uno, compra duas!".

Mattheo assistia a cena, se divertindo. Sua garota estava uma graça com aquela atitude competitiva, e tudo o que ele queria fazer era deitar ela sobre aquela mesa e provar de seu corpo até desmaiar. Mas já tinha tentado tocá-la naquele dia, e ela havia dito "não posso, estou menstruada".

Ao caralho com essa menstruação. Quem se importava com o sangue era ela. Ele realmente estava pouco se fodendo.

Ele escondeu o sorriso quando ela jogou as cartas para cima, gargalhando e dançando ao vencer a partida.

O peito de Mattheo se aqueceu ao vê-la tão feliz. Tão linda e espontânea. Todos gargalhavam ao redor da mesa, vendo sua atitude infantil.

Ele não conseguia se lembrar de como era viver sem ela.

Viver. Não sobreviver.

𑁍

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora