110 - Mansão Nagasaki, 1997

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Em três dias, eles invadiriam A Toca e resgatariam Angel. Todos estavam tensos.

Saori já havia chegado as bolsas encantadas várias vezes, conferindo os kits de primeiros socorros, o estoque de comida e poções, as roupas de emergência... Só levariam uma mochila.

Draco ainda não conversava com ninguém. Ele não saberia, de qualquer modo.

Não saberia o que dizer, como dizer, porque dizer.

Ele não iria com o grupo para buscar Angel.

O plano era: Saori, Pansy, Blaise e Mattheo salvariam a garota, enquanto Draco, Theodore e Lorenzo iriam até a Mansão Malfoy e convenceriam Narcisa a voltar com eles.

Havia sido pelo bem-estar dela que essa merda toda havia começado. Agora que ele como suspeito, sua mãe corria mais perigo que nunca.

O loiro foi até a cozinha para pegar um pouco água, e travou ao ver Saori ali, lendo uma enorme lista. Como se sentisse sua presença, a japonesa ergueu o olhar, engolindo em seco ao vê-lo.

Draco deu um leve aceno com a cabeça, indo até o armário e pegando o copo. As mãos tremiam. Saori estava tensa, de costas para o loiro.

Ele encheu o copo e engoliu com goles desesperados, querendo fugir dali. A garota fingiu que estava concentrada na lista de mantimentos que havia feito, mas não conseguia focar em nenhuma palavra.

O silêncio era um incômodo.

Draco se virou para sair do cômodo, mas congelou ao ver a camisa que a garota vestia.

Deveria ser um engano dela.

Não era um engano dela.

Saori usava uma camisa de botões grande demais para seu corpo pequeno. De primeira vista, ninguém perceberia que a roupa não era dela, pois ela vestia uma calça legging e a impressão era de ser só um estilo mais despojado.

Mas ele sabia.

No dia seguinte do "como eu te amo, vamos namorar", eles haviam feito amor, transado e fodido a noite toda. E, quando ela acordou, descobriu que as roupas estavam úmidas pelo sexo que haviam feito no chuveiro, e pegou uma camisa dele.

Ele disse "não precisa me devolver, querida."

E ela respondeu "não planejava, de qualquer maneira."

Vê-la ali, usando uma parte da memória falsa que eles criaram, acabou com ele.

Draco apoiou o copo na pia e saiu da cozinha com passos apressados. Ele entrou no quarto, o coração doendo dentro do peito de uma forma absurda. Foi até a cama, tentando controlar a respiração, com medo que uma crise de ansiedade começasse, quando reparou.

Sobre o criado mudo, havia um objeto que não estava ali antes.

Ele ofegou, se aproximando.

O sol leitoso do inverno refletiu sobre a esmeralda do anel de Saori.

𑁍

Ela não planejava se encontrar com ele. Draco mal saía do quarto, e quando saía, evitava lugares em que ela estivesse.

Saori respirou fundo, desistindo de checar a lista e subiu as escadas. Ela bateu na porta dupla de madeira branca que ficava no final do corredor esquerdo.

Pansy apareceu ali. Ela não parecia muito melhor que Saori.

A garota deu passagem para a japonesa entrar, e ela se jogou sobre a cama da amiga. Saori suspirou. — Eu sinto tanta falta dela.

Pansy se deitou ao lado dela, estalando a língua. — Eu também.

𑁍

Ele gritava.

Voldemort estava em cima de si, rasgando o peito dele com as próprias mãos e rindo.

Ele sabia que seu corpo doía, mas não sentia a dor.

E então, ele estava assistindo tudo por outro ponto de vista. Virou o rosto para o espelho que tinha na parede da sala de reunião, e seu reflexo lhe encarou.

Ele foi até o pai, querendo matar o homem. Mas não passava de um mero espectro, assistindo a cena sem poder fazer muita coisa.

Quem estava na mesa não era ele, mas Angel.

Ela não gritava mais.

Pois suas bochechas estavam cortadas, de orelha a orelha. Os olhos castanhos haviam sido arrancados e rolavam pelo chão, as orbes grandes viradas para ele. Os seios da garota tinham sido cortados em dois pedaços inteiros, e costurados em sua coxa esquerda.

A barriga dela era fechada por apenas uma película de pele, transparente e prestes a se romper. Ele via os órgãos de sua amada; a hemorragia ainda sangrava.

E o coração dela...

Ele tinha explodido no peito.

𑁍

Mattheo vomitou de novo; fazia vinte minutos que ele estava apoiado no vaso de plantas que tinha em seu quarto, expelindo qualquer coisa que estivesse dentro de si.

Como um dèjá-vu, a força com que havia segurado no vaso fez o barro quebrar. Agora, sua mão direita e pulso sangrava em um corte que saía da palma até o antebraço. A dor não latejava tanto quanto ele queria.

Ele chorava em meio ao refluxo, esparramado contra a parede e desesperado.

Medo cru e puro retumbava a cada respiração. Ele tremia, a imagem de Angel viva em sua mente.

Eu te amo, Mattheo.

Ele vomitou mais uma vez.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora