45 - Hogwarts, 1996

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Ela acordou dolorida, com a boca seca e algo melado entre as pernas. Contou os dias de seu ciclo, pulando da cama ao perceber que desceria para ela naquela semana. Mas então, ficou meio tonta ao reparar nos arredores, o cérebro tentando entender onde estava.

Foi aí que as memórias do dia anterior balançaram sua mente. Hogsmeade. Draco sendo um comensal. A amiga de Cho Chang. O colar - que ela confirmou estar ao redor de seu pescoço. Mattheo.

Deuses.

Ela olhou para a cama, o moreno dormia de bruços, com o rosto virado para ela. Ela sabia que ele havia observado-a até que o moreno dormiu.

Ela foi até o banheiro, um leve incômodo entre as pernas informava a ela que tudo havia sido real. Observou-se no espelho, olhando então para as marcas roxas que cobriam sua pele; do pescoço às coxas.

Entre as pernas, o esperma de Mattheo havia secado e esfarelava, mas uma mancha de sangue se misturava ao líquido branco.

Certo. Isso acontece quando se perde a virgindade.

Ela lavou o rosto, procurando nas gavetas do armário do banheiro por uma escova de dentes extra. Estava agachada quando uma sombra cobriu seu corpo, e o calor de Mattheo a envolveu mesmo sem toque algum. Ele se agachou, apoiando uma mão na cintura da jovem e causando-lhe um arrepio.

O moreno abriu uma gaveta, fuxicando um pouco nos itens de higiene que haviam ali até encontrar uma escova fechada e entregar para ela. Ele beijou a têmpora da loira, murmurando um bom dia, e saiu do banheiro bocejando.

Ela riu da naturalidade dele, em como estavam próximos. Seu coração errando uma batida quando ele se deitou novamente, virando o rosto para ela e piscando antes de voltar a fechar os olhos.

Angel aplicou um pouco de creme dental na escova, molhando as cerdas com água antes de passar a escovar os dentes. Fez xixi nesse meio tempo, não se importando se ele poderia vê-la ou não. Já tinha visto tudo mesmo, quem se importaria?

Ela enxaguou a boca, voltando para o quarto e se deitando, puxando o lençol para cima de si e ficando de costas para Mattheo. Ele envolveu sua cintura, puxando-a para mais perto.

Os lábios do garoto foram para a parte de trás de seu pescoço quando ele afastou os cachos loiros dali. Ele beijou e beijou, abraçando ela cada vez mais apertado. — Finja que está dormindo. - murmurou ele, a voz rouca de quem acabou de acordar fazendo borboletas voarem no estômago dela.

— Como é? - riu, sem entender. Ele bufou. — Finja que está dormindo, Angel.

Ela franziu as sobrancelhas. — Mas por que? - os dois já estavam acordados mesmo!

Ele resmungou, mal humorado logo de manhã. — Finja que está dormindo para eu acordar você com beijinhos idiotas e falar bom dia. Que nem naqueles livros bestas de romance que você lê. - ele disse emburrado, e ela gargalhou. Ele apertou a cintura dela, divertido, e ela gemeu de dor. Havia um roxo enorme naquela região, causado pelos mesmos dedos que estavam ali. Apertou-a novamente.

Ele chacoalhou levemente o corpo dela, sorrindo. Ela inspirou fundo. — Tá, tá. - e fechou os olhos. Sentiu quando o colchão se movimentou, e ele ergueu o tronco para checar se ela realmente "dormia". Ele sorriu, voltando a se deitar, e passando a beijar a depressão do pescoço, orelha e bochechas. Ele esfregou o nariz no rosto dela, e ela tentou segurar um sorriso. Mas falhou.

Ela riu abertamente, e ele revirou os olhos, desistindo, e beijando os lábios dela. Tão linda logo de manhã.

Ela riu, envolvendo os fios dele com os dedos, puxando-o para mais perto. Angel riu quando ele desceu a boca para seu ouvido, murmurando um "bom dia, atrevidinha" e voltando a beijá-la.

Ah, ela gostava dele.

E ele... merda, ele adorava ela.

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Ele estava exausto. Havia passado a noite inteira angustiado, rezando aos deuses para que a corvina estivesse bem.

Que menina burra! Ele havia dito explicitamente perca o pacote. Não abra a porra do pacote e morra, caralho!

Foi até o banheiro, os bolsões negros abaixo de seus olhos que, em algum passado muito distante, eram de um azul cinza vívido. Hoje eram só... mortos.

A crise que ele teve ao chegar no dormitório, ontem, foi mais forte que qualquer outra que já suportou. Além da preocupação para com a garota, tinha a preocupação com Angel.

Se ela descobrisse... o que o Riddle faria com ele?

Draco se levantou da cama, após uma noite em claro. Foi até o banheiro, seguindo a mesma rotina monótona dos últimos dias: acordar, tomar banho, escovar os dentes, café. Se for fim de semana, biblioteca até às dez, Oclumência com Snape até o almoço e em seguida, sala precisa. Se for dia útil, aulas.

Hoje era domingo. E ele estava atrasado para chegar atrasado no café. Havia enrolado na cama o máximo que pôde, com esperanças de que conseguiria dormir.

Falhou miseravelmente.

Ele desceu as escadas da comunal, encontrando Zabini e Lorenzo. Eles olharam para ele, Zabini zoando sua pele pálida e doentia ao dizer que a noite deve ter sido boa.

Não, Zabini. Não foi.

Fazia tempo, na verdade. Que ele não tocava em ninguém.

E nem sentia vontade.

Eles foram para o refeitório, a turbulência de sons e cheiros e temperaturas deixando-o desnorteado. Ele se sentou, passando a lotar o prato com comida, que não comeria metade. Não sentia muita fome ultimamente.

Há semanas que sua mãe não lhe mandava cartas, e isso estava acabando com ele. Todas as paranóias, as auto-sabotagens que a ansiedade lhe causava... um grande bolo de merda.

Ele sentiu alguém se sentar ao seu lado, e viu Angel, sorrindo. Ela parecia brilhar naquela manhã.

Na frente dela, Mattheo se sentou. Ao lado da loira, Saori. Lorenzo começou a puxar papo com a japonesa, que não parecia muito afim de responder. Ainda mais quando Cedrico Diggory e Cho Chang passaram pelo corredor atrás de Berkshire, e os olhares da japonesa e do Diggory se encontraram. Draco foi o único que notou em como ela pareceu sem graça e triste de repente.

Angel sorria feito boba para Mattheo que, impressionantemente, devolvia o gesto com um sorriso pequeno de canto. O amigo parecia tão... jovem.

Como se não houvessem complicações no mundo. Ao menos, não naqueles poucos minutos de sossego.

𑁍

Snape encarava os dois com suas feições rígidas. Ele lançou um feitiço protetivo ao redor da sala, para que ninguém entrasse ou ouvisse nada.

— Irão praticar Oclumência entre si hoje. - disse em um tom baixo - Já estão bons contra mim, mas não basta empunhar um escudo se não souber como funciona uma espada. Comecem.

Draco apenas olhou para Mattheo antes de murmurar o feitiço.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora