31 - Hogwarts, 1996

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Ele andava pelos corredores frios de fevereiro, quando viu a amiga de Angel, Saori, ali. Ele já tinha reparado nela. Sempre com atitude, não se importava com o que pensavam dela. Ela era livre, e isso o deixava com inveja.

Uma garota também com traços asiáticos se aproximou de Saori, com um rosto triste. Foi aí que ele reparou que Saori chorava. A menina que se aproximou, Naomi, reconheceu ele, era amiga do Potter.

Ele ficou observando-as conversarem enquanto lágrimas escorriam do rosto de Saori. Ele era indiferente sobre ela, mas odiava Naomi. Aquela menina era uma cópia barata da Granger, sempre querendo saber de tudo, se intrometer em tudo. Ela era um pé no saco, na verdade.

Naomi reparou nele, encarando-o com nojo. Saori desviou olhar da janela, vendo-o também. Ele não entendeu o porquê de a garota tê-lo encarado com desgosto, mas ele também não se importava. Seguiu pelo corredor, notando rapidamente no anel que Saori estava usando.

Ela sempre usava muitos anéis. Notou isso quando se sentou à mesa para o café com ele e os garotos. Mas hoje só tinha um.

A pedra verde que estava ali não era estranha para ele, mas não conseguia pensar nisso agora. Ele seguiu para a comunal, dando falta de Mattheo. Merda. Onde ele está?

Subiu as escadas para o dormitório masculino, a porta de Riddle era a última. Ele bateu na madeira escura, esperando. Certamente não esperava que Angel abrisse a porta, alguns minutos depois vestindo uma camiseta do amigo, com os cabelos despenteados.

Os cachos dela sempre eram meio rebeldes, mas ficava pior quando eles dois transavam, notou Draco. Quanta violência.

Ele queria rir de seus pensamentos. A loira abriu passagem para ele, que adentrou o quarto. O cheiro de sexo lembrando à ele que estava na seca há um bom tempo. Ele olhou ao redor, vendo a cama bagunçada. Mattheo não estava ali.

— Cadê o Riddle? - perguntou. A garota bufou.

—Você nos interrompeu. Ele está no banheiro.

Ela havia ficado tão puta quando o Malfoy bateu na porta. Quase. Eles quase foram para frente. Ela estava sentada no colo do moreno, seus sexos se encontrando e os lábios se enroscando e... Toc toc. Ela realmente estava puta.

Uma onda de diversão correu pelo corpo do loiro. Ele não conhecia Angel muito bem, mas ela parecia ser uma garota legal. E, agora, com esse rolo dela com Mattheo - que, ele precisava admitir, pegou-o desprevenido (o moreno nunca foi possessivo com ninguém. Quando Draco soube de Zabini, entendeu que estava acontecendo algo sério), ela provavelmente vai fazer parte do grupo. Ela parece ser... uma boa amiga.

A segunda porta que havia no quarto abriu, e Mattheo entrou no quarto, com sua expressão de ódio de sempre. — O que você quer, Malfoy?

Draco se sentiu culpado, de uma maneira nada sincera, te ter interrompido. Odiava ser empata foda, mas era sério o que ele precisava dizer. Ele olhou para Angel, que entendeu o recado e revirou os olhos, entrando no banheiro e fechando a porta. — O colar está pronto. - sussurrou - Vamos para Hogsmeade em dois dias. Precisamos discutir o que fazer.

Mattheo sentiu ódio do loiro por falar com ele sobre aquelas coisas com Angel tão perto. Ele não queria envolvê-la na sua merda. Se desse errado, pelo menos, quem seria punido iria ser ele, sem ela na jogada. Ele lançou um feitiço Abaffiato na porta do banheiro, voltando-se para Draco com ódio.

— Não fale sobre isso quando ela estiver por perto, porra! - susurrou, fazendo o loiro se assustar - Ela não pode se envolver com isso.

Não pode.

Se seu pai descobrir sobre quem ela realmente é...

Se Voldemort descobrir que ela existe, eles estarão muito fodidos. Imagine se ele descobrir que ela é uma Potter... as coisas que ele faria Mattheo fazer, ameaçando ele com a vida dela...

Não.

Draco se afasta. — Desculpa. Eu só... - estou com medo pra caralho. Minha mãe está em constante risco, diariamente, mas eu não quero matar Dumbledore, porra.

Ele achava incrível que Mattheo finalmente estivesse o mais próximo de feliz. Conhece o amigo há três anos, mas nunca o viu tão leve. Mas ele não estava. E queria ser um pouco egoísta para pensar em si também.

Draco sabia o que estava acontecendo com ele. A sensação que abatia seu corpo do nada, e ele não conseguia respirar, como se o mundo estivesse se fechando. A pontada de dor em seu pulmão a cada vez que ele respirava, às vezes tendo que parar tudo o que fazia para respirar direito.

Inspira, expira. Inspira, expira.

Mattheo olhou para o loiro. Ele nunca tinha o visto tão abalado e morto. Faz dias que ele não implicava com ninguém, como era seu costume de fazer. O moreno nunca demonstrou muito afeto pelo garoto, mas ele era o mais próximo de um amigo que ele tinha, então não podia simplesmente ignorar o que estava acontecendo.

Ele inspirou fundo, acalmando-se — Tudo bem. Em dois dias, vamos à Hogsmeade e faremos de tudo para essa merda falhar. - sussurra irritado - Vamos dar um jeito nisso, Malfoy.

Draco engoliu em seco, acenando. — Tá... - disse, a garganta seca de repente. O loiro se despediu com uma última olhada no amigo antes de sair do quarto e fechar a porta. Mattheo inspirou fundo duas vezes antes de abrir a porta do banheiro, vendo Angel deitada na banheira. Ela levantou o olhar para ele, sorrindo.

— Oi. Já terminaram? - perguntou ao se levantar. Mattheo encarou-a de cima a baixo, um arrepio esquentando seu corpo inteiro. Ela ficava ainda mais gostosa quando usava as roupas dele.

Ele abraçou sua cintura, deitando a testa na curvatura de seu pescoço, soltando toda a tensão com um suspiro. Ela o abraçou, suas mãos em suas costas subindo para os cabelos macios. — O que foi? - ela sabia que tinha algo de errado.

Mattheo beijou sua pele, se afastando. — Não é nada.

𑁍

As paredes ao redor dele estavam se fechando. Ele não conseguia respirar, e não conseguia pensar. Sabia que continuava andando pelos corredores, pois lá no fundo de sua mente estava vendo as imagens embaçadas da escola. Ele trombou com alguém, que o encarou. Mas ele não conseguia pensar, e a imagem de Potter o encarando de cima a baixo, querendo comprar briga, foi logo esquecida.

Ele continuou a andar, percebendo onde estava ao ver o corredor liso. Eu só quero um lugar para que essa merda passe sem ninguém notar, desejou, a porta se abrindo. O cheiro de sua mãe o deixou ainda mais desesperado, as lágrimas passando a escorrer quando ele se deitou na cama grande que ele reconhecia.

Sempre entrava no quarto dos pais quando seu pai saía à trabalho, e dormia com sua mãe. Narcissa era tudo, menos uma mãe ruim. Ela faria de tudo para protegê-lo, e ele faria o mesmo.

Ele fará o mesmo.

Draco se enfiou debaixo dos lençóis caros, encolhendo-se quando a crise de ânsiedade fechava sua traqueia, deixando-o tonto e com a sensação de que estava caindo, morrendo. Ele fechou os olhos com força, nunca se sentiu tão assustado.

O loiro tremia, espasmos correndo por seu corpo enquanto ele suava frio. Sua respiração era audível em algum lugar distante de sua vida, pois sua mente estava completamente escura e tudo o que ele pensava é que queria morrer, ou que iria morrer, ou que estava morrendo...

E parou.

Sua respiração foi se acalmando aos poucos, o suor de seu corpo fazia sua roupa pinicar na pele. Ele saiu dos lençóis, arrumando a capa na frente do espelho de corpo inteiro, dando uma última olhada ao redor do quarto familiar antes de sair, como se nada tivesse acontecido.

Embora tivesse.

Ele ignorava que essa era a terceira em dois dias, e que mais e mais seu peito apertava, e ele não conseguia mais ter firmeza nas mãos.

Mas tudo bem. Ele gostava de mentir para si mesmo.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora