40 - Saori, 1992 (passado)

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Angel estava deitada no chão, suando feito um porco, e tentando acalmar a respiração. Ela olhou para a japonesa, que tinha as bochechas vermelhas mas, com certeza, não estava tão corada quanto a loira. — Vamos, Angel. - a amiga ralhou, engolindo um pouco de água - Levante-se.

— Você. - disse a loira entredentes ao se sentar, mantendo o peso apoiado nas mãos atrás do corpo - Você é uma coisinha ingrata e cruel, Saori. Ah, é sim. Eu te dei uma desculpa para flertar com o lufano, e você me retribui assim? Que tipo de amiga faz isso? Vadia desalmada.

A japonesa sorriu de canto cruelmente. — Levanta essa bunda do chão, Angel Potter, ou eu te ponho de pé pelos cabelos.

A loira soltou um gemido sôfrego, levantando-se. Saori não estava pegando leve no treino, dois dias depois de terem ido à Hogsmeade. A lateral do corpo de Angel estava arroxeada pelos ataques do florete da amiga, seus joelhos tremiam e os dedos de suas mãos não se fechavam completamente. — Infeliz. - murmurou a loira para a amiga, que estralou o pescoço e se posicionou para que recomeçassem o treino.

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Saori trançava os cabelos na penteadeira do quarto quando Angel saiu do banheiro, com uma toalha ao redor do corpo e uma para os cabelos, retirando-a em seguida. Passou a pentear os cachos úmidos, em silêncio.

— Já se encontrou com ele? O lufano?

Saori amarrava as pontas com uma fita de cetim. — Não. Ainda não.

— Quer se encontrar com ele? - os olhos da loira se encontraram com o da japonesa, que deu de ombros. — Sei lá. Gostei dessa ideia de sentir atração por alguém, acho.

A loira riu, indo até o baú no pé de sua cama e pegando uma muda de roupas. — Bom, deixa rolar então, né?

Saori revirou os olhos, rindo. — Você ainda é um neném, Angel. Não deveria falar coisas assim.

A loira jogou um elástico de cabelo na amiga. — Você só é um ano mais velha que eu, e está flertando com ele. Deixa eu opinar.

Ela voltou para perto da amiga, que estudou-a. Seu corpo começava a mudar, as curvas começavam a aparecer e de garota Angel não tinha mais nenhum traço. Estava se tornando uma mulher, e nem passado pela adolescência tinha ainda. O peito da japonesa se contraiu ao pensar em como a amiga já era madura para a idade. Em como ela sofria.

— Vou ir roubar comida da cozinha. Quer que eu traga algo para você? - ela perguntou para Saori, que negou com um gesto.

— Não, vou dar uma passada na biblioteca. Preciso de um livro.

A loira assentiu, saindo do quarto com um 'tchauzinho'.

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Ele estava lá. E sorria para ela.

Não é como se tivesse mentido para Angel sobre ir à biblioteca. Mas não contou toda a verdade. No café da manhã daquele dia, um bilhete foi entregue à Saori quando a amiga ainda não havia descido. 'Encontre-me na biblioteca hoje, às 16. C.D.'

Ela não sabia o porquê de ter escondido essa informação da amiga, mas parte dela sabia que, se fosse uma brincadeira idiota, ela não queria se envergonhar por ter criado expectativas demais. Então... decidiu manter isso para si.

Mas ele estava lá, e ela meio que estava se sentindo mal por não ter dito nada para Angel, para que pudessem ter surtinhos e ilusões. Às vezes, Saori se ressentia por ser tão... fechada.

— Oi Nagasaki. - ele cumprimentou-a, puxando a cadeira para que se sentasse. Ela aceitou o gesto, olhando para os livros dispostos pela mesa. Cedrico sentou-se ao lado dela, e passou a observá-la.

— O que? - perguntou alguns minutos depois ao perceber que ele ainda não tinha desviado o olhar. Ele pegou sua trança, brincando com a fita de cetim que a mantinha presa. Ficou tanto tempo em silêncio que ela pensou que ele não responderia, mas enfim disse: — Você está bonita hoje.

Seu estômago deu cambalhotas e ela sentiu as bochechas se encherem de calor, corando. — Obrigada.

Cedrico sorriu para ela, desviando o olhar para suas mãos, enquanto Saori brincava com os anéis dos dedos. — Por que tantos anéis? - perguntou, e ela sorriu de leve.

— Já me perguntou isso. Em Hogsmeade.

Ele deu de ombros, sorrindo cafajeste. — Você não me respondeu.

Ela voltou o olhar para as mãos, dando de ombros como ele. — Gosto deles.

Eles ficaram em silêncio por tempo o suficiente para que Saori se entediasse. Iria dizer algo, mas ele disse primeiro. — Vamos para fora?

Ela se voltou para ele, confusa. — Do castelo?

Ele assentiu, sorrindo. — Mas deve estar congelando lá fora. - reclamou a japonesa, fazendo-o revirar os olhos.

— Vamos, Nagasaki. - disse, levantando-se e puxando as mãos dela para que o seguisse. Ela riu, tentado acompanhar os passos do garoto enquanto corriam pelos corredores de Hogwarts.

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— Como eu disse, está congelando. - bufou ela, fazendo-o revirar os olhos.

— Pare de ser pessimista. - ralhou. Eles haviam se sentado abaixo de um salgueiro que ficava perto do lago. Os jardins estavam quase vazios pelo clima gélido. Saori assoprava as mãos, tentando aquecê-las, quando ele as puxou, esfregando-as uma contra a outra entre suas palmas.

Ele sorriu, soltando seus pulsos. Ambos se encararam, ela adorando essa sensação de paixonite adolescente. Ele se aproximou, olhando para ela com uma intensidade que ninguém nunca havia feito. — Saori. - a voz dele era baixa, e ela mal conseguiu ouvi-lo sobre sua pulsação, que ecoava em seus ouvidos.

— Sim. - ela sussurrou, e nem sabia o que aceitava. Cedrico se aproximou ainda mais, o calor dele envolvendo-a do vento leve de outubro.

E, finalmente, ela deu seu primeiro beijo.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora