93 - Hogwarts, 1996

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Eles pararam de correr quando uma explosão tremeu as paredes de pedra da passagem. Foi tão alta e intensa, que fez Draco e Saori acordarem em um susto. A japonesa parecia ter acabado de correr uma maratona, desperta e atenta. — O que está acontecendo?

Zabini ajudou Draco, que ainda estava meio cambaleante, a ficar de pé. — Voldemort está atacando a escola. Estamos fugindo.

— Onde está Angel? E Mattheo? - ela se desesperou, olhando ao redor, buscando os amigos que não viriam.

— Eles foram salvar os reféns. - Pansy falou baixo e a atenção de todos foi para ela.

— O quê? - Zabini sussurrou, pânico invadindo ele.

Pansy deixou duas lágrimas escorrerem. Os lábios dela tremeram e ela mordeu o inferior com força. A garota inspirou fundo, as unhas se enterrando nas alças da mochila. — Angel não ficou para trás para buscar as coisas. Eles vão salvar os reféns. Vão se entregar.

— Não... - a voz de Theodore falhou. A expressão de Zabini se tornou odiosa. — Você sabia?

A morena engoliu em seco, o olhar se desviando para o chão. — Ela me pediu que fugíssemos. Que sobrevivessemos para salvá-los mais tarde.

— Você sabia?! - ele aumentou o tom de voz, a raiva começando a borbulhar nele. O moreno se aproximou dela, o ódio cegando seus olhos. Mas Draco entrou na frente do garoto, agora totalmente acordado. - Saia, Malfoy.

— Não. - ele respondeu firme. O olhar de Zabini saiu de Pansy para o loiro; ele expôs os dentes. — Saia.

— Chega. - Saori ordenou, todos olhando para ela agora. Blaise afastou a mão que havia levado até o peito de Draco, fechando-a em um punho na lateral de seu corpo. Saori olhou para o corredor, como se esperasse que Angel e Mattheo aparecessem ali. - Agora não é hora para isso. Se ela voltou para lá, nós iremos voltar também. Então engulam a porra da raiva de vocês para um momento melhor. - um olhar para Blaise, que desviou o rosto. Ela encarou os amigos, a calma fria assustando a todos - Deixem qualquer peso desnecessário aqui. - e saiu andando pelo corredor, de volta para o castelo.

Lorenzo assobiou. — Caralho, Draco. Essa garota é...

— Eu sei. - ele grunhiu, ciúmes inundando seu corpo ao apressar o passo e seguir a japonesa.

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Voldemort sorria para eles. Nagini estava ao lado do homem, rastejando em círculos. Mattheo não se movia, sequer respirava. Angel engoliu em seco.

— Não sabe como fiquei decepcionado quando descobri que você vinha se relacionando com Angel Potter... e não se importou em me contar. - a voz odiosa daquele homem fez Mattheo se arrepiar. Medo envolveu seu corpo como nunca antes e ele apertou a garota contra si. Voldemort ficou sério. - Venha até mim, meu filho. Ou matarei a menina.

Angel tremeu abaixo de si, e ele não respirava. O mundo ficou silencioso ao vê-la ali, se enroscando contra ele, com medo no olhar. Mattheo encarou o pai mais uma vez, calculando suas chances de salvar a garota.

Voldemort sorriu como uma cobra quando viu a luz de esperança se apagar no olhar do filho. Ele não tinha chances, e sabia disso. Mattheo se levantou, puxando Angel para cima e deixando-a de pé. Voldemort os encontraria se ele aparatasse; o pai conhecia sua magia. Não eram poderosos o suficiente para irem em um duelo, não com Voldemort estando no auge do poder.

Angel apertou a mão de Mattheo. Ela já sabia o que aconteceria. Eles não tinham chance alguma.

Mattheo olhou para ela, a paz que sempre tinha ao encarar as orbes cor-de-mel era triste. Ele queria ter mais tempo. Queria poder salvá-la. Queria poder ter explorado aquele sentimento lindo que nascia em seu peito, queria poder dizer que amava ela com todas as forças e sem medo.

Mas ele tinha tanto medo.

Angel apertou os dedos dele, um pequeno conforto, e correu.

Mas não para longe. Não, para seu pai.

Mattheo gritou. Correu o mais rápido que pôde, mas não foi rápido o suficiente.

A loira parou há um metro do Lord das Trevas. Ela tremia, o coração pulava e o medo escorria por cada poro dela. — Se eu me entregar, você vai soltar aquelas crianças?

O Lord olhou para a garota, avaliando-a. Ele sorriu fraco. — Sim.

Angel engoliu em seco. — Tudo bem. Eu já vou morrer de qualquer forma. - brincou, rindo fraco. Mattheo estava atrás dela, apenas alguns centímetros separando-os.

Voldemort olhou para o filho, e Mattheo soube que, o que quer que acontecesse dali para frente, não envolveria mortes. O pai estendeu a mão para o filho, que relutantemente aceitou. Nagini se aproximou de Angel, que tremia cada vez mais e tentava afastar o pânico, e encostou as escamas frias na perna da garota. Ela reprimiu um grito.

E, com um clarão de luz, os quatro desapareceram.

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Saori viu Angel, Mattheo, Voldemort e a cobra. Saori correu ainda mais rápido, os músculos da perna queimavam pelo esforço. Ela gritou, tão perto dos amigos que podia sentir o cheiro deles. E quando Voldemort a viu, ele sorriu vitorioso e eles sumiram.

Saori caiu no chão. Os joelhos dela se cortaram sobre os escombos que um dia foram um salão lindo. Os outros chegaram logo depois. Eles observaram Saori. Ela encarava a abertura da parede e lágrimas escorriam da bochecha.

Saori gritou.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora