134 - Mansão Nagasaki, 1997

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— Você me disse mais cedo que esses feitiços eram cruéis. - Angel disse ao entrar na sala de estar, onde Mattheo desenhava em frente à lareira. Uma espiada no caderno, e a loira soube que ele a pintava.

Mattheo ergueu o olhar do caderno, vendo o livro que os gêmeos haviam dado a Angel. — Sim.

— Então você os conhece?

Ele sorriu de canto. — Eu fui forçado a aprender cada feitiço aprovado no mundo bruxo e cada feitiço proibido dele. Então... sim, eu os conheço.

Angel se sentou ao lado do moreno, aconchegando-se contra ele e colocando o livro sobre suas coxas. — Pode me explicar o efeito de alguns daqui? As páginas estão rasgadas.

Ele bateu na própria coxa, indicando que a loira apoiasse o exemplar ali. Angel abriu o livro, colocando-o sobre a perna do moreno e virando as páginas até encontrar a que queria.

— Aqua-sanguinat? - ele franziu as sobrancelhas - Foi considerado um feitiço grotesco e proibido em 1913. A água presente no corpo da pessoa se transforma em sangue coagulado, entope as veias da vítima e faz ela inchar. De duas uma; ou a pessoa explode pela pressão, ou engasga com o sangue até a morte.

Angel tremeu com o arrepio que passou por suas costas. Mattheo voltou a página, para ver o outro feitiço que faltava um pedaço da folha.

Ele mordeu o interior da bochecha. — Ardenti-affectu. É um fogo que se alimenta dos sentimentos do bruxo que está empunhando a varinha. Se forem sentimentos fracos, não é nem um pouco perigoso. Mas se for algo intenso, o fogo se alastra por quilômetros e evapora qualquer coisa em seu caminho. Já aconteceram incêndios que duraram por anos por causa disso. Se eu não me engano, foi proibido em 1894.

Angel ficou em silêncio por um tempo, pensando. — Ele varia com os sentimentos do bruxo, certo? Então se ele quiser proteger algo, o fogo não queima?

Mattheo pareceu pensativo por um instante. — É de se presumir que sim. Mas é uma ideia muito arriscada de se pensar. Porque se o sentimento for de tristeza ou uma dor intensa, ninguém pararia para lembrar de que precisa proteger algo.

A loira concordou em silêncio. Mattheo beijou sua têmpora, fechando o livro. — Por que quer saber disso?

Ela suspirou. — A batalha bruxa vai acontecer.

Ele flexionou a mandíbula. — Eu sei.

— E nós somos peões importantes nela. - sussurrou, enroscando-se contra o braço dele e deitando a cabeça sobre seu ombro.

— O que quer dizer com isso?

— Quero lutar na batalha. - ela disse baixinho. Mattheo ficou rígido contra ela.

— O quê? Por quê?

— Quero fazer com que ele pague por cada coisa que nos fez passar. - ela olhou diretamente para os olhos dele, determinação brilhando nas orbes cor-de-mel - Essa vingança não é de Harry, embora ele pense que sim. Como ele, eu perdi nossos pais. Como ele, eu estou sendo caçada por causa do meu sobrenome. Mas não foi ele quem passou semanas sendo torturado, semanas ouvindo a pessoa que amava gritar, sem poder fazer nada. Fui eu. Você. Nós merecemos essa vingança, e eu vou tomar ela.

Mattheo inspirou fundo. Apesar do medo que se infiltrou em seu peito, ele sentia muito orgulho. Porque, merda... aquela garota é sua. E ela é foda pra cacete.

Ele sorriu fraco. — Você está certa, boneca. Nós merecemos essa vingança.

Ela sorriu como um gato, voltando a deitar a cabeça sobre o ombro dele. Mattheo beijou sua testa, deitando a própria cabeça sobre a dela e aproveitando o momento.

— Precisamos treinar. - ela disse após um tempo.

— Sim.

— Vou conversar com Saori. Temos que melhorar nossa condição física e mágica. Você poderia me ajudar com lições de feitiços? - perguntou erguendo o olhar para ele.

Mattheo sorriu perversamente. — Óbvio, princesa.

Angel devolveu o sorriso. — Vamos fazer tudo lindamente.

— Sempre.

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Na sala de jantar, o som ouvido era dos talheres batendo contra a porcelana, quando Angel declarou.

— Mattheo e eu lutaremos na batalha bruxa. 

Todos ficaram imóveis.

— O quê? Por quê? - Saori encarou a amiga com olhos arregalados e preocupação.

Angel bebeu um pouco d'água. — Porque nós merecemos uma vingança. E eu tenho o desejo de consegui-la.

Os amigos se encararam em uma dor silenciosa. — Se vocês irão, eu também irei. - Pansy afirmou após minutos de silêncio.

Angel negou com um gesto. — Não quero que vocês se arrisquem por nada.

— Ah, cala a boca, Potter. - Theodore disse com um sorriso - É nossa decisão. Eu também vou.

— Gente, é sério, não... - a loira tentou mais uma vez, mas foi interrompida.

— É óbvio que eu vou. - Saori revirou os olhos - Alguém precisa proteger essa desgovernada.

Angel fez uma careta, negando com a cabeça. — Saori, por favor, não quero que vocês...

— Eu vou. - Lorenzo declarou, limpando os lábios com um lenço branco.

— Gente...

— Eu também.

— E eu. - Blaise e Draco disseram respectivamente. Angel bufou, encolhendo-se na cadeira.

— Não quero que vocês se arrisquem lá. É algo de vida e morte. Voldemort vai estar pronto para nos matar assim que pisarmos no campo de batalha.

— E ele não vai se contentar com o Avada. Não com a gente. Nem com vocês. - Mattheo completou em uma voz sombria.

Mas Pansy deu de ombros. — Vocês são minha família. Eu não vou ver vocês morrendo e ficar sem fazer nada.

Um murmúrio de confirmação correu pela mesa. Angel sentiu os olhos se encherem de lágrimas pela declaração da amiga.

Família.

Ela fazia parte de uma família. E eles a amavam tanto que estavam dispostos a arriscarem a vida por ela.

Ela não era indesejada, afinal.

— Presumo que precisaremos treinar. - Saori comentou, bebendo um pouco da taça cheia de licor de frutas vermelhas - O bom é que fomos convidados por meu clã a nos apresentarmos perante meus pais.

— O quê? - Angel exclamou assustada. Saori encarou a amiga ao puxar de dentro do bolso da calça que vestia, uma carta em papel amarelado e aveludado.

A japonesa desdobrou a carta; pedaços da cera vermelha que havia selado o papel esfarelaram sobre a mesa com o movimento. A garota limpou a garganta com drama ao ler o conteúdo escrito.

— Querida Saori. Envio esta carta pois acabei de descobrir seu paradouro por meio de sua irmã - que fugiu do ataque ao casamento Wesley e veio para casa. Seu pai e eu gostaríamos que viesse para o Japão. Pode trazer seus amigos, sei que não virá sem eles. Mas, por favor, venha para casa. Será mais seguro. Assinado, sua mãe.

— Isso não parece muito com uma ordem. - Pansy franziu as sobrancelhas, comendo um pouco de pão.

— Ah, acredite em mim, Pan. Isso é definitivamente uma ordem. - Angel respondeu a amiga, vendo Saori acenar em confirmação.

— Ela não só me ordenou a visitá-la, como está exigindo que eu leve vocês. Quer julgar vocês e ver com seus próprios olhos, quem são meus amigos.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora