109 - A Toca, 1997

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Durante a madrugada, duas batidas e um som de peido soaram, e Angel gargalhou quando os gêmeos entraram.

— Eu disse que faço as melhores batidas de porta. - George disse a Fred que fez uma careta e murmurou "mimimi". Eles estranhamente traziam uma mochila.

Angel encarou os ruivos, esperando, e Fred jogou a mochila sobre a cama. Fez um som oco graças ao que tinha dentro, e Angel saiu das cobertas para pegar a bolsa. Ela abriu o zíper, vendo alguns livros e algumas ervas ali.

— O que é isso? - perguntou franzindo o cenho. Fred fechou a porta e murmurou um feitiço com a varinha, fazendo um escudo ao redor do quarto.

George suspirou audivelmente. — Vamos te ajudar a fugir daqui.

Angel migrou o olhar de um para o outro. — Como é que é?

Fred sorriu. — Você vai ser livre, loirinha.

Angel ainda encarava os irmãos meio pasma. — Vocês estão enlouquecendo?

— Não. Por que? - George quem perguntou, roubando de uma tigela de cristal um dos bombons que haviam levado mais cedo para ela.

— Por que?! Bom, para começar, estou sendo perseguida, e não tenho minha varinha. Isso aí já é pedir para morrer.

— Não se preocupe com isso, loira. Nós vamos te emprestar uma antiga varinha de Carlinhos. - Fred piscou, também roubando um bombom da vasilha.

Angel estalou a língua. — Tá. Mas eu nem sei onde Mattheo está. Então vou fazer o que? Zanzar por aí e decidir no cara ou coroa se vou encontrar meus amigos ou os Comensais da morte?

— Nós temos uma ideia de onde ele pode estar. - George, em voz baixa - Não sabemos o lugar exato, mas é um começo.

Angel sentiu uma fagulha de esperança acender no coração. Se ela pudesse sair dali...

— Certo. Mas além de tudo isso, tem meu irmão. Acho que ele vai perceber se um dia vierem entregar comida para mim e eu simplesmente tiver sumido!

— Somos nós quem traz comida para você, Angel. Não contaríamos. - Fred explica, dando uma piscadela - Mas já temos um plano. Você só precisa confiar na gente.

Angel mordeu o dedão, pensando. Definitivamente, não aguentava mais ficar ali. Essa espécie de quarentena estava acabando com o psicológico dela. Ela estava infeliz. Mas, ao mesmo tempo, estava em segurança.

Será que Mattheo sabia onde ela estava, para começar?

Ela não tinha dúvidas que ele viria atrás dela. Ou tinha, só não queria admitir. Pensar que ele havia desistido dela...

Não. Se ele desistisse dela, Saori não o faria. Nem Pansy. Eles viriam buscá-la.

Mas e se não viessem? E se Voldemort tivesse encontrado todos eles e agora, ela precisasse salvá-los?

Angel chegou à conclusão de que era melhor sair à procura das pessoas que amava e ser morta, que ficar trancada pelo resto da vida e ser morta do mesmo jeito. Mas ela não morreria fisicamente se escolhesse a segunda opção.

Não. Ela morreria por dentro.

— Certo. - ela sussurrou, olhando para os gêmeos - O que eu preciso fazer?

Os dois sorriram como gatos. — Você precisa ganhar um pouco mais de massa muscular nessa semana. Deixa o resto com a gente.

— Vocês conseguem um espelho para mim?

— Sim senhorita. - eles disseram juntos, e piscaram.

𑁍

Angel estava lendo os livros que Fred e George haviam trago naquela mochila. Ela ficou se perguntando onde diabos eles haviam encontrado livros daquele jeito.

Certamente, os gêmeos Weasley não leriam sobre "os feitiços silenciosos mais mortais do mundo bruxo contemporâneo." Ela ficaria surpresa se eles ao menos soubessem ler.

Brincadeiras à parte, o livro era interessantíssimo. Feitiços absurdos estavam ali, alguns envolvendo poções, outros, apenas a força da mente.

Como por exemplo, um que se chamava 'vivi-putredo', cujo único antídoto era uma poção que demorava treze luas para ser feito. Pelo que ela tinha entendido, a pessoa apodreceria em três dias após ter sido amaldiçoada, a pele se decomporia até que o corpo se desfizesse. Parecia algo grotesco de se assistir.

Outro feitiço que havia ali, chamava 'ardenti-affectu'. Ao que parecia, ele queimava como fogomaldito. Mas a página que explicava seus efeitos estava rasgada pela metade - e o resto da folha não estava por lá. Ela não deu muita importância para aquele feitiço em específico, pois o que dividia a página rasgada, chamado 'aqua-sanguinat' captou sua atenção.

Claro, não estava escrito tudo o que ele faria, pois a merda da página estava rasgada. Mas, pelas poucas linhas que conseguiu ler, o 'aqua-sanguinat', do latim "água que sangra", transformaria cada gota de água no corpo da vítima em sangue espesso, entupindo seu sistema respiratório e fazendo-a afogar no próprio sangue.

Onde diabos os gêmeos conseguiram um livro daqueles?

Ela virou a noite lendo, só parando quando o sol nasceu no horizonte e, novamente, duas batidas e um som de peido.

Eles entraram rapidamente, trancando a porta. — Os pais de Fleur vão chegar hoje. - Fred cochichou, por mais que tivessem colocado um escudo ao lado de fora do quarto.

— Nós temos essa impressão de que vamos ficar ocupados pelos próximos dias. - George completou.

Angel ficou em silêncio.

— Precisamos que você faça uma lista de coisas que considera importante de se carregar. - Fred lhe entregou um pergaminho e uma pena. A garota se levantou, indo até a mesa e passando a escrever.

Um agasalho, cantil de água, comida, uma bússola, uma varinha, uma lista de ervas...

— Posso levar esse livro? - a loira perguntou após entregar a lista para George. Ele observou a capa, franzindo as sobrancelhas.

— Pode. Hermione tá empilhando todos os livros que ela tem, no quarto de Rony. Um dia estávamos enchendo o saco do Roninho e entramos no quarto dele para pregar uma peça...

— Aí ele caiu em cima de uma dessas pilhas e começou a xingar Mione. - Fred completou com um sorriso - Foi impagável.

— Enfim. - George, coçando a cabeça - Ela disse que ele poderia guardar em outro lugar se quisesse, porque não ia mais usar aqueles. Então roubamos alguns da pilha e trouxemos para você.

— Então, sim. Pode levar com você, ninguém vai sentir falta mesmo. - Fred finalizou.

Angel abriu um sorriso animado. — Obrigada, meninos!

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora