17 - Angel, 1993 (passado)

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Eles estavam olhando para ela. Seu mundo estava se despedaçando aos poucos enquanto sua ficha caía. Enquanto ela entendia o que eles queriam dizer.

Dumbledore a encarava do outro lado da mesa, com uma expressão severa, mas ao mesmo tempo, confusa. Ela olhou ao redor, Remus Lupin, Sirius Black, Hermione Granger, Ronald Weasley e Harry Potter a cercavam.

Seus olhos se encheram de lágrimas. — Não. - sussurrou, com o peito doendo diante da acusação - Eu nunca... Como podem pensar que eu faria algo assim?

Ele a encarava com desaprovação, escolhendo acreditar no que pensava ser verdade absoluta. Ela explodiu. — Não! - gritou, sua respiração lutando para se manter controlada. Suas unhas estavam fincadas na palma de sua mão, para que sua sanidade continuasse intacta, para que ela não perdesse o controle e quebrasse na frente deles.

— Angel, isso não é hora para você perder a calma e... - o professor Mood falou em tom severo, ela nem se lembrava de que ele estava ali.

— Para! - gritou, interrompendo-o - PARA, PORRA! - as lágrimas agora escorriam por suas bochechas, e ela não conseguia acreditar, não conseguia entender...

— Têm noção do que estão me acusando?! - gritou, frustrada. Todos desviaram o olhar, envergonhados - Acham mesmo que eu seria capaz de trair vocês, de trair a confiança da única família que eu tenho, para colocar a porra do nome de Harry Potter no Cálice?! - ela chorou, levantando-se da cadeira. As pessoas nos quadros da sala de Dumbledore fingiam dormir, mas ela sabia que eles estavam assistindo.

— Por que diabos eu iria querer matá-lo, caralho?! - cada vez mais, suas unhas se enterravam em sua palma.

— Angel, é melhor você se acalmar... - Lupin falou, tentando apaziguar a crise da garota, mas ela só explodiu ainda mais.

— Me acalmar? - gargalhou, indignada - Como eu posso me acalmar se vocês estão me acusando de tentativa de homicídio?!

Eles haviam tirado ela se da aula há dez minutos, dizendo que Dumbledore gostaria de conversar com ela. Quando viu todos ali, agrupados, já sabia que não seria algo bom.

Mas... acusá-la de colocar o nome de Harry Potter no Cálice era um absurdo. Ela não conseguia acreditar... como eles desconfiaram tão fácil dela...

— Usem a bosta do cérebro de vocês, e se lembrem que ao redor da porra do Cálice, tinha um feitiço de idade, porra! Eu tenho treze anos, mas que merda! - ela gritou, sentindo a raiva, frustração e a dor da traição borbulhando dentro dela.

— Senhorita Fallen, gostaria de pedir para que se acalme, e passe a conversar de uma maneira mais civilizada em relação ao... - Dumbledore começou com o tom severo, mas ela explodiu mais uma vez. Porém, agora ela não gritava. Ela estava séria, exausta daquele dia. — Quando vocês forem acusados de tamanha traição, por pessoas que você pensava que confiavam em você, tenha certeza que você não vai manter o tom coloquial. - ela olhou ao redor, todos estavam tensos - Eu não acredito... - sua voz fraquejou - Não acredito que puderam sequer pensar... que eu poderia fazer algo assim.

Angel inspira, ciente que há sangue escorrendo por sua mão. Ela olha para as pessoas mais uma vez, magoada demais para continuar ali. A garota sai do escritório de Dumbledore, e o ar parece mil vezes mais leve, ela consegue respirar agora.

A loira corre pelos corredores de Hogwarts, as lágrimas borrando sua visão, e se tranca na cabine do banheiro feminino.

— O que foi, Angel? - a Murta que geme diz, aparecendo ao seu lado. Angel desmorona, chorando e soluçando, seu peito doendo como nunca antes.

𑁍

Eles a encaravam, o mesmo grupo que havia acusado ela no começo do ano, por traição, estava ali novamente, com as faces envergonhadas.

Ela sentia ódio de todos eles. Eles a acusaram sem nem pensar duas vezes, mas agora, queriam que ela os perdoasse como se não fosse nada. "Desculpe-nos, Angel. Acusamos você de tentar assassinar o Harry, mas na verdade, quem tentou foi o professor Mood, que não era o professor Mood, mas um impostor. E nós sabemos que vai perdoar a gente, pois somos a única forma de você se dar bem com sua família."

Ela inspirou fundo, decepcionada. Ela sabia. Angel sabia que não fazia parte deles. Sabia que eles a julgavam, só por ser da Sonserina. Só por ser diferente deles. Só por não querer se matar lutando contra um bruxo das trevas, porque não possui a síndrome do herói, e prefere ficar viva no momento.

Só porque ela está gostando de verdade da vida que está levando, e não quer colocar tudo no lixo.

Mas ela não era parte deles e, mesmo se possuísse a síndrome do herói como Potter e seus amigos tinham, mesmo se ela se importasse com as paranóias deles, eles não a aceitariam como parte do grupo.

Começando pelo fato que ela é da Sonserina.

A loira suspira, sabendo que não tem escolha. — Está tudo bem. - disse o que eles queriam ouvir - Eu também suspeitaria de mim. Tudo apontava para mim, afinal. - ela riu, com uma imensa vontade de chorar. Nada apontava que havia sido ela, mas de alguma forma, eles chegaram à essa conclusão. — Está tudo bem.

Mentira. Não estava.

Nunca esteve.

𑁍

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora