49 - Hogwarts, 1996

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O sangue dela rugia nas veias, ecoando nos ouvidos. Ela mal enxergava para onde ia, mas puxava a irmã pelos corredores da escola com pressa.

— Saori. - Naomi chamou-a inutilmente. Ela continuou seguindo, apertando o pulso da irmã com força para que ela a seguisse - Saori! - disse mais alto, puxando o pulso do agarre. Saori respirou fundo, virando-se para a irmã, que a encarava com assombro.

— Acalme-se! - ralhou, e a japonesa segurou uma risada sarcástica. Ela fervilhava de ódio. Tanta raiva acumulada que parecia formar uma névoa ao seu redor, deixando-a cega para qualqur outra coisa. Os olhos de Naomi suavizaram, e ela sorriu fraco - Obrigada por me defender. - disse colocando uma mão na bochecha da irmã - De verdade. Mas você realmente precisa se controlar agora. Está sendo domada pelo ódio, do jeito que Otousan disse que nunca deveríamos permitir.

A mensão do pai fez com que um balde de água fria fosse jogado na consciência ardente da garota. Ela inspirou fundo, mas o fôlego não passou graças ao soluço entalado em sua garganta. Ela queria tanto, tanto chorar...

Naomi puxou-a pelas mãos, sentando em uma das muitas poltronas que ficavam espalhadas pelo castelo. Ela inspirou fundo, insinuando que Saori deveria fazer o mesmo, e assim ela tentou. Mas falhou, obviamente.

Naomi estudou o rosto triste da irmã com preocupação. — O que foi? - sussurrou em japonês. Saori fechou os olhos, saboreando-se com o som maravilhoso de sua língua materna. Quanto tempo fazia desde que escutou esse som? Naomi e ela não tinham o costume de falar em japonês na escola.

Ela respirou fundo. Dessa vez, o fôlego passou pela traqueia e chegou aos pulmões. — Não é nada, Nēsan. - mentiu, sorrindo fraco - Só me deixei levar pelo momento.

Naomi a encarou, como se não acreditasse em uma palavra, mas deixou passar mesmo assim. Ela abraçou a japonesa com força, suspirando. — Tudo bem, mas estou aqui para o que precisar. tá?

Saori se afastou, sorrindo. — Certo.

Ela se levantou, e fez questão de permanecer sorrindo até que virasse a esquina do corredor. Em seguida, as lágrimas começaram a cair.

𑁍

Angel não havia dormido em seu quarto. Não, ela passara a noite com Mattheo, apenas trocando beijos e carícias inocentes. Quando acordou, no dia seguinte, estava atrasada para a aula e com uma cólica infernal. Decidiu faltar à aula, sorrindo toda besta quando Mattheo se despediu dela com um beijo na testa.

Ela se arrastou para seu dormitório, entrando no chuveiro imediatamente. Tomou um banho demorado e colocou o conjunto de moletom mais velho que encontrou no armário de Saori, enfiando-se de baixo das cobertas e dormindo. E dormindo, e dormindo e dormindo.

Acordou quando a porta do dormitório se abriu, estranhando pois era incomum de Saori ir para a comunal durante o horário das aulas. Mas abriu o maior sorriso que se permitiu dar no dia quando Mattheo entrou, sorrindo. Ele trazia uma bandeja que cheirava muito, muito bem.

— Você não tomou café da manhã. Não estava afim de ir para a aula de história, então fui para a cozinha e trouxe o almoço.

Ela riu, sentando-se da forma mais confortável que sua cólica permitia e colocou uma das muitas almofadas que possuía em sua cama no colo. Mattheo apoiou a bandeja sobre a almofada, retirando a tampa das vasilhas. Ela inspirou fundo, a barriga roncando com os cheiros. Purê de batatas com queijo; caldo de abóbora com macarrão; salada de grão-de-bico e lentilha; frango assado. Pãezinhos e cremes. Ela gemeu.

— Ah Mattheo, eu te amo por isso. - disse e passou a comer, enquanto ele a encarava, chocado. As palavras dela se repetiam na cabeça do moreno, em um loop que ele estava amando. Eu te amo por isso. Ninguém nunca havia dito algo assim para ele. Ninguém nunca... tinha amado ele por nada.

Ela sorriu enquanto comia, e ele precisou piscar algumas vezes para voltar em si, embora aquela sensação quente no peito estivesse cada vez maior e mais presente.

Ele, na realidade, não se importava com a aula de história. Mas ao pensar que ela não tinha comido; que estava com dor no quarto, ou seja, dificilmente sairia da cama, e não teria ninguém para ajudá-la caso algo acontecesse...

Ele saiu no meio da aula, pouco se fodendo com os protestos do professor, e correu para a cozinha. Além de ter feito questão de pegar a comida das panelas ele mesmo, escolhendo a dedo cada maldita batata.

Ficou orgulhoso de si mesmo ao vê-la comer com tanta vontade.

Eu te amo por isso.

Ele olhou ao redor do quarto, havia traços da personalidade dela espalhados pelo cômodo todo. Buquês de damas-da-noite sobre a mesa de estudos. Livros e mais livros de romance, empilhados onde havia espaço. Algumas flores - que ele presumiu ser obra de Saori a pedido da amiga - de papel penduradas nas paredes. Estrelas coladas no teto, de várias cores. Uma prateleira... - reparou ele, com algo como dor apertando seu coração - uma prateleira lotada de remédios e coisas para primeiros socorros, para eventuais... acidentes.

— Terminei! - ela riu, lambendo os resquícios de um pudim de chocolate dos lábios. Ele ficou encarando a carne avermelhada por mais tempo do que seria considerado apropriado, sorrindo de volta quando os dentes alinhados dela se mostraram. Ele levantou o olhar, e os olhinhos dela brilhavam - Obrigada, Matt- mas uma batida na porta a interrompeu.

Ele andou até lá, encontrando a monitora-chefe da Sonserina, acompanhada de Pansy Parkinson. — Com licença. - ela disse educada - Alguma aluna que more aqui, está presente?

Ele olhou de relance para Angel, que deu de ombros, confusa como ele. Mattheo abriu mais a porta, permitindo a passagem da monitora-chefe e de Pansy, que estava com os cabelos nanquim desarrumados e com o lábio inchado.

— Bom dia. Angel, não é?

A loira assentiu, cautelosa. A monitora-chefe estendeu a mão. — Eu sou Sabrina, prazer. Gostaria de conversar com a senhorita - um olhar para Mattheo - em particular.

Angel deu de ombros, dispensando a mão da monitora. — Pode falar com ele aqui, moça. De qualquer jeito, eu vou acabar contando para ele.

Sabrina olhou para Mattheo de cima a baixo, o desejo que brilhou nos olhos da garota fez com que Angel quisesse voar em seu pescoço. — Certo. Bom, senhorita Fallen. Em nome de Dumbledore, eu aviso que estaremos realocando a senhorita Pansy Parkinson para este dormitório.

Como se estivesse ouvindo, de algum lugar do além surgiu uma cama na parte mais afastada e vazia do quarto. Angel piscou, surpresa. — Ah... tá bom, né. - respondeu, olhando para Pansy, que avaliava o cômodo. A monitora-chefe se despediu com um obrigada, saindo do quarto e fechando a porta. Mattheo viu quando um baú preto silenciosamente caiu sobre a nova cama presente no quarto. Angel sorriu, um sorriso cheio de perversão e diversão.

— Garota, o que você fez para ter sido expulsa do dormitório?

E, como se fossem melhores amigas há anos, Pansy devolveu o sorriso. — Eu espanquei algumas vadias.

Angel gargalhou. — Bem vinda!

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora