140 - Clã Nagasaki (Japão), 1997

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𑁍

O Clã Nagasaki possuía uma espécie de vila privada, onde todos moravam. Ali, haviam cinco casas principais. A casa do tio de Saori, Takeshi, que era o líder do clã, e sua família. A casa de infância da japonesa, pois Katsuo era o segundo herdeiro. A casa dos conselheiros, onde aconteciam as reuniões. A casa do monge, uma espécie de santuário onde as figuras religiosas ficavam, e por fim, a casa das festas. Grandes celebrações, como o nascimento de um bebê na família principal, festas de fim de ano, e feriados eram feitos ali. Assim como funerais... e casamentos.

O local estava organizado com centenas de cadeiras de madeira antiga e entalhada, um imenso tapete creme estendido até o altar e muitas, muitas flores.

Sakuras deixavam o salão rosa, com o cheiro adocicado e fresco. Alguns lírios e rosas brancas para equilibrar as cores, e velas pendendo do teto alto.

Micarlla andava para todos os lados, visivelmente estressada. Ela carregava uma prancheta que equilibrava um considerável bloco de folhas. Os empregados e até mesmo algumas pessoas da vila estavam ali, arrumando tudo.

Era o primeiro casamento em quatorze anos, desde que Tatsuya, primo de Saori e filho de Takeshi, havia se casado.

— Vamos! Eu preciso que esteja tudo perfeito! Como a Saori e as damas estão? Vá vê-las, já! - ela gritou em japonês para uma garota jovem, que se assustou e correu para fora da casa, quase escorregando pelas pedras que formavam o caminho por entre os pinheiros, até a mansão da família de Katsuo Nagasaki.

Estava silencioso. A garota passou pelos corredores, colocando o ouvido nas portas para saber onde Saori e as amigas estavam. Ela ouviu um ruído, e bateu levemente. A porta abriu, e o garoto mais lindo que ela já vira estava ali.

— Posso ajudar? - ele perguntou em inglês. A garota se atrapalhou, olhando para os lados e ficando nas pontas dos pés para checar o quarto atrás dele. Mais garotos absurdamente lindos olhavam para ela.

— D-Desculpa... Estou procurando a Saori... e as outras garotas. - ela corou um pouco, o sotaque fortíssimo ao falar.

— Elas estão no último quarto à direita. - um menino loiro respondeu, apontando para o fim do corredor. A garota fez uma mesura em agradecimento, murmurando mais uma vez suas desculpas e saiu em passos apressados até o fim do corredor.

Ela bateu na porta mais uma vez, e duas garotas impossivelmente estonteantes estavam ali. Uma loira e uma morena. — Sim? - a morena perguntou.

— O-Olá. Eu sou a H-Hana. É... - a garota pensou um pouco, traduzindo a frase para o inglês - A senhora... Micarlla, pediu para eu checar vocês. E a Saori. Ela está aí?

A garota loira sorriu fraco. — A Sa não está aqui, está no quarto dela. Mas antes de ir para lá, pode nos ajudar a amarrar esses negócios? - ela perguntou, erguendo o kimono de cetim em tom rosa claro - Nós não sabemos dar o laço.

Hana sorriu fraco, imediatamente gostando da garota. Ela pediu licença, entrando no cômodo e pegando os kimonos das damas nos braços.

— Vocês estão muito lindas. - ela falou baixinho.

— Obrigada! - a loira sorriu ainda mais - Aliás, eu sou a Angel. E essa é Pansy.

Pansy sorriu fraco, acenando com a cabeça em um cumprimento. Hana retribuiu o gesto, colocando os vestidos sobre a cama e alisando o tecido brilhoso. — Já terminaram a maquiagem?

— Sim. - foi Pansy quem respondeu, checando o rosto no espelho. Ela e Angel estavam um pouco mais pálidas que o costume, pois as maquiadoras pintaram-lhes no estilo asiático. O rosto rosado, os olhos de alguma forma maiores, as pálpebras pintadas em rosa e com muito brilho, os lábios rosados e brilhantes pelo gloss.

— Ótimo. Podem tirar os roupões? - Hana questionou, e ficou um pouco alarmada quando as garotas simplesmente se despiram, vestindo apenas com as roupas íntimas de renda branca. Elas não tinham vergonha nenhuma?

O choque cultural foi grande.

— Certo... - a garota falou, sorrindo fraco. Primeiro, foi até Angel, ajudando-a a passar os braços pelas longas mangas de cetim. Os kimonos de Angel e Pansy eram diferentes: o da loira possuía bordados em prata, com desenhos de flores delicadas e pássaros. O rosa era um pouco mais claro e a gola possuía detalhes de folhas.

O de Pansy, com um rosa um pouco mais escuro, bordados em cinza-escuro que davam um ar mais sombrio. Os desenhos variavam de flores, luas e estrelas, e a gola era marcante pelo corte baixo, dando acentuação para o cabelo channel da morena.

Hanna as ajudou a passar a faixa pela cintura; a de Angel tinha um tom acima do rosa de seu vestido, enquanto o de Pansy, um tom mais fraco. A japonesa fez o grande e delicado laço nas costas das garotas, com uma calma infinita, desfazendo-os e refazendo-os até que estivessem simetricamente perfeitos.

— Puta merda... - Pansy xingou, olhando para a loira e sorrindo - Alguém vai ter um presente do caralho para abrir essa noite.

Angel gargalhou. — Quer apostar quanto que a primeira coisa que Mattheo falar vai ser algo como "esse laço é para eu abrir, né?".

Pansy bufou uma risada, revirando os olhos. — Ele vai ficar se coçando a cerimônia inteira.

Hana apenas assistia as garotas, com um leve sorriso e tentando entender a maior parte do que diziam. Angel olhou para a garota e sorriu. — Obrigada. Você quebrou um galho para a gente.

A japonesa franziu as sobrancelhas. — Não quebrei galho nenhum.

Pansy riu. — É uma expressão. Deixa para lá.

A empregada sorriu fraco, apontando para a porta. — É melhor eu ir checar a Saori. Em meia hora vai começar a cerimônia.

Angel ficou imóvel, e Pansy parecia tensa. — Sim. Em meia hora. - a morena fez um gesto em concordância com a cabeça, e virou-se para Angel, ouvindo a porta se fechar atrás de si quando Hana saiu.

— Ela vai se casar.

Angel fez que sim com a cabeça. — Ela vai se casar.

— E nós vamos ser as madrinhas.

— E nós vamos ser as madrinhas. - a loira repetiu, piscando ao chacoalhar a cabeça - E ela nem fez dezoito ainda.

— O único que tem dezoito de nós é o Mattheo, né? - Pansy pensou, alisando a roupa distraidamente.

Angel pulou com a memória. — Puta merda! Sim! Como eu pude me esquecer?

Pansy franziu as sobrancelhas. — Angel, você estava n'A Toca ainda. Meio compreensível.

A loira se sentou em uma poltrona confortável em um tom de creme, em choque. — Eu me esqueci completamente.

— Não se sinta tão culpada. Ele mesmo pareceu esquecer. Acordou de mau humor naquele dia, e ignorou todos os parabéns que demos a ele. Então percebemos que ele não queria ser incomodado, aí a gente saiu.

Angel engoliu em seco. — Ele não gosta do aniversário.

— Por quê? - Pansy penteava o cabelo na frente do espelho de corpo inteiro que havia ali.

— Porque o pai dele... - ela respirou fundo - O pai dele o obrigou a participar de um massacre nesse dia.

Pansy derrubou a escova no chão pelo horror. — Ah.

— É.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora