108 - A Toca, 1997

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Angel não prestava atenção nas palavras do livro. Tudo o que pensava era no cheiro que havia subido pelas escadas, vindo lá do primeiro andar.

Eles estavam testando as flores para o casamento.

Trouxeram rosas.

Fred havia conseguido escapar das tarefas por alguns minutos, e trouxe consigo um buquê com várias flores de cores e tamanhos diferentes. Ela o agradeceu com um sorriso - os gêmeos realmente estavam tentando de tudo para não deixá-la tão depressiva.

Assim que o ruivo saiu, ela tirou a única rosa branca que havia no monte, segurando-a forte contra o nariz e inspirando fundo.

O coração apertou de saudades.

Ela sentia tanta falta dele...

Do cheiro, dos raros sorrisos, dos toques leves e dos profundos. Da voz, dos beijos, do sarcasmo e do carinho.

Ela mordeu o lábio para não chorar. Foi até a janela, observando o gramado baixo do jardim. O vidro estava aberto, permitindo uma leve brisa entrar.

Harry Potter, Hermione Granger, Ronald e Gina Weasley, estavam no gramado, expulsando os gnomos de jardim. Era engraçadinho de assistir; as criaturinhas fugiam desordenadamente e se reagrupavam em uma fila indiana, com as cabeças baixas e irritadinhos.

Angel girou o caule da flor entre o dedo indicador e polegar, desejando ter a varinha para poder fugir dali. Seu irmão não havia voltado a visitá-la desde o primeiro dia.

Ela encarou Harry com nada mais que ódio.

Ele estava a mantendo como prisioneira. Ele havia proibido ela de ao menos sair do quarto, mesmo sabendo que ela foi mantida em cativeiro por mais de um mês.

E mesmo assim, ele era egoísta o suficiente para não se importar.

Angel suspirou, saindo de perto da janela.

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Mattheo estava congelado no lugar. Havia encontrado facilmente A Toca, e havia andado pelos limites da propriedade até ver, por meio de uma falha na cerca de madeira, Harry Potter e os babacas que aquele filho da puta chama de amigos, no jardim.

Ele precisou conter o impulso de matar Potter. Queria acabar com aquele merda, e essa morte não o assombraria.

Mas então, todos os pensamentos assassinos saíram de sua mente como um sopro, quando ele ergueu o olhar e a viu ali.

O coração dele parou por alguns segundos. Ele respirou fracamente e perdeu a força do corpo.

Angel estava no último andar daquele casebre capenga. Ela observava pela janela, mas estava distante demais para que ele a enxergasse com clareza.

Porém... ela estava ali.

O mundo sumiu ao redor dele, e tudo que restou foi a visão fraca de Angel por aquela janela minúscula.

Mas ela se virou, saindo da visão dele rápido demais.

Ele precisou piscar algumas vezes, implorando para que ela continuasse ali. Mas não, ela já havia saído.

Ele tremia. Levou a mão à boca, pasmo enquanto sentia o corpo inteiro vibrar. Ela está viva, ela está viva, ela está viva...

Mattheo quase não ouviu.

— Em uma semana e vamos finalmente estar livres da bosta dessa encheção de saco! - Ronald Weasley foi quem disse. Mattheo ficou quieto, mal respirando, a fim de escutar melhor.

— Rony, é o casamento de seu irmão. Fique um pouco mais feliz por ele. - Hermione brigou, revirando os olhos.

— Harry, você planeja deixar ela sair do quarto? - o ruivo falou com o amigo em um tom baixo. Mas eles estavam perto o suficiente da grade para que Mattheo os ouvisse.

Ele entendeu imediatamente, fechando o punho com ódio. Eles estavam mantendo Angel presa. O sangue do moreno borbulhou.

— Não sei. - Potter respondeu, revirando os olhos - Ela provavelmente vai tentar atrair atenção para si e estragar a festa toda. Não acho que valha a pena.

— Mas Harry... - Hermione tentou argumentar, porém o moreno estava irredutível.

— Não é não, Mione. Ela já nos ferrou antes, não preciso que nos ferre de novo.

E assim, eles se afastaram.

Mattheo observou as costas de Harry Potter como se um alvo estivesse grudado ali.

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— Boas notícias loirinha, é que trouxemos chocolate. - George disse como cumprimento ao entrarem no quarto. Angel se virou para os gêmeos; estava esperando a banheira que havia no quarto encher para poder tomar banho.

— E as más? - ela perguntou, virando um pouco de óleo com cheiro de lavanda na água.

Fred murmurou algo, parecia chateado. — Harry não vai deixar você participar do casamento.

Angel suspirou. Já esperava por aquilo. — Não imaginei que ele me deixaria roubar o momento dele, de qualquer forma.

— Mas isso não é justo, Angel! - Fred exasperou, deixando a tigela com bombons que havia levado sobre a cama.

— A vida é sua e ele está controlando ela como se você fosse uma boneca. - George murmurou, um pouco irritado.

Angel bufou. — Sempre foi assim.

— O que quer dizer? - algum dos gêmeos perguntou, mas ela não viu quem foi. Estava de costas para eles, escolhendo o sabonete que usaria.

— Nada. - ela não queria voltar para o passado.

Ouviu murmúrios atrás de si, mas não deu muita atenção. Fechou a torneira quando a banheira ficou completamente cheia, e voltou-se para os gêmeos. — Podem...?

— Certo. - Fred disse, indo até a porta. George a encarou por um tempo, olhou para o irmão e voltou a olhar para ela.

— O que?

— Nos espere acordada às duas e meia. - disse e saiu.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora