84 - Hogwarts, 1996

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Severus Snape não era um homem bonito de se encarar, percebeu Harry Potter após dois minutos inteiros em completo silêncio.

O professor havia chamado o garoto para sua sala, enviando a ele uma carta no meio do café da manhã. Como as aulas haviam sido canceladas, Harry não tinha uma desculpa para fugir do homem.

Ele o desprezava. Severus Snape era um ser desprezível e preconceituoso, que o odiava.

— Hm... - ele disse naquele tom meigo que costumava usar para os professores - Por que o senhor me chamou aqui, professor?

Snape o encarou com aquela indiferença fria. — Você sabe bem o porquê. - disse após um tempo. Harry se remexeu na cadeira, a capa do uniforme arrastando no chão e farfalhando.

— Tenho certeza de que o senhor não me chamou aqui para falar sobre Quadribol... - ele brincou com um sorriso leve, mas logo ficou sério ao reparar na feição de mármore que era o rosto do homem.

— Não tenho tempo para suas brincadeiras idiotas, Potter. - ele cuspiu o nome do aluno - Iremos conversar sobre sua irmã.

Harry lutou para não revirar os olhos e bufar. Era o que ele precisava mesmo, conversar sobre sua irmã narcisista com outro narcisista.

— Sabe as consequências de suas ações, Potter? - o tom baixo e sério arrepiava o moreno. Ele fingiu engolir em seco, mas queria mesmo era estar em sua cama.

— Você pode ter assinado um alvo nas costas de sua irmã. Foi irresponsável por deixar suas emoções tomarem conta, e agora não só Voldemort irá atrás dela, mas todos àqueles que desejam te atingir.

Certo... Ele havia cometido um deslize, mas e daí? Quem provocou primeiro foi sua irmã, de qualquer forma.

Mas o que Snape tinha em relação com aquilo?!

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Dumbledore não sabia que seu protegido estava ali, em sua sala, naquele momento. O diretor estava na realidade, fora da escola por alguns dias. A chance perfeita para enfrentar Harry Potter e dizer a ele que, ao menos uma vez, ele estava errado.

Por mais que Snape não fosse próximo de Angel, ele ainda a via como uma filha. Três anos. Ele foi seu pai por três anos. E aquela menina foi o anjo de sua vida desde o momento de seu nascimento.

Não foi sobre ter uma parte de Lily Potter consigo. Não, foi sobre ter uma salvação, um escape de sua própria mente. De poder amar uma criatura tão pequena, que não era maior que seu braço.

Ele continuava protegendo sua filha.

Foi um choque saber sobre Mattheo Riddle. Mas, de qualquer maneira, ele confiava no garoto. Confiava nele e em seu passado. Confiava naquela criança que hesitou em matar as pessoas, mesmo sabendo que sofreria por duvidar.

Sabia que ele gostava de Angel no momento em que descobriu a verdade, naquela mesma sala, há tantos meses.

Aquele garoto era uma força que excedia os planos físicos quando se tratava de Angel.

Harry Potter revirou os olhos. — Olha só. Eles me provocaram, eu não tive culpa por ter me excedido.

O professor não respondeu. Ele não conseguia entender; como um filho de Lily Potter poderia ser tão egocêntrico daquele jeito? Nem mesmo James era tão narcisista assim.

Snape encarou Harry com raiva faiscando nos olhos. — Você cometeu um erro, Harry Potter. E terá de pagar por isso, mas não é só você quem vai ser afetado por isso. Espero que saiba que, no momento que contou a todos sobre sua irmã, ela se tornou responsabilidade sua.

O sorriso de Potter se esvaiu lentamente. — Não sou uma babá.

Ah... agora ele estava mostrando sua verdadeira face.

Severus sorriu debochado. — Não. Mas o mundo espera que seja. Imagine só: a irmã mais nova de Harry Potter está sofrendo por alguma coisa. Que bom que Harry vai ajudá-la, não é?

Potter se retesou na cadeira, a mandíbula trincando. — Ela já sabe se cuidar.

— Então não aja como um idiota quando ela fizer qualquer coisa que prejudique sua imagem.

Harry apertou o braço da cadeira, os nós dos dedos embranquecendo. — O que quer dizer?

Snape encarou o aluno, o sangue endurecendo nas veias. Sabia que não era justo com Angel; ameaçar Harry Potter com ela. Mas ele precisava garantir a segurança de sua considerada filha, então juntaria forças até mesmo com o diabo para mantê-la em segurança.

— Mattheo Riddle não vai machucá-la. - foi tudo que disse.

Não vai machucá-la. Mas vai dar o que falar. A irmã de Harry Potter e o filho de Voldemort...

Harry empalideceu. — Ela não se importa comigo. Só quer fama, atenção. Vai acabar com minha reputação só para dar pro Riddle.

Livros voaram da prateleira de Snape quando ele se descontrolou. A varinha estava apontada para Potter, mas o feitiço ricocheteou para o lado bem a tempo.

Com uma calma fria, o professor olhou para a porta em uma dispensa silenciosa. — Cuidado, Potter.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora