44 - Saori, 1994 (passado)

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Angel falava sobre o novo aluno, Mattheo Riddle, todos os dias. E Saori já estava entediada daquele assunto.

Como ele era lindo. Como ele sempre sabia todas as respostas das aulas. Como Dolores, aquela vaca, nunca o contrariava; isso, na verdade, era algo a se admirar. A vaca rosa parecia venerar o garoto.

A amiga loira estava fazendo abdominais, a pedido da japonesa, enquanto continuava falando. — ...e, sério Sa! Quando ele deu aquele soco no grifinório, com a camisa aberta por causa do puxão que o garoto tinha dado... eu juro. Quase desmaiei com aquele tanquinho. - os olhos dela brilhavam.

Saori bufou uma risada, olhando para o relógio de pulso. Quase seis. — Tá bom, chega por hoje, Angel. Está quase na hora, preciso ir me arrumar.

A loira se levantou, sorrindo. Limpou a grama que havia grudado em seu casaco e seguiu a japonesa pelo campo; costumavam treinar perto da Floresta Proibida sempre que podiam. O ambiente aberto e arejado, percebeu Saori um tempo depois que iniciaram as aulas, acalmava ainda mais a ansiedade da amiga loira.

Elas voltaram para o castelo, pegando um atalho para a comunal. Uma vez no dormitório, Saori foi direto para o banheiro que havia na suíte, e Angel ficou no quarto, arrumando as roupas que a amiga usaria.

Hoje, Saori e Cedrico completavam dois anos de namoro. Após o primeiro beijo deles, foram se aproximando cada vez mais. Até que ele pediu Saori em namoro, três meses depois. Com um ano e meio, eles tiveram a primeira vez, e a japonesa finalmente estava sentindo amor por ele.

Ela voltou minutos depois, com os cabelos pingando sobre seus ombros. Enquanto se vestia, Angel arrumava as maquiagens que usaria na amiga. Saori penteou os cabelos molhados, observando sua imagem no espelho. Bufou ao ver indícios de uma espinha nascendo em seu queixo. — Vai descer para mim amanhã. Ou depois de amanhã.

Angel olhou para a pele da amiga. — Tudo bem. Consigo cobrir isso com maquiagem. Aliás, você não está adiantada? A minha só vem semana que vem.

Elas tinham os ciclos quase idênticos devido ao convívio. Saori deu de ombros. — Não sei. Vai ver você atrasou, vai dar um mês certinho para mim.

Angel pareceu pensar por alguns momentos, passando a secar o cabelo da amiga com uma toalha. — É, pode ser.

Quando a ansiedade de Angel atacava, sempre aconteciam imprevistos assim.

A loira limpou a pele da amiga, e passou a aplicar os produtos, fazendo um delineado leve, batom, blush, rímel e iluminador. Uma sombra simples e por fim, a pele.

Quando a maquiagem de Saori estava completa, Angel passou a arrumar o cabelo nanquim da amiga. Trançando-os em um coque despojado e diferente, com tranças e alguns grampos e pentes de pérolas negras.

Ela estava linda.

Cedrico havia conseguido a autorização de Dumbledore para visitarem Hogsmeade naquele dia. Só os dois. Ele levaria a japonesa para jantar em um restaurante de lá, e depois passeariam pelos jardins de Hogwarts. Pelo menos, era o que a amiga tinha lhe contado.

Angel não era muito próxima de Cedrico e, embora ele parecesse um bom garoto, não parecia ser... certo para Saori. Ela não expressava essa opinião em voz alta, claro.

Saori usava um vestido de mangas longas preto, que delineava suas curvas. Ele tinha uma saia solta, a cintura marcada por um laço de cetim. Ela usava um salto alto de cetim preto, com o fecho detalhado em pedras negras.

Estava realmente bonita.

Saori sorriu, olhando para o relógio antes de se despedir da amiga, e sair pela comunal, encontrando Cedrico na entrada. Mas ele não estava sozinho.

Draco Malfoy ria com escárnio, olhando para o Diggory, seus amigos, Crabbe e Goyle gargalhavam ao redor do loiro. O sangue de Saori borbulhou de ódio, queria estourar a cabeça do Malfoy contra a parede. O que ele estava fazendo ali, afinal?

Ela se aproximou lentamente, e percebeu que Cedrico havia visto ela ali. Ele inspirou fundo, fechando o punho para se acalmar. — Tchau, Malfoy. - disse com ódio e saiu pelo corredor. Saori esperou alguns minutos, até que Malfoy estivesse conversando normalmente com os amigos, percebendo que ele não a havia notado ali.

Ela saiu com postura, sabendo que ele não relacionaria seu namorado consigo, para mais dores de cabeça, e seguiu por onde Cedrico tinha partido. Andou um pouco até que mãos envolvessem sua cintura e a abraçasse, fazendo-a rir.

— Você está linda hoje, Nagasaki. - ele disse, beijando-a.

— Obrigada, Ced. - respondeu sobre os lábios do garoto.

𑁍

Eles haviam jantado, dançado em um bar, beijado-se em um beco escuro e agora corriam de volta para Hogwarts, os saltos de Saori em suas mãos para andar melhor.

Ele a levou até o lago, onde encostou-a contra uma árvore, beijando-a até que estivesse tarde demais para ser considerado apropriado. Riram ao tentarem se esgueirar pelos corredores mortalmente silenciosos de Hogwarts, e quase sendo pegos por um monitor. Ele se despediu dela com um beijo, e ela voltou sorridente para o quarto, onde Angel já dormia.

Tudo estava tão feliz naquela noite.

Mas no dia seguinte, nem tanto. A magia do segundo aniversário passou, dando espaço à preocupação de estudar feito escrava para as provas iminentes.

O humor de Saori havia mudado completamente. Não conseguia conversar direito com Angel, embora a amiga aceitasse cada ofensa proferida nos treinos de artes marciais. A loira sabia que a validação acadêmica era para Saori o mesmo que tentar ser perfeita era para ela.

Saori estava com um humor de merda, para dizer o mínimo.

Ela se empanturrou no jantar, para se empanturrar de livros e mais livros após a refeição. Cedrico até tentara conversar com ela, mas preferiu se afastar ao perceber a vibe da garota.

Ele não tentava e nem queria fazer amizade com Angel, que parecia uma mimadinha Sonserina a seus olhos. Assim como a loira não fazia muita questão de se enturmar com o moreno e seus amigos heróis.

Cada vez mais, o relacionamento de Cedrico e Saori balançava, somente algumas semanas após o aniversário deles. Ela dizia que ele precisava entender, que as provas eram importantes para ela. Ele dizia que entendia, mas ficava emburrado quando ela prestava mais atenção em um livro que nele.

Foi aí que ele passou a desabafar os problemas com Cho Chang.

𑁍

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora