19 - Angel, 1994 (passado)

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Saori estava animadamente falando sobre suas férias, enquanto ela focava sua atenção no prato de comida à sua frente.

— ... e então, minha irmã abriu meu quarto, segurando uma carta, e adivinha?! Cedrico tinha escrito elas, depois de duas semanas sem me dar notícias...

Ela estava feliz pela amiga, de verdade. Mas odiava ficar escutando sobre o drama da japonesa com o lufano, pois os dois eram melosos demais. E, além de tudo, ela não confiava em Cedrico.

Ano passado, após ter sido acusada por Harry Potter e seus amigos de ter colocado o nome dele no Cálice, ficou ainda mais avessa à eles. Cedrico, que estava no torneio Tribuxo, quase venceu. Mas Harry chegou na Taça primeiro.

Esse ano, todos o encaravam do salão. Ele havia dito que a Taça era um portal, e que ele havia duelado com Voldemort em pessoa, mas é difícil acreditar quando ele não possui prova nenhuma. Voldemort... ela nunca pensou que ele tivesse morrido, de qualquer jeito.

Dumbledore falava, sendo interrompido a cada segundo por causa daquela mulher odiosa, Dolores Umbridge. No meio de seu discurso, porém, ela se atrapalhou com as próprias palavras, fazendo todos no salão rirem. Angel entendeu o que sua presença na escola significava. O ministério estaria sobre o controle de Hogwarts.

Dumbledore voltou a explicar as regras para as crianças do primeiro ano, quando as portas do salão se abriram, e possivelmente o garoto mais lindo que ela veria na vida entrou. Seu cabelo castanho-escuro, olhos de um castanho profundo, a mandíbula marcada. A pele dourada, e o corpo claramente musculoso por baixo do terno.

Merlin, ele era lindo.

Dumbledore pareceu surpreso em vê-lo ali. Mas logo sorriu, explicando — Ah, sim. Alunos, teremos um novo veterano se juntando à nós. E sei que é algo incomum um aluno se matricular no meio da grade escolar, porém fizemos uma excessão. Mattheo Riddle este ano se juntará à nós como uma parte de Hogwarts, na quinta série.

Ela sentiu que a sorte estava ao seu lado, se ele ficaria em sua turma. E quando o garoto pegou o chapéu nas mãos, sem nem mesmo vesti-lo, e o chapéu  gritou "Sonserina", ela se sentiu a pessoa mais sortuda do mundo.

Mas também, ela não deixou de reparar nos poucos sussurros que o nome dele, Mattheo Riddle, havia levantado. Quando Angel olhou para a mesa da Grifinória, Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley estavam encarando o aluno novo com uma expressão de terror. O que estava acontecendo?

Mattheo Riddle sentou-se ao lado de Draco Malfoy, conversando com o loiro como se eles fossem grandes amigos, o que fez Saori soltar um gemido de reprovação. — Tinha que ser.

Angel gargalhou, ainda observando o moreno do outro lado da mesa de sua casa.

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Três meses depois

Dolores era o diabo na terra. Quando ela descobriu o verdadeiro sobrenome de Angel, fez um estardalhaço tão grande, que foi necessário Dumbledore apagar sua memória para que ela não expusesse a menina para o perigo.

O ministério não podia saber.

Mas, ainda com a memória apagada, Umbridge parecia ter um alvo nas costas da garota. Mesmo ela sendo da Sonserina, a mulher implicava com ela, como se fosse da Grifinória. Claro, os Sonserinos estavam começando a se enfurecer com as atitudes da professora perante à Angel.

A garota se juntou à guarda inquisitorial, para ver se apaziguaria o santo de Umbridge, e realmente melhorou. Embora os olhares vindos do trio de ouro a incomodasse, ela sempre fazia de tudo para não acusar nenhum aluno.

Ela sabia o que acontecia lá.

Angel andava pelos corredores, procurando alguma atividade suspeita, quando reparou que os alunos saíam a todo momento, de uma porta que... desaparecia?

Ela ficou lá, encarando, quando encaixou as peças na mente ao ver o trio de ouro saindo de lá também. Ela foi até a parede, agora vazia, e se perguntou como poderia chamar a sala precisa. Já tinha ouvido falar sobre ela como uma lenda, tipo a câmara secreta. Mas nunca realmente havia saído em busca de mais informações. Angel sentou-se no chão, encarando a parede, mas nada aconteceu por bons dez minutos. Que merda, eu queria poder entrar ali de vez em quando, ela pensou.

E com um estalo, a porta apareceu.

Tá de brincadeira! - riu internamente - fácil assim? A garota entrou na sala, vendo uma estufa de damas-da-noite enorme ali dentro. Seu fôlego ficou preso, ela observava tudo.

As flores cresciam lindamente dos vasos e lotes, o cheiro familiar acalmando a mente sempre turbulenta da menina. Ela se sentiu em casa, pela primeira vez.

Nas semanas seguintes, ela sempre sumia, indo para a sala precisa e apenas cuidando de suas flores. Mas as pessoas, principalmente Umbridge, começaram a reparar em seus sumiços, ficando cada vez mais e mais difícil para ela um pouco de tempo.

Até o dia em que Harry Potter foi exposto. Ela estava lá. Tinha acabado de entrar na sala precisa quando reparou que não era a sua sala precisa. Haviam lufanos, corvinos e grifinórios treinando defesa contra artes das trevas na prática, e saber que eles planejaram isso e não a incluíram, deixou-a muito abalada. Pior, saber que sua casa toda foi deixada de fora.

Todos estavam sofrendo com a falta de recursos das aulas de Umbridge. Foi muito egoísmo da parte deles. Existem sim, pensou ela, Sonserinos que adorariam estar aqui.

Mas então, a sala precisa foi arrombada e, enquanto todos fugiam ou eram pegos, Hermione a viu. O ódio cintilando nos olhos da Grifinória, a realização, a suposição de traição, que mais uma vez estava errada. A realização por parte de Angel, que percebeu naquele dia que independente do que ela fizesse, eles nunca confiariam nela.

Na semana seguinte, Angel pediu a chave de uma estufa para a professora Sprout.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora