136 - Clã Nagasaki (Japão), 1997

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𑁍

Eles atravessaram o jardim de neve em silêncio. Os sapatos esmagavam o gelo branco do chão com um som abafado, enquanto os adolescentes e os outros seguiam até a sede do Clã Nagasaki. Ou também, a mansão onde Saori cresceu.

Angel olhou ao redor, contendo um arrepio. Aquele lugar era lindo, sim. Mas a energia dele era pesada e brutal. Não sabia como Saori conseguiu crescer em um lugar assim, embora explicasse muita coisa sobre o comportamento recluso da amiga.

As portas duplas da imensa casa japonesa estavam abertas, dando uma visão da imensidão de madeira e riquezas que havia ali. Todos os bruxos que haviam seguido o grupo ficaram para fora, enquanto Micarlla tirou os sapatos, calçando uma sapatilha de cetim branca, e os guiou para dentro.

Saori fez o mesmo que a mãe, com um movimento da varinha fazendo oito pares de sapatos de cetim preto aparecerem na frente de seus amigos. — Coloquem-os. - ela murmurou baixinho, calçando o próprio.

Micarlla havia parado no fim do corredor, esperando. Quando eles finalmente se ajeitaram, Saori seguiu em frente; o cheiro da madeira e da riqueza antiga de sua infância a deixando enjoada.

A mãe da garota virou à esquerda no corredor, parando de frente ao fusuma bordado com fios de ouro, que era a porta para o escritório de seu pai. O coração de Saori pesou ao pensar na avó. Quando era criança, ela amava olhar para os detalhes da porta e tentar ler as imagens. Ayame dizia para a garota que a arte contava a história da família.

Agora ela conseguia ler perfeitamente tudo o que estava escrito naquela porta. Mas não ficava feliz por fazê-lo. Sua avó não estava mais ali, e aquela casa estava vazia e morta.

Micarlla abriu o fusuma, atraindo a atenção de Saori quando entrou no escritório de Katsuo. A japonesa engoliu em seco duas vezes antes de respirar fundo e criar coragem, entrando no cômodo.

Seus amigos a acompanharam, um conforto em suas costas.

O pai estava sentado atrás da grande mesa, com pergaminhos e pincéis espalhados por ela. Haviam livros e documentos empilhados, o que trouxe memórias à Saori.

Nada havia mudado.

Ele estava com uma feição rígida. Não havia mudado tanto desde as últimas férias, mas algo em ir para lá com sua família, seus amigos junto a si, e apresentá-los para seus pais, mudava tudo.

Katsuo lançou um olhar observador para o grupo atrás da garota. Ela respirou com dificuldade.

— Amizades interessantes que você fez. - a voz grossa e envelhecida do homem soou. Saori evitou de se encolher.

— Otousan. - ela o cumprimentou.

Katsuo focou o olhar na filha, e disse em japonês. — Você não tinha motivos para ter fugido da escola. Por que seguiu essas más influências, e largou os estudos.

Era sério aquilo? Ela estava fugindo do maior bruxo das trevas há meses, atrás de sua melhor amiga e de sua família, e tudo o que aquele homem conseguia perguntar era "por que você largou a escola"? Isso era algum tipo de brincadeira?

Saori sentiu a raiva borbulhar dentro de si. — Me perdoe, otousan. Mas eu só fugi da escola, por que essas más influências, como você os chamou, haviam se sacrificado para proteger Naomi.

Ele não mostrou reação alguma.

— Por que me chamou aqui? - ela já não tinha mais energia para aquilo. Sempre era assim. Dois minutos em meio aos pais, e ela ficava drenada.

Ela odiava aquele lugar.

— Você é minha filha. Preciso dar atenção para você.

Em outras palavras; você é minha filha, preciso manter um olho em você para saber se não vai acabar com a reputação da família.

A garota segurou um revirar de olhos. — Certo. Mas nós estamos fugindo de você-sabe-quem. Trazer a atenção dele para o clã não é uma coisa muito inteligente, não acha? - ela afrontou o homem, vendo-o franzir levemente o nariz com desgosto.

— Respeito, Saori. - sua mãe avisou um pouco atrás de si.

Ela segurou a língua. Não era bom que se desentendessem logo de primeira. A garota mordeu o interior da bochecha, fazendo uma mesura profunda. — Peço perdão.

Katsuo a observava com superioridade quando ela ajustou a postura. — Sabemos dos riscos. Mas decidimos que valeria a pena.

— Por quê? - ela começou a estranhar.

Katsuo olhou para seus amigos, atrás de si. O olhar dele focou em alguém próximo à Saori, e ela observou com a visão periférica.

— Você é Angel Potter? - perguntou em inglês.

A loira ficou rígida perto de Saori. — Sim.

O homem olhou para os outros adolescentes. — Um grupo interessante de amizades. Angel Potter, Mattheo Riddle, Draco Malfoy... - completou com certo prazer.

Saori sabia que algo não estava certo apenas pelo tom de seu pai.

— Podemos resolver a situação de uma vez por todas, certo, Lucius?

Foi quando uma figura alta surgiu por trás de uma porta anexa à sala. Lucius Malfoy sorriu como o diabo ao responder. — Sim.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora