112 - A Toca, 1997

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O coração de Angel retumbava tão alto, que ela não ficaria surpresa se alguém escutasse. Ela desceu as escadas sem prestar atenção em nada ao seu redor. Tinha pouco tempo até que os efeitos da poção acabassem.

Ela pulou os degraus, se desequilibrando algumas vezes enquanto tentava se ajustar ao novo corpo.

Ela viu algumas pessoas de cabelo ruivo enquanto corria pelos degraus; algumas tentaram falar com ela, mas Angel os ignorou.

A mochila era um peso em suas costas, mas também era um conforto. Sua corrente estava escondida por baixo da roupa.

Quando não tinha mais escadas para descer, ela olhou ao redor. Era uma casa bagunçada e confusa, mas Angel não tardou a encontrar um caminho.

Muitas pessoas entravam e saíam da casa, indo e vindo de uma mesma direção. Ela seguiu o fluxo, os ouvidos pulsando o eco de seu sangue; seus batimentos aceleravam a cada batida.

Ela não enxergava nada além do caminho que precisava tomar. Não permitia que os pensamentos venenosos de sua mente tomassem conta de seus sentidos. Daria tudo certo; ela escaparia e, se tivesse sorte, conseguiria mandar o irmão ir à merda.

A respiração de Angel falhou quando ela viu a porta. Queria chorar.

Ela apressou o passo, desviando-se das pessoas no caminho, e pisou no limite da casa.

Finalmente, depois de três meses, Angel estava livre.

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Ela esbarrou em muitos convidados. Todos sorriam e falavam com ela - não. Não falavam com ela. Falavam com George Weasley.

Ela apenas sorria e fingia tranquilidade.

Finalmente, todos foram chamados para a cerimônia, e ela conseguiu correr para a cerca dos fundos.

Ninguém reparou duas vezes nela.

Angel correu e correu, ignorando o pensamento sádico dela gritando que estava tudo sendo fácil demais.

Ela chegou até a cerca, ofegante.

Foi quando a festa atrás dela explodiu.

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Angel foi arremessada para o chão, as palmas se cortaram em pedregulhos da grama. Ela bateu o queixo na terra, os dentes trincaram com o choque.

— Merda. - ela xingou, apoiando-se nos cotovelos. Uma das alças da mochila havia estourado, o tecido se pendurava pelo ombro dela.

Angel se virou, bile subindo por sua garganta quando viu as sombras rodeando o lugar da festa. As sombras se agruparam, encorporando-se em comensais da morte ao redor de toda a propriedade.

Um arrepio desceu pela coluna dela. As mãos começaram a tremer com o medo de ser descoberta. Ela não podia voltar para lá. Não podia...

Angel se arrastou pela grama, cada centímetro sendo cuidadosa para que não chamasse atenção.

Não sou Angel agora. Sou George. Eles não vão reparar.

Os comensais estavam entrando pelas tendas, aterrorizando os convidados do casamento e arruinando a festa.

Ela continuou se arrastando pela grama fria, até que estivesse há dez centímetros da cerca de madeira apodrecida.

— Eles estão aqui! Encontrem Angel e Harry Potter! - uma voz gritou não muito longe de onde estava. Angel congelou.

O corpo dela foi tomado pelo pânico. Ela começou a tremer e ofegar, o medo inundando suas veias rapidamente. Seu instinto de sobrevivência estava falhando naquele momento.

Ela engatinhou até a cerca, sentando contra a madeira e ofegando. A grama estava mais alta naquela área, chegando em seu peito por estar sentada. Ela se encolheu, agarrando a mochila e respirando com força.

Não. Eles não vão te encontrar. Você não vai voltar para lá. Não vamos voltar para lá, Angel. - repetia como um mantra.

Ela ofegou, o corpo se retesou quando um som chegou a seus ouvidos. Tinha alguém do lado de fora da cerca.

Angel mal respirava, esperando.

Por favor, não me encontre. Por favor, não me encontre...

E então, ela soluçou.

Mattheo havia quebrado a tábua poucos metros à esquerda dela. Ele entrou na propriedade, atento aos arredores. Murmurou algo para trás de si e mais pessoas entraram. Pansy, Saori e Blaise.

Angel tremeu. Outro soluço saiu de sua garganta, e dessa vez Mattheo a ouviu. Ele imediatamente olhou para ela, franzindo as sobrancelhas ao ver George Weasley ali.

Ver George Weasley chorando ali.

Angel não tentou segurar as lágrimas. Ela tremeu, soluçando enquanto chorava de alívio.

Depois de três meses...

E eles estavam ali.

Ele estava ali. Ele havia ido e estava ali para buscá-la.

Mattheo assistiu George Weasley desmoronar. Onde estava a outra metade? Onde estava Fred Weasley?

Angel ofegava e soluçava descontroladamente. — Ai meu deus... - ela murmurou, tropeçando ao se levantar, a mochila rasgada caindo pela sua lateral. Angel chorava e tremia, aproximando-se dos amigos.

Eles assistiam George Weasley se aproximar com estranheza. O que ele estava fazendo?

— Não se aproxime. - Mattheo disse quando percebeu que George realmente estava indo para perto deles. George travou - O que está fazendo aqui? Onde está seu irmão? Nunca vi vocês separados.

Angel soluçou. — Mattheo...

— Onde ela está? Está naquela merda de festa? - ele perguntou desesperado e com raiva - Onde ela está?!

Mattheo assistiu o gêmeo tatear no peito, desesperado por alguma coisa. Pansy, Saori e Blaise estavam silenciosos atrás dele.

George Weasley suspirou, tirando algo por baixo da blusa. — Mattheo. Sou eu. - ele falou, e Mattheo ofegou.

O relicário estava entre os dedos de George Weasley. Mattheo perdeu a força das pernas, mas se manteve em pé. — Angel... - Saori suspirou atrás dele.

Angel-George sorriu em meio às lágrimas. — Vocês vieram. Vocês realmente vieram.

Mattheo se aproximou dela, confuso. — O que...?

Mas outra explosão aconteceu no local da festa, poucos metros longe deles. Mattheo não raciocinou direito quando agarrou a mão de Angel-George e a puxou pela abertura da cerca, correndo pelo campo e para longe d'A Toca.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora