11 - Mattheo, 1994 (passado)

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O expresso estava partindo. Todos os alunos estão acostumados com isso, fazendo amigos e se juntando em grupos nas cabines.

Ele nunca havia presenciado tanta felicidade agrupada em um lugar só.

A cabine que escolheu é uma das últimas do trem. Está vazia, e as cabines vizinhas também não estão uma bagunça como o meio do trem. Sua mala estava sobre o banco. O horizonte estava embaçado pelo movimento do trem, e ele apoiava a cabeça na janela fria, os pensamentos inundando sua cabeça.

Por que recebi uma carta para Hogwarts? Dumbledore certamente sabe quem eu sou. Por que meu pai me obrigou a vir? Ele está planejando algo, com certeza.

Por que agora? Pelo menos, não vou mais precisar matar alguém a cada semana.

Sem torturas por cada erro.

A porta da cabine se abriu, um garoto que parecia ter sua idade entra. Seu cabelo é de um tom tão claro de loiro que parece branco. — Oi. Eu sou o Malfoy. Draco Malfoy.

Ele reconheceu o sobrenome do garoto loiro, mas não se moveu. Continuou com o rosto apoiado na mão, entediado.

— Eu... - o menino limpa a garganta - Quero te ajudar a se adaptar aqui. E conseguir aliados. Porque...

— Não preciso de amigos. - ele o interrompe, falando pela primeira vez em... dias.

Draco pisca, aturdido. — Não... não precisamos ser amigos. Mas você precisa de aliados aqui, e sabe disso.

— E o que você pode me oferecer? - ele perguntou, fazendo um gesto para que o loiro se sentasse. O menino parece ter visto isso como algo bom, pois agora um pequeno sorriso brincava em seus lábios.

— Por eu ser de uma família pura, e ainda da Sonserina, tenho um nome muito respeitado em Hogwarts. Fiz muitas alianças com a nossa casa, como Zabini, Crabbe, Goyle, Berkshire e Nott. Acredite em mim quando eu digo que, uma vez influente entre os alunos, influente entre os professores.

Ele está com sono. — Fodam-se os professores. - responde para o loiro, que sorri ainda mais.

— Sim. Quando estiver anoitecendo, é melhor trocar as vestes por roupas bruxas. Bem vindo à Hogwarts, Riddle.

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Foi um grande drama quando Mattheo entrou no grande salão, interrompendo o discurso de Dumbledore. Isso marcou sua influência logo no primeiro dia.

Ele reparou em como o diretor ficou surpreso por vê-lo lá.

Enquanto ele andava pelo salão, mantendo o olhar para a frente e sentindo a atenção de todos sobre si, ele se sentiu livre para fazer o que quisesse. Ter a influência que quisesse.

Aqui, eu posso escolher fazer o que quiser, e não vou ser punido por isso. Ou, pelo menos, a punição não vai doer tanto.

Quando Dumbledore o apresentou para a escola, "... e, sei que é algo incomum, um aluno se matricular no meio da grade escolar, porém, fizemos uma excessão. Mattheo Riddle, este ano, se juntará à nós como uma parte de Hogwarts...", os sussurros de alguns alunos em relação à seu sobrenome o deixou satisfeito. Ele soube naquele momento que, pela primeira vez na vida, realmente tinha poder sobre algo.

Liberdade.

Ele não precisou colocar o chapéu na cabeça. Quando ofereceram-lhe o retalho de pano, ele segurou-o na mão e imediatamente o chapéu gritou "Sonserina!".

Sentou-se ao lado de Draco, que apresentou-lhe seus amigos. Em menos de dois meses, ele já tinha uma influência enorme dentro de sua casa. A brincadeira de rei fazia com ele ele entendesse, ao menos um pouco, o porquê de seu pai gostar tanto assim do poder.

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1995 - um ano depois

Ele estava odiando essa vida de estudante.

Precisar subir e descer as escadas - malditas escadas - as trocas de salas, as mil e uma lições e tarefas que os professores passavam... era um inferno.

Embora ele fosse perfeito em todas as matérias (pois seu pai sempre fez questão de que ele fosse o melhor em absolutamente tudo), as lições tomavam tempo. Ele nunca precisou checar os livros, pois sabe sobre tudo que está aprendendo de cabo à rabo, mas é o tempo que o estressa.

Cinco horas fazendo três trabalhos diferentes. Duas semanas atoladas de leituras, e não de livros que ele gostasse, pois, embora já tenha lido absolutamente todos os livros pedidos na grade do quinto ano quando tinha apenas doze anos de idade, não era o suficiente. Era preciso saber o maldito capítulo em que tal informação estava escrita.

Draco aparece ao seu lado, com Lorenzo Berkshire atrás de si. — Riddle. - o loiro o cumprimenta. Mattheo faz um gesto, respondendo-o de volta, e Lorenzo repete o ato.

— Vocês fizeram o relatório de DCAT? - Nott aparece da puta que pariu, apoiando o braço sobre os ombros de Berkshire.

— Que relatório? - agora quem aparece do nada é Zabini, comendo uma bala de alcaçuz comprida.

— Sobre bichos-papões. - Berkshire é quem responde - Para amanhã.

Blaise solta um palavrão, saindo correndo da comunal. Malfoy gargalha, seguindo o moreno com o olhar. Crabbe e Goyle descem as escadas, comendo grandes barras de chocolate. — Oi gente. - é Crabbe quem diz.

Mattheo os ignora, deitando a cabeça na poltrona. Um som de isqueiro e o cheiro de pólvora atinge seu nariz, e ele vê Theodore tragando um cigarro.

— Por que você fuma? - Goyle pergunta, sua voz esquisita por estar mastigando. Nott dá de ombros. — Meu pai odiava cigarros. Minha mãe era fumante, e ele a matou quando teve a chance. Eu queria ter algo para ser rebelde quando ele foi para Azkaban.

Mattheo encara o cigarro entre os dedos de Theodore, a fumaça subindo pelo ar e a ponta brilhando com o fogo. O cheiro da nicotina deixava-o enjoado, mas ao mesmo tempo...

Ele estendeu a mão para Nott, que entendeu o recado. Ele entrega então o maço que estava em seu bolso para o Riddle, que pega um cigarro de dentro, usando a varinha com um feitiço simples para acendê-lo. Ele não pensa duas vezes antes de levar até a boca.

Sugou a fumaça, que bateu em sua garganta e quase saiu pelo nariz. Ele segurou a onda de tosse que o atingiu, forçando-se a engolir a sensação e lentamente expelir o ar. Respirou fundo duas vezes antes de levar o cigarro novamente à boca, tragando mais uma vez. Seus amigos, se podemos chamar assim, voltaram a conversar, mas ele sentiu o olhar de Nott sobre si. Theodore sorria como um parceiro, como alguém que o entendia.

Nott teve seu motivo para a rebeldia. Ele teve sua ânsia pelo controle de algo em sua vida.

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Duas semanas depois

Agora, quando a fumaça batia em sua garganta, ela se dissolvia como algo sensível e delicado.

Ele está fumando praticamente todos os dias, embora saiba que não faz bem. Virou um hábito, em tão pouco tempo. Ele acreditava que a necessidade de ter o controle em algo sobre sua vida, fez com que se adaptasse mais rápido.

Sente dores de cabeça quando se estressa, e fumar ajuda. Quando acorda no meio da noite, suando por culpa de um pesadelo, fumar o ajuda a se acalmar.

Respirar o acalma, e a nicotina só melhora tudo.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora