99 - Mansão Riddle, 1996

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Ela não aguentava mais. Tremia a cada vez que abriam a porta de sua sala para passarem a comida. Chorava todos os dias ao acordar, a exaustão corroendo seu corpo.

Ela era cortada todos os dias. Ele arrancava pedaços dela, para depois costurá-los de volta em seu corpo. Cortava toda sua pele, até que ela desmaiasse por fraqueza. Torturava ela com Cruciatus quando ficava entediado, e sorria quando o chicote - seu novo brinquedo - retirava sangue e carne do corpo dela, até que os ossos estivessem visíveis.

Voldemort não era só cruel. Ele era doente. Sádico.

E Mattheo precisava assistir tudo aquilo. Angel não conseguia pensar em como ele se sentia.

Ela não sabia que, quando perdia as forças e desmaiava, Mattheo quem ocupava seu lugar naquela mesa.

Voldemort gostava de ouvir o filho gritar ao quebrar os ossos das mãos do garoto. Ao queimar os calcanhares dele com o fogomaldito e fincar agulhas debaixo das unhas do menino. Torturar Angel era apenas para torturar seu filho.

Aquele garoto tinha ousado traí-lo. Agora, ele pagava o preço.

Normalmente, Voldemort não gostava da sujeira que as sessões de tortura causavam. Mas ao final do dia, quando observava as poças de sangue e pedaços de carne que aquelas crianças deixavam para trás...

Nunca teve tanta diversão na vida.

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Ela tremeu, embora tivesse lutado contra o medo que envolveu seu corpo, quando a porta da cela se abriu.

Angel congelou.

Mattheo estava ali, chorando e tremendo ao olhá-la naquela sujeira. Angel pulou, correndo até ele e o abraçando. — Ai meu deus... - ela soluõu, chorando no pescoço dele ao sentir o cheiro do garoto. Angel tremia, abraçando-o com força e chorando descontroladamente - Ai meu deus...

Mattheo chorou. Segurou na cintura dela, que estava tão mais magra, e afundou o rosto no ombro ossudo da garota, e chorou.

Mas ele não podia esperar mais. A culpa dançava em suas veias como um veneno. Ele se afastou, engolindo o soluço que se embolou na garganta, e encarou sua garota com uma feição culpada. Ela murchou.

— Não... - Angel sussurrou, andando para trás - Por favor Mattheo, não me leve para lá... - a voz era embriagada. Mattheo parou de tentar segurar o choro, caiu de joelhos e se quebrou. Angel estava sentada contra a parede mais distante, chorando desesperadamente - Por favor Mattheo, não me leve de volta para lá...

— Eu sinto muito, Angel... - ele chorou, cada sílaba envolta de puro sofrimento - Eu sinto muito mesmo. Falhei com você de todas as maneiras, e eu sinto tanto...

Há dias, ele vinha pensando se valia a pena; arriscar a vida para mandá-la para longe dali. Mas então, se lembrava de que o pai nunca a deixaria em paz, e ela correria ainda mais perigo do que já sofria. Naquela noite, seu pai havia mandado ele até ali, como mais uma parte do jogo doente que estava fazendo: dar esperança para ela, só para arrancar a felicidade pela raiz.

— Eu não consigo mais... Não consigo mais... - ela chorou - Ele. Não aguento mais ele...

Cada soluço da garota quebrava ainda mais Mattheo. Ele chorou. Estava tão, tão exausto...

— Bom, se você não me aguenta mais, querida, posso mudar a tática. - a voz odiosa soou atrás dele. Mattheo se retesou, cada célula em seu corpo se arrepiando de puro horror e ódio. Angel segurou o choro, aterrorizada demais para emitir algum som.

Voldemort sorriu, mesmo que estivessem no escuro e os adolescentes não conseguissem vê-lo. — Vou te dar duas opções, querida. A primeira, você deixará Mattheo trabalhar em você.

Mattheo ficou imóvel ao ouvir as palavras do pai. Não.

— A segunda, você quem trabalhará no Mattheo. Não sei se você sabe, mas ele ocupa seu espaço naquela mesa quando você perde a graça. Tsk, deplorável...

O estômago de Angel pesou. — Você é doente! - ela sibilou, enjoada.

A voz do Lord delatava seu sorriso. — Mattheo trabalhará em você, então. Acho que vai ser uma punição maior para meu querido filho. - disse e se afastou. A voz dele soou longe - Tragam os dois para a sala de reunião.

Mattheo teve tempo para encarar Angel uma última vez, culpa e desespero nos olhos dele. Mas os dela estavam suaves. Ela sabia que ele iria preferir ser torturado por ela que o contrário. Porém, ela sabia que assim que ela terminasse o trabalho, ele seria machucado de novo, dessa vez por seu pai.

Angel nunca permitiria que ele sofresse duas vezes.

Ela sorriu fraco para ele quando homens vestidos com capas pretas e máscaras pratas entraram na cela, arrastando-a para fora.

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Angel estava acorrentada, mas não tremia tanto quanto costumava. Não quando a pessoa que ela via era Mattheo, ao invés de Voldemort. O moreno chorava e tremia, seu pai assistia tudo sentado em uma cadeira.

O lábio inferior de Mattheo tremeu, as lágrimas escorrendo grossas pela bochecha. Angel desejou que os braços estivessem livres, para poder abraçá-lo.

— Comece. - Voldemort ordenou. Mattheo fechou os olhos e tremeu; se por ódio ou tristeza, Angel não sabia. Talvez os dois.

Ele olhou para ela mais uma vez, culpa inundando as pupilas dele, e sussurrou "desculpe", lutando contra a vontade de beija-la. Angel deixou uma lágrima escorrer.

— Tudo bem. - ela sussurrou em resposta. Ele ofegou, inspirando fundo.

— Agora, Mattheo. Ou irei matá-la. - Voldemort comandou, impaciente. Angel suspirou, fechando os olhos, e Mattheo engoliu o bolo na garganta.

— Crucio.

Angel gritou.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora